CORDEL – Mote – A saudade que me resta/Foi a que de ti ficou – 05.08.2023 (PRL)
CORDEL – Mote – A saudade que me resta/Foi a que de ti ficou – 05.08.2023 (PRL)
Cordel em oitavas de sete sílabas poéticas
Esquema de rimas ABABCDCD
Parceria – Ansilgus e Edmilton Torres
Interações abertas
(01)
Nosso amor foi positivo
Um sucesso, com primor
Mas ninguém era cativo
Tampouco sentia dor
Mas isso que o povo atesta
Por isso não complicou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(02)
E tu não tinhas ciúme
Confiava pra valer
Em mim botava perfume
Dava para perceber
Até mesmo na seresta
Que você presenciou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(03)
O teu caráter seguro
Que muita inveja causava
E nunca em cima do muro
Tu nunca repugnavas
E tem gente que não presta
Mas o que passou, passou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(04)
Porém desse mesmo jeito
Eu que tratava contigo
Nunca me deste preceito
Cada qual no seu umbigo
Vejo a vida tão funesta
Até mesmo de doutô!
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(05)
Os casais brigam por tudo
Um ciúme de lascar
Por vezes sem conteúdo
Sem motivo de brigar
Por qualquer coisa, contesta
Discorda até dum alô
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(06)
Quando ao ver uma mulher
Linda e até muito rabuda
A patroa quando quer
Grita, cala e fica muda
Mas é claro que protesta
Porque disso não gostou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(07)
Mas eu nunca fiz por onde
Perder tua confiança
Nunca me montei num bonde
Essa foi a minha herança
E tu foste sempre honesta
Que tua marca deixou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(08)
Um exemplo para os filhos
E toda a tua família
Sempre bom andar nos trilhos
Seja aqui ou em Brasília
Lá, toda desgraça infesta
E ninguém nunca ignorou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(09)
A lealdade é tão linda
Causa inveja de montão
Muitos ficam na berlinda
Outros, de cara no chão
Tem gente que faz a festa
Não quer saber se cornou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(10)
Lembra daquela maluca++
Que também nos visitou
Caía apenas neblina
Mas de logo me encarou
Se perdeu pela floresta
Que nem lembrança deixou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(11)
Não, com ela não fiz nada
Prometi em juramento
Mas me deu uma facada
O dia estava cinzento
Porém eu nunca entrei nesta
Mas a verba ela levou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(12)
Agora vou descansar
Nada tenho contra alguém
Só meu pobre poetar
Isso tudo me convém
Luto, mas sem muita pressa
Grito e ninguém me calou
Uma saudade que resta
Só a que de ti ficou
SilvaGusmão
Cordel em parceria sobre o mote do poeta Ansilgus
“A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou”
Poema em oitavas de sete sílabas poéticas, com rimas em ABABCDCD
Glosas de Edmilton Torres
(01)
Quero, hoje desabafar
Num monólogo tristonho
Finjo que vais me escutar
Até me sinto bisonho
Mas, uma sina funesta
Os meus sonhos sequestrou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(02)
As pessoas que conheço
Têm algo bom pra lembrar
Mas, acho que não mereço
Esse prazer desfrutar
Do que lembro, pouco presta
Pois quase nada restou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(03)
Para mim não mais existe
Nenhuma felicidade
Eu tento não ficar triste
Mas, vem a realidade
Tão amarga e indigesta
Dizer que tudo acabou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(04)
Das boas recordações
Que pra outros é saudade
Só ficaram frustrações
Motivos de piedade
E a tristeza que arresta
O espólio que sobrou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(05)
No tempo em que fui feliz
Tu estavas ao meu lado
Não sei qual o mal que fiz
Para ser tão castigado
Não ficou nenhuma fresta
Quando a porta se fechou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(06)
Essa vida é um cassino
Onde se aposta no amor
O crupiê é o destino
Que sempre sai vencedor
Não devolve e nem empresta
O que de mim já ganhou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(07)
Apostei e me iludi
Ganhando algumas rodadas
Porém logo descobri
Que eram cartas marcadas
E de forma desonesta
A minha sorte mudou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(08)
Nos caminhos e estradas
Sempre eras minha guia
No frio das madrugadas
Eras tu quem me aquecia
Noites frias como esta
Meu coração congelou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(09)
Não sei se foi o destino
O acaso ou bruxaria
Porque esse desatino
O Bom Deus não me daria
Se algum “ente” me detesta
Com a morte se aliou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(10)
Teu sorriso me bastava
Para estar no paraíso
De nada mais precisava
Mas, hoje, é o que mais preciso
Minha vida era uma festa
Mas, a orquestra parou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(11)
Essa perda inesperada
Abriu em meu coração
Uma porta de entrada
Para a dor da solidão
Como uma praga que infesta
Em meu peito se alojou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
(12)
Guardo ainda a aliança
Símbolo de um juramento
Que agora, na lembrança
É um estranho sentimento
Como o fim de uma seresta
Depois que o dia raiou
A saudade que me resta
Foi a que de ti ficou
Edmilton Torres
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Edmilton Bezerra Torres
Agradeço ao nobre e competente poeta Edmilton, das belíssimas terras de Pesqueira, no agreste semiárido de Pernambuco, que sempre se colocou a nossa disposição para compor cordéis, uma de suas especialidades na poesia. A cidade de Pesqueira é muito linda e seria um bom passeio para os turistas de qualquer lugar deste país, destacando-se o “Castelo dos Torres”, O Santuário Monte da Graça, A Catedral de Santa Águeda, o Estádio Joaquim de Brito, o Pórtico de Pesqueira, o Convento de São Francisco, o Bacurau, Ponto de Cultura e Ateliê, Antiga Estação Ferroviária, Paróquia Cristo-Rei e outros. Vale a pena visitar.
Muito agradecido, distinto amigo. Gostaria de que você bolasse um novo mote para brincarmos de glosas proximamente.
SilvaGusmão