CORDEL
Mote: Vejo o verde da esperança- Quando chove no sertão
Rimas em ABABCDCD
Oitavas de sete sílabas poéticas
Quero agradecer a minha querida amiga Poetisa ErivasLucena, por essa parceria e por mais um trabalho cordelizado que sempre fazemos com o intuito principal de divulgar a nossa Literatura de Cordel, no Recanto das Letras.
Abraços! Poéticos.
ZÉDIO ALVAREZ
1
É lindo um sertão chuvoso
Com cantos da passarada
Num verde maravilhoso
Linda cena da alvorada
Novo tempo de bonança
O tempo bom de emoção
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão.
2
Na seca fica cinzento
Sem a água da cacimba
Nem vida nem alimento
Sem a planta da rocinha
Com fé e perseverança
Seu povo finca no chão
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão.
3
O sertanejo é forte
Se apega com seu Padim
Sem depender da sua sorte
Com muita reza sem fim
Virá um dia de mudança
Na reza de Frei Damião
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão.
4-
Na festa do padroeiro
Tem novena e romaria
Basta chover o ano inteiro
É motivo de alegria
São José manda a sustança
Vai ter chuva com trovão
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão.
5
Todo povo comemora
Surgem as Patativas
Cânticos da nova aurora
Num coral da nova vida
Está de volta a Asa Branca
É hora da plantação
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão.
6
Com os açudes sangrando
Vertendo o ar da liberdade
A vegetação florando
Na farta felicidade
Brinco como uma criança
Na chuva que molha o chão
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão.
ERIVAS
1
Sou sertaneja sou forte
Como disse um tal poeta
Carro de boi meu transporte
Leite direto da têta
Da vaca, pura sustança
Água vem do cacimbão
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão.
2
No sertão foi sempre assim
Goza-se de um tempo bom
Depois surge outro ruim
Natureza dá o tom
Ela toca a gente dança
Assim roda-se o pião
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão
3
A vida é um desafio
Para o agricultor
Labuta horas à fio
De aço que nem trator
Faz filhos e não se cansa
O amor é a combustão
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão
4
Mil novecentos e quinze
Quatrocentos mil morreram
Com a seca e seu requinte
Outros milhares migraram
Foi grande a desesperança
A fuga era a salvação
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão
5
Retirantes nordestinos
Fugiam em paus-de-arara
Enfrentando os desatinos
Morrer tísico não lograra
Partiram sem segurança
Numa auto-sugestão
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão
6
Mas retorna a confiança
Se chove no seu torrão
Feliz rir como criança
Trabalha, faz multirão
Mantém a perseverança
Se a chuva regar o chão
Vejo o verde da esperança
Quando chove no sertão.