Celular
Celulares são pecinhas
Que alteram os costumes
Uns são pedras diamantes
E outros são pedras-pumes
São facas que não tem cabos
E que possuem dois gumes
Celular que mata tudo
Não é uma história cômica
Matou a nossa saúde
De maneira astronômica
Matou a nossa visão
Bem pior que a bomba atômica
Matou a televisão
E também computador
Atropelou a coluna
Nos dando bastante dor
Arruinou as famílias
Porque plantou desamor
Matou o cartão do banco
O calendário, as carteiras
Relógio, fotografias
E outras coisas corriqueiras
Quebrou até os espelhos
Que a gente via as olheiras
Celular dispensou livro
Com seu astuto assédio
Sequestrou a diversão
Querendo matar o tédio
Encarcerou a consulta
Dando a bula do remédio
Aposentou a lanterna
Às crianças trouxe trauma
Do novo roubou a paz
Do velho tirou a calma
Se a gente não fizer nada
Vai tirar a nossa alma.