O DE BEBUM NÃO TEM DONO

Eu vou contar essa história

Que eu guardo na memória

Da situação vexatória

De quem perde as estribeiras

Começou a confusão

Numa grande exposição

Numa festa de peão

Após uma bebedeira

 

Ele chegou escorneado

De cara cheia putiado

Com o ovo atravessado

Com vontade de aprontar

Se achando o onipotente

O que fez dali pra frente

Foi algo tão deprimente

Que da vergonha de falar

 

Como bebum faz lambança

Ele invadiu uma festança

Apanhou do segurança

Tentando ordenhar um touro

E na praça de alimentação

Tomou um gole de chimarrão

Cuspiu no lombo de um peão

Só pra ver cair o couro

 

Por esse ato atrevido

Levou um tapa no ouvido

Mas não se deu por vencido

Continuou a provocação

Queria dançar o caipora

Como foi mandado embora

tirou o bilau pra fora

E mijou dentro do salão

 

Depois de tanta imperícia

Se espalhou a notícia

Logo chegou a policia

E algemaram o bocó

Que reagiu à prisão

Levou mais um bofetão

E algemado ao camburão

Foi dormir no xilindró

 

Quando acordou no outo dia

Rezou pra virgem maria

O corpo todo doía

Ele estava ali sem roupa

Começava outro tormento

Tinha dormido ao relento

Abraçado a um cão sarnento

Que lambia a sua boca

 

Prometeu não beber mais

Pois diz ser homem de paz

Diz que é obra do satanás

Mas ele irá perder o sono

Pois onde estava deitado

Tinha um negão ao seu lado

E como diz o ditado

O de bebum não tem dono

 

E com medo do inferno

Apesar de ser inverno

Vestiu seu mais novo terno

E procurou o pastor

Mergulhado em oração

Pede pra Deus o perdão

E quando lembra do negão

Passa um filme de terror

 

 

Pedrão Cordelista
Enviado por Pedrão Cordelista em 17/07/2023
Reeditado em 19/03/2024
Código do texto: T7838818
Classificação de conteúdo: seguro