Natal no Sertão
Natal no Sertão
Gorete Amorim
Sair da cidade grande para um lugar no sertão
Para uma casa bem simples que tinha somente um vão
Papai Noel não existe, não se fala nisso não
As famílias logo cedo fazem a ultima refeição
Sentam nas portas das casas e conversam de montão
Esperando chegar o sono sem muita especulação.
Era um dia como outros, naquele lugar do Sertão
Os enfeites de Natal e as ceias apetitosas,
O povo simples da roça só vê na televisão.
Eu levava uns dois galetos e preparava o jantar
E na casa de meu pai a família a chegar
A ceia era muito simples,
Mas era o suficiente pra todos alimentar.
Ao redor da pequena mesa, que era de muita fartura
A família de mãos dadas o Pai Nosso a rezar
Numa mandala humana, a vida a celebrar
A energia Divina podíamos quase apalpar
Naquele instante eu pensava ... Aprendemos partilhar.
Sentávamos à frente da casa logo depois do jantar
Numa grande roda de família começávamos a conversar
Dali saia de tudo, causos e fatos ocorridos
As travessuras dos netos também já acontecidos
Era um momento sagrado
E pela Estrela Guia também era iluminado
Conversávamos..., conversávamos..., e o sono ia chegando
De um a um levantando e procurando uma rede
Ou mesmo um lugar no colchão num cantinho da parede
Á meia noite então, recebíamos o MENINO
Todos quietos, como anjos, pois já estávamos dormindo.
De ano a ano a cena quase se repetia
Naquele sertão de carências, onde nascia um menino
Pra nos dizer que na terra
O amor é que interessa, somente ele é DIVINO.
Maceió, 09/12/07