Negro, sim, sinhô,
Negro, sim, sinhô, respeita minha cor,
Vou contar nesse cordel minha história de valor.
Sou filho de África, herdeiro de nobreza,
Minha pele é escura, mas minha alma é pureza.
Desde tempos remotos, luto pela liberdade,
Resistindo à opressão, com bravura e lealdade.
Negro, sim, sinhô, trago orgulho no peito,
Minha cor é força, é resistência, é direito.
No seio da senzala, forjaram-se as correntes,
Mas minha alma jamais se curvou diante dos dementes.
Na diáspora fomos espalhados pelo mundo,
Mas em cada canto, erguemos nosso escudo.
Nos canaviais e nas minas de ouro,
Labutamos com vigor, mesmo sob o estouro.
Erguemos Palmares, símbolo de resistência,
Zumbi, nosso líder, nos trouxe esperança e crença.
Negro, sim, sinhô, tenho história pra contar,
Nas veias corre a cultura, pronta pra se espalhar.
Na música, no samba, na capoeira a girar,
Expressamos a alegria, o ritmo no ar.
No batuque dos tambores, ecoa ancestralidade,
Os Orixás nos guiam, em cada divindade.
Negro, sim, sinhô, não é vergonha ser assim,
Somos fortes, somos lindos, somos um jardim.
Mas ainda há quem duvide de nossa capacidade,
Nos rotule, nos discrimine, nos trate com falsidade.
Negro sim sinhô, exijo respeito e igualdade,
Pois sou filho de África, com honra e dignidade.
Nosso caminho é árduo, cheio de desafios,
Mas seguimos em frente, erguendo nossos bravios.
Negro, sim, sinhô, lutamos com coragem e ardor,
Por um mundo onde a cor não seja divisor.
Respeita minha cor, sinhô, sem distinção,
Pois somos todos irmãos nessa mesma nação.
Negro, sim, sinhô, orgulho-me do meu ser,
E no compasso dessa vida, sigo a bater.
Que se quebrem as correntes, os estereótipos cruéis,
E que a sociedade compreenda o que é ser fiel.
Negro, sim, sinhô, nossa história é um tesouro,
E juntos, unidos, venceremos qualquer desdouro.
No balanço do cordel, fica o meu clamor,
Negro, sim, sinhô, respeita minha cor!