MOTE: O SANGUE QUE EM TI CIRCULA _ CORRE UM PEDAÇO DE MIM.
Parceria com os grandes mestres: Ansilgus, Edmilton Torres, Zédio Alvarez, Jacó Filho e Fernando Belino.
ERIVAS
1
Resolvi cordelizar
Para atender um amigo
Outra vez vou me arriscar
Mesmo correndo perigo
Poesia é minha gula
Dela eu estou sempre afim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
2
O nobre bardo Gusmão
Sempre a me desafiar
É grande a minha tensão
Alma a descarrilar
Com minha rima esdrúxula
Rimo até em Mandarim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
3
O Mote é bem sugestivo
Por ser um tema romântico
Traz sempre um tom festivo
Mesmo sendo um amor quântico
Não vou ficar de firula
Canto meus versos chinfrim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim.
4
Sou uma mulher madura
Do amor não abro mão.
Amor sem muita frescura
Que não traga decepção,
Que com poesia oscula,
Aja em mim como estopim.
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
5
Me sinto como menina
Quando com ele estou.
O seu olhar me domina
Minha alma sequestrou
Me sinto até ridícula
E digo: és meu Arlequim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim
6
Num ziguezaguear vem
Com sua voz sensual
Me chamando de neném
O chamo meu general
Ele sempre me bajula
Sorridente diz assim :
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim
7
E quando me fala assim
Fico toda derretida
Seu rosto roçando em mim
É droga que me dá vida.
O nosso amor é sem mácula
Tão puro como o jasmim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim
8
Estilo Shakespeniano
Abdicar não nos apraz
Não deixa réstia de engano
Somos Rute e Boaz.
De ti sou uma partícula
Juro com amor carmim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim
9
Amor pra mais de mil noites
Ultrapassa os hemisférios
Em Morfeu nossos pernoites
Em sonhos, voos e mistérios
Nem o olhar de Medusa
A esse amor porá fim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim.
10
O homem para me amar
Tem que ter muito traquejo
Sem espinhos a espinhar
Na lingua muito molejo.
Como licor de amarula
Doce veneno, porfim...
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim.
ANSILGUS
Meu filho chegue pra cá
Converse com o seu pai
Diga-me como que está
Acabe esse vai não vai
Assim você se anula
Não o quero triste assim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(II)
Já te falei tantas vezes
Cuidado com amizades
Principalmente burgueses
Esqueça de vaidades
Pois essa gente simula
Nunca tem tempo ruim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(III)
Não relaxe nos estudos
Seja homem inteligente
Fuja logo dos sisudos
Pois são inconvenientes
Você é o meu caçula
Presente de Deus, enfim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(IV)
Escolha uma profissão
Que seja digna e pujante
Mostre-se um cidadão
Seguro e não claudicante
Lembre-se sou sua bula
Do princípio até o fim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(V)
Só não queira ser jurista
Político, nem se fala
Ou talvez um pobre artista
Mas um professor em sala
Porque no mundo postula
Aprenda a dizer o sim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(VI)
Foi o erro de seu pai
Que podia ser poeta
Pessoa que nunca cai
Quem sabe, um bom atleta
Que muito ganha e especula
Mas só se tiver a fim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(VII)
Vem aí uma reforma
Mas na parte dos tributos
Vão encontrar uma norma
Para ajudar os corruptos
Que de logo já pulula
Quem vai gostar é Pequim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(VIII)
Vão taxar mais o consumo
E o pobre já se fodeu
Vai perder todo seu prumo
Tem deles que já morreu
Sua vida se estrangula
Vai comer amendoim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(IX)
Depois vão entrar na renda
E taxar sem piedade
Uma mudança estupenda
Mais uma calamidade
É triste que o povo engula
Vai parar no botequim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(X)
A reforma uma desgraça
Nunca se viu coisa igual
Salvem os pobres da raça
Isso é coisa natural
Logo, logo o rico pula
Goste ou não do seu Delfim
Uma parte que em ti circula
Sobra um pedaço de mim
ZEDIO ÁLVARES
Sou um poeta romântico
Tinha uma paixão juvenil
Com todo apego tântrico
Num clima primaveril
Fiz dela minha Pitchula
Escolhi toda pra mim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
2
Começou lá no cinema
Numa filmagem de amor
Dei um beijo fora da cena
No rala e rola do calor
Ela filha de seu Marcula
Homem cheio do capim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
3
Uma menina prendada
Mostrava todo seu dote
Linda minha namorada
Numa visão do decote
Dengosa por ser caçula
Do seu corpo eu era a fim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
4
Com o ar da felicidade
Eu fiquei pensando nela
Fiz um quadro da beldade.
Pintei todo em aquarela
No brilho que se intitula
Com vestido de cetim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
5
Seu pai tinha uma fazenda
Fomos lá pra passear
Recebi a oferenda
Do querer e desejar
Lavei minha égua e a mula
Bem no pé de amendoim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
6
Não sou poeta de fugir
Encaro qualquer desafio
Tenho fome de faquir
Com Rosa me arrepio
Bebo veneno cicuta
É só ela fazer assim!
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
7
No São João fomos lá
Dançar aquele forró
Rosinha vindo pra cá
No chamego do xodó
Na ousadia com firula
Teve começo sem fim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
8
As sombras era a guarida
Tinha aceite do coração
Rosinha pegou barriga
Com todo amor e tesão
Para aumentar nossa gula
Eu lhe dei um trancelim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
9
Eu com o meu jeito pacato
Fiz tanta estripulia
Acho que comi um sapo
Ela gostou da folia
Como contar pra Marcula?
Que ia vir um bruguelim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
10
Hoje moramos no mato
Vivemos na harmonia
Fazemos tudo num ato
Amamos todos os dias
Eu dengo e ela me bajula
Num gostoso frenesim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
MESTRE JACÓ FILHO
A cada filho que vinha,
Enquanto Eu agradecia,
Na minha mente eu tinha,
Um frase que Eu dizia,
Meu filho ninguém calcula,
O que é ser feliz assim,
"No sangue que em ti circula,
corre um pedaço de mim",
(02)
Essas graças recebidas
São de Deus as digitais,
Que postas em cada vida,
Dão um toque divinal,
Com leis que o céu postula,
Pra nossa raiz não ter fim,
No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(03)
Não são meras semelhanças,
O que trazemos em nós,
É algo que nos alcança,
Nos olhos, feições e voz,
Quando a certa altura,
Eu pensei algo assim,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(04)
Vem de nossos ancestrais,
O caráter e respeito,
E cada dia cresce mais,
Até sermos homens feitos...
Pra dizermos sem censura,
Que tal seiva de alecrim,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(05)
Nessa metáfora Eu falo,
Sobre herança genética,
Que já na ponta dos galhos,
Falta algo da estética,
Nesse pouco que perdura,
Em nossos pontos afins,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(06)
Pontos que mais parecem,
Reproduções dum artista,
Que ao nascer aparecem,
E quase saltam as vistas,
As semelhantes gravuras,
Que representamos sim,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(07)
Deus não admite acasos,
Em suas obras divinas,
Por isso num mesmo vaso,
Vai pondo as nossas sinas
Mantendo a estrutura,
Tal se feita em marfim,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(08)
Não se trata de capricho,
Sermos da mesma família,
A raça precisa disso,
Pra manter em harmonias,
Inda que não seja pura,
Como gostaria Darwin,
No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(09)
Resumindo quem nós somos,
Nesse plano encarnado,
Estamos onde nos pomos,
E no céu foi acordado...
Pra manter nossa postura,
Tais os anões de jardim...
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim"
(10)
Pra nossa felicidade,
Por anjos somos guiados,
Rumo à eternidade,
E lá por Deus esperados,
Como falam as escrituras,
E os toques dos clarins...
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim
Edmilton Torres
(I)
Eu te gerei com amor
E te criei com carinho
Hoje só me causas dor
Pois te tornaste mesquinho
Tua vida me encabula
E vai apressar meu fim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(II)
Eu passei noites de sono
Quando estiveste doente
Hoje vivo no abandono
Pois, de mim, vives ausente
Essa omissão te macula
Como a ação de Caim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(III)
O maior erro de um filho
É tratar com ingratidão
Quem lhe conduziu no trilho
De uma boa formação
A tua atitude anula
O que te ensinei, enfim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(IV)
Como pai, não fui perfeito
Mas, fui o melhor que pude
Não te passei preconceito
Nem te ensinei a ser rude
Minha vida se atribula
Quando tu ages assim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(V)
Eu sempre te ensinei
A ter um bom coração
Mas, vejo que me enganei
Só sinto decepção
A minha intenção foi nula
És um martírio sem-fim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(VI)
O bom pai não cria um filho
Esperando recompensa
E nem quer ser empecilho
Para ele agir como pensa
Porém não se congratula
Com um caráter chinfrim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(VII)
Nenhum pai sente prazer
Em falar mal de um filho
Mas, não deve defender
Quando um deles perde o brilho
Com esse não confabula
Nem se abraça em festim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(VIII)
Tu me matas de vergonha
Também na sociedade
Porque segregas peçonha
Com tanta sagacidade
Que a todos manipula
Com aura de querubin
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de
(IX)
Eu nunca vou te odiar
Porque és meu filho amado
Mas, não posso elogiar
Um filho desnaturado
Que no mundo perambula
Em busca de trampolim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(X)
Se um dia te arrependeres
Eu te estenderei a mão
Se da lama tu te ergueres
Eu te darei meu perdão
Essa chance me estimula
Viver em um frenesim (*)
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
Mestre Fernando Belino
I
Meu filho, presta atenção
Nas palavras do teu pai
ou terás complicação,
Do jeito que a coisa vai!
Tão teimoso feito mula,
Não podes seguir assim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim!
II
Antes do teu nascimento,
Eu já estava pelo mundo,
Buscando, a todo momento,
Ter o saber mais profundo.
O início a gente calcula,
E a vida decide o fim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
III
Não adianta rebeldia
E essa falta de respeito!
Nenhuma força desfia
Este laço tão perfeito!
Quem do próprio barco pula
Vai acender o estopim!
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
IV
Nada foi escolha minha,
Estava tudo bem traçado.
Desde sempre, o que convinha,
Para nós, foi arranjado.
E não existe escapula,
A vida foi sempre assim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
V
Sei que queres liberdade,
Tua vida independente.
Um dia terás saudade,
Pois a despesa crescente,
Sem quitação, acumula.
Queres viver de capim?
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
VI
Um filho que reconhece
O valor que tem um lar,
Aos poucos, na vida cresce,
Vai descobrir seu lugar.
Mas, se a família acha nula,
Faz da vida um botequim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim
VII
Todos temos um destino,
Cada qual sua missão!
Há sempre um plano divino
Apontando a direção.
Com Deus, todo mal se anula;
Sem Ele, morre o jardim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
Parceria com os grandes mestres: Ansilgus, Edmilton Torres, Zédio Alvarez, Jacó Filho e Fernando Belino.
ERIVAS
1
Resolvi cordelizar
Para atender um amigo
Outra vez vou me arriscar
Mesmo correndo perigo
Poesia é minha gula
Dela eu estou sempre afim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
2
O nobre bardo Gusmão
Sempre a me desafiar
É grande a minha tensão
Alma a descarrilar
Com minha rima esdrúxula
Rimo até em Mandarim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
3
O Mote é bem sugestivo
Por ser um tema romântico
Traz sempre um tom festivo
Mesmo sendo um amor quântico
Não vou ficar de firula
Canto meus versos chinfrim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim.
4
Sou uma mulher madura
Do amor não abro mão.
Amor sem muita frescura
Que não traga decepção,
Que com poesia oscula,
Aja em mim como estopim.
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
5
Me sinto como menina
Quando com ele estou.
O seu olhar me domina
Minha alma sequestrou
Me sinto até ridícula
E digo: és meu Arlequim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim
6
Num ziguezaguear vem
Com sua voz sensual
Me chamando de neném
O chamo meu general
Ele sempre me bajula
Sorridente diz assim :
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim
7
E quando me fala assim
Fico toda derretida
Seu rosto roçando em mim
É droga que me dá vida.
O nosso amor é sem mácula
Tão puro como o jasmim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim
8
Estilo Shakespeniano
Abdicar não nos apraz
Não deixa réstia de engano
Somos Rute e Boaz.
De ti sou uma partícula
Juro com amor carmim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim
9
Amor pra mais de mil noites
Ultrapassa os hemisférios
Em Morfeu nossos pernoites
Em sonhos, voos e mistérios
Nem o olhar de Medusa
A esse amor porá fim
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim.
10
O homem para me amar
Tem que ter muito traquejo
Sem espinhos a espinhar
Na lingua muito molejo.
Como licor de amarula
Doce veneno, porfim...
No sangue que em ti circula
Há um pedaço de mim.
ANSILGUS
Meu filho chegue pra cá
Converse com o seu pai
Diga-me como que está
Acabe esse vai não vai
Assim você se anula
Não o quero triste assim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(II)
Já te falei tantas vezes
Cuidado com amizades
Principalmente burgueses
Esqueça de vaidades
Pois essa gente simula
Nunca tem tempo ruim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(III)
Não relaxe nos estudos
Seja homem inteligente
Fuja logo dos sisudos
Pois são inconvenientes
Você é o meu caçula
Presente de Deus, enfim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(IV)
Escolha uma profissão
Que seja digna e pujante
Mostre-se um cidadão
Seguro e não claudicante
Lembre-se sou sua bula
Do princípio até o fim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(V)
Só não queira ser jurista
Político, nem se fala
Ou talvez um pobre artista
Mas um professor em sala
Porque no mundo postula
Aprenda a dizer o sim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(VI)
Foi o erro de seu pai
Que podia ser poeta
Pessoa que nunca cai
Quem sabe, um bom atleta
Que muito ganha e especula
Mas só se tiver a fim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(VII)
Vem aí uma reforma
Mas na parte dos tributos
Vão encontrar uma norma
Para ajudar os corruptos
Que de logo já pulula
Quem vai gostar é Pequim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(VIII)
Vão taxar mais o consumo
E o pobre já se fodeu
Vai perder todo seu prumo
Tem deles que já morreu
Sua vida se estrangula
Vai comer amendoim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(IX)
Depois vão entrar na renda
E taxar sem piedade
Uma mudança estupenda
Mais uma calamidade
É triste que o povo engula
Vai parar no botequim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
(X)
A reforma uma desgraça
Nunca se viu coisa igual
Salvem os pobres da raça
Isso é coisa natural
Logo, logo o rico pula
Goste ou não do seu Delfim
Uma parte que em ti circula
Sobra um pedaço de mim
ZEDIO ÁLVARES
Sou um poeta romântico
Tinha uma paixão juvenil
Com todo apego tântrico
Num clima primaveril
Fiz dela minha Pitchula
Escolhi toda pra mim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
2
Começou lá no cinema
Numa filmagem de amor
Dei um beijo fora da cena
No rala e rola do calor
Ela filha de seu Marcula
Homem cheio do capim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
3
Uma menina prendada
Mostrava todo seu dote
Linda minha namorada
Numa visão do decote
Dengosa por ser caçula
Do seu corpo eu era a fim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
4
Com o ar da felicidade
Eu fiquei pensando nela
Fiz um quadro da beldade.
Pintei todo em aquarela
No brilho que se intitula
Com vestido de cetim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
5
Seu pai tinha uma fazenda
Fomos lá pra passear
Recebi a oferenda
Do querer e desejar
Lavei minha égua e a mula
Bem no pé de amendoim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
6
Não sou poeta de fugir
Encaro qualquer desafio
Tenho fome de faquir
Com Rosa me arrepio
Bebo veneno cicuta
É só ela fazer assim!
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
7
No São João fomos lá
Dançar aquele forró
Rosinha vindo pra cá
No chamego do xodó
Na ousadia com firula
Teve começo sem fim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
8
As sombras era a guarida
Tinha aceite do coração
Rosinha pegou barriga
Com todo amor e tesão
Para aumentar nossa gula
Eu lhe dei um trancelim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
9
Eu com o meu jeito pacato
Fiz tanta estripulia
Acho que comi um sapo
Ela gostou da folia
Como contar pra Marcula?
Que ia vir um bruguelim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
10
Hoje moramos no mato
Vivemos na harmonia
Fazemos tudo num ato
Amamos todos os dias
Eu dengo e ela me bajula
Num gostoso frenesim
No sangue que em ti circula
Corre um pedaço de mim
MESTRE JACÓ FILHO
A cada filho que vinha,
Enquanto Eu agradecia,
Na minha mente eu tinha,
Um frase que Eu dizia,
Meu filho ninguém calcula,
O que é ser feliz assim,
"No sangue que em ti circula,
corre um pedaço de mim",
(02)
Essas graças recebidas
São de Deus as digitais,
Que postas em cada vida,
Dão um toque divinal,
Com leis que o céu postula,
Pra nossa raiz não ter fim,
No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(03)
Não são meras semelhanças,
O que trazemos em nós,
É algo que nos alcança,
Nos olhos, feições e voz,
Quando a certa altura,
Eu pensei algo assim,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(04)
Vem de nossos ancestrais,
O caráter e respeito,
E cada dia cresce mais,
Até sermos homens feitos...
Pra dizermos sem censura,
Que tal seiva de alecrim,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(05)
Nessa metáfora Eu falo,
Sobre herança genética,
Que já na ponta dos galhos,
Falta algo da estética,
Nesse pouco que perdura,
Em nossos pontos afins,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(06)
Pontos que mais parecem,
Reproduções dum artista,
Que ao nascer aparecem,
E quase saltam as vistas,
As semelhantes gravuras,
Que representamos sim,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(07)
Deus não admite acasos,
Em suas obras divinas,
Por isso num mesmo vaso,
Vai pondo as nossas sinas
Mantendo a estrutura,
Tal se feita em marfim,
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(08)
Não se trata de capricho,
Sermos da mesma família,
A raça precisa disso,
Pra manter em harmonias,
Inda que não seja pura,
Como gostaria Darwin,
No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim",
(09)
Resumindo quem nós somos,
Nesse plano encarnado,
Estamos onde nos pomos,
E no céu foi acordado...
Pra manter nossa postura,
Tais os anões de jardim...
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim"
(10)
Pra nossa felicidade,
Por anjos somos guiados,
Rumo à eternidade,
E lá por Deus esperados,
Como falam as escrituras,
E os toques dos clarins...
"No sangue que em ti circula
corre um pedaço de mim
Edmilton Torres
(I)
Eu te gerei com amor
E te criei com carinho
Hoje só me causas dor
Pois te tornaste mesquinho
Tua vida me encabula
E vai apressar meu fim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(II)
Eu passei noites de sono
Quando estiveste doente
Hoje vivo no abandono
Pois, de mim, vives ausente
Essa omissão te macula
Como a ação de Caim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(III)
O maior erro de um filho
É tratar com ingratidão
Quem lhe conduziu no trilho
De uma boa formação
A tua atitude anula
O que te ensinei, enfim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(IV)
Como pai, não fui perfeito
Mas, fui o melhor que pude
Não te passei preconceito
Nem te ensinei a ser rude
Minha vida se atribula
Quando tu ages assim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(V)
Eu sempre te ensinei
A ter um bom coração
Mas, vejo que me enganei
Só sinto decepção
A minha intenção foi nula
És um martírio sem-fim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(VI)
O bom pai não cria um filho
Esperando recompensa
E nem quer ser empecilho
Para ele agir como pensa
Porém não se congratula
Com um caráter chinfrim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(VII)
Nenhum pai sente prazer
Em falar mal de um filho
Mas, não deve defender
Quando um deles perde o brilho
Com esse não confabula
Nem se abraça em festim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(VIII)
Tu me matas de vergonha
Também na sociedade
Porque segregas peçonha
Com tanta sagacidade
Que a todos manipula
Com aura de querubin
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de
(IX)
Eu nunca vou te odiar
Porque és meu filho amado
Mas, não posso elogiar
Um filho desnaturado
Que no mundo perambula
Em busca de trampolim
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
(X)
Se um dia te arrependeres
Eu te estenderei a mão
Se da lama tu te ergueres
Eu te darei meu perdão
Essa chance me estimula
Viver em um frenesim (*)
No sangue que em ti circula
Vai um pedaço de mim
Mestre Fernando Belino
I
Meu filho, presta atenção
Nas palavras do teu pai
ou terás complicação,
Do jeito que a coisa vai!
Tão teimoso feito mula,
Não podes seguir assim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim!
II
Antes do teu nascimento,
Eu já estava pelo mundo,
Buscando, a todo momento,
Ter o saber mais profundo.
O início a gente calcula,
E a vida decide o fim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
III
Não adianta rebeldia
E essa falta de respeito!
Nenhuma força desfia
Este laço tão perfeito!
Quem do próprio barco pula
Vai acender o estopim!
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
IV
Nada foi escolha minha,
Estava tudo bem traçado.
Desde sempre, o que convinha,
Para nós, foi arranjado.
E não existe escapula,
A vida foi sempre assim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
V
Sei que queres liberdade,
Tua vida independente.
Um dia terás saudade,
Pois a despesa crescente,
Sem quitação, acumula.
Queres viver de capim?
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.
VI
Um filho que reconhece
O valor que tem um lar,
Aos poucos, na vida cresce,
Vai descobrir seu lugar.
Mas, se a família acha nula,
Faz da vida um botequim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim
VII
Todos temos um destino,
Cada qual sua missão!
Há sempre um plano divino
Apontando a direção.
Com Deus, todo mal se anula;
Sem Ele, morre o jardim.
No sangue que em ti circula,
Corre um pedaço de mim.