A pescaria
Era tempo de rio cheio
Saiu Juvenal para a pescaria
De material um saco meio
Pra pescar naquele dia
Também ia o seu Tião
Ia também seu Antonio
Botaram tudo em um carro de mão
Que era o seu maior patrimônio
Chegando as margens do rio
Ele estava a toda largura
Juvenal já tremendo de frio
Com água só pela cintura
Tonho dizia; vá mais para lá
Meu compadre Juvenal
Ele diz; vá se danar
Já estou quase passando mal
A água varria tudo
Que passava ali por perto
Revirava as financeiras
Deixava tudo coberto
Seu Tião se aproximou
Dizendo: ô cabra medroso
Logo Tião mergulhou
Juvenal ficou nervoso
Tião desapareceu
No meio do redemoinho
Tonho disse: valha-me Deus
Proteja o Tiâozinho
Eles ficaram olhando
Para ver se Tião aparecia
As ribanceiras se arrancando
E Tião não emergia
Quando olharam para o meio
Tião foi aparecendo
E os dois mortos de medo
só ficaram mesmo vendo
E era cada golada
Que seu Tião engolia
Emergia e afundava
Os outros diziam;Ave Maria!
Tião já desgovernado
Quase sem conseguir mais
Acertou o braço a nado
Dizendo;valha-me meu pai
Conseguiu sair lá fora
Estava mais morto que vivo
Dizendo, quase chega a minha hora
Quase vou ao paraíso
Vocês nem me ajudaram
Nem me estenderam a mâo
Juvenal disse ;perdoe
Não sabemos nadar não
Tião todo se tremendo
Caído as margens do rio
Tremia por causa do medo
Nem era por causa do frio
Eles não pescaram nada
E quase que morre Tião
E na arrancada brava da água
Ainda perderam o carro de mão