CORDEL
ANTONOMÁSIA SANJOANENSE I
Caminha ao clarão da lua
sem incomodar ninguém.
Vai levando a vida sua
na valsa do vaivém.
Desce rua, sobe rua,
tia Nair Tendendém.
Vai à Missa todo dia,
ungido de muita fé.
Canta com muita alegria
para o Santo São José.
Filho fiel de Maria,
nosso bondoso Togé!
Lá vem descendo a ladeira
o nosso amado xerife.
Alma nobre, verdadeira
como um coral de recife.
Lá vem fazendo zoeira
o hilário Boferife!
Toma logo essa cachaça,
vê se toma e não enrola.
Não tente fazer pirraça,
meu amado quilombola.
Entra logo na manguaça,
meu amigo Bendengola!
Seu Antônio Saturni.
Me lembro de coração.
Vou escrevendo daqui,
bem longe do meu rincão.
Este verso é para ti,
nobre pai de Zé Bardão!
Minha comadre Zezeca
tem um irmão bem legal.
Ele é um cara sapeca,
muito longe de ser mau.
Toma pinga na caneca,
Benedito Bacurau!
Pra preservar nossa história,
também nossa tradição,
guardaremos na memória,
a nossa composição,
apontando a trajetória
de Maria Macarrão!
Pelas ruas do Cruzeiro,
lá morava o Lingueté.
Precisava de dinheiro,
pedia a Tonim Bazé.
Gastava tudo ligeiro
nas mãos do Querequexé!
E lá vem Jorge Campanha,
nosso sábio “benzedô”.
Vai fazer uma façanha
com o nego Tremedô.
Vão tirar uma artimanha
que mandaram pra Dondô!
Bem lá na rua de cima
tem Antônio da Lapinha.
Outro homem de estima
nosso cordato Lavrinha.
Vou buscar mais uma rima
para falar de Baginha!
Por falar em gente boa,
importante para mim,
lembrei de outra pessoa,
pai de Anilza Dupim.
Até hoje o nome ecoa
do saudoso João Rolim!
Deus vai me dando memória,
muita paz no coração.
Nos meus versos conto a história
do meu querido rincão,
esta terra tão notória,
batizada de São João!
JUCA VIEIRA
IMPERATRIZ MA
30/03/2022