Meu Pai
Em Memória
Foi no século passado,
No ano de dezenove,
(Tem certidão que comprove)
Na cidade aqui ao lado
Que nasceu um cara arretado.
Daqueles que o mundo inveja,
Contra quem sempre apedreja.
Sendo homem, de menino,
Encarou cedo o destino
Nesta vida de peleja.
Demonstrou brio e firmeza.
Seu nome Pedro – de pedra;
Que no caos viceja, medra...
Mas Patrocínio é defesa,
Numa guerra é Fortaleza;
Sendo tão legal, aliás,
Seu coração foi de paz.
Acreditava no amor,
Cria no amor maior
E amava a natureza.
Tinha por pais nesta vida
João e Ana carretilha;
Seis irmãos. Uma família
Por Deus somente assistida,
Mas neste mundo afligida.
Por uma casualidade
Perdeu sua mãe, na idade
De cinco anos. Porém,
Aos seis, o pai foi também...
Ficando, então, sem saída.
Com os pais na sepultura,
Ficaram com a parentela.
O que foi outra mazela
Para os órfãos. Que amargura!
A vida era muito dura!
Pedro ficou com tio Chico,
(Um mesquinho, sendo rico,
E avarento que apela)
Deu-lhe um cavalo sem cela
Para sua cavalgadura.
Com um sonho na cabeça
Pedro foi do interior
Para a sede em Salvador
E na Polícia ele Ingressa.
Fez a Deus uma promessa
De tornar-se um bom soldado,
E sendo muito abnegado
Do Comando achou mercê.
Daquele que tudo vê
Também foi galardoado.
Tempo de desassossego
Era aquele nessa terra,
Pois eclodiu grande guerra
Sacrificando o relego.
Mas Pedro não via o emprego
Como um meio de negócio,
Via como um sacerdócio,
Por isso se apresentou,
Para a guerra se alistou,
De sua vida em desapego.
Mas por obra do destino,
Não foi combater o nazismo:
Adoeceu de impaludismo
Ficando então no confino.
Já era a mão do Divino
Dizendo a Pedro: “stop!
Tenho outra missão top:
Vais gerar filhos e filhas;
Ser pai de muitas famílias
Tudo como eu determino.
Vai ser muita adrenalina;
Vou mexer no coração.
Na cidade Caldeirão
Vais encontrar uma menina.
Com ela teu ser se afina.
Ficarás aglutinado
Para sempre apaixonado,
Uma paixão sem limite
Vai ser assim, acredite,
Vou dar-te uma joia fina.”
Como foi profetizado
Desse jeito aconteceu
Um anjo do céu desceu
Para ficar do seu lado.
Com o peito afogueado
O Sargento se apresenta
E de chofre acrescenta:
Quero casar com sua filha!
Com ela fazer família...
E assim foi consumado.
A moça era muito bela.
Seu nome era Benigna,
E justamente era digna
Do nome que deram a ela.
O militar e a donzela
Faziam um lindo par.
Partiram para o altar
E o Padre Cláudio os casou,
No final os abençoou.
E assim continua a novela...