TREME O SOL, TREME A TERRA, O VENTO MUDA.
MOTE; TREME O SOL, TREME A TERRA, O VENTO MUDA,
QUANDO EU CANTO MARTELO AGALOPADO, DO POETA MANUEL DE LIRA FLORES, QUE TIREI DO LIVRO OS MARTELOS DE TRUPIZUPE DE BRAÚLIO TAVARES.
A torcida do Vasco e do Flamengo,
Do Coríntians, até a do Palmeiras
E quaisquer outros ainda mais grosseiras,
que se tornaram um grande monstrengo;
matam, brigam até deixam capengo,
que vão ao jogo em grupo armado
quando escutam, porém, som bem tocado
não há mais aquele Deus nos acuda.
Treme o Sol, treme a Terra, o vento muda
Quando eu canto martelo agalopado.
Até mesmo lá no Oriente Médio
Onde se briga por tudo, por nada.
Por que se pensa achar mundo de fada.
Mas pra paz não encontram o remédio,
Onde a vida deve ser um tédio.
E o povo não é muito letrado
Pois lá o alfabeto é trocado;
Mas se canto, ali tenho boa ajuda .
Treme o Sol, treme a Terra, o vento muda
Quando eu canto martelo agalopado.
Até neste Ceará bem ressequido,
que pobreza é grande e muito feia
onde o povo está sempre na peia.
Mas se ouve cordel muito bonito
Sofrimento vai logo pro infinito.
O caboclo aí fica empolgado;
toma uma cachaça, cospe de lado.
Da cantoria ele não se desgruda.
Treme o Sol, treme a Terra, o vento muda
Quando eu canto martelo agalopado.
Lá no Pólo eu tive boa acolhida
Por aquela grande população:
Esquimó, lobo, foca e bisão,
E até por uma ursa parida
Que me ouviu, deitou-se, caiu vencida.
Tsunami deu meia volta passou ao lado,
E não fez zoada pra ouviu meu cantado.
Não precisou nem se dizer: caluda!
Treme o Sol, treme a Terra, o vento muda
Quando eu canto martelo agalopado.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
DEZEMBRO/2007