Sexteto - foi mermo um tempo bom
Airam Ribeiro
Sem distino saí andano
Min deparei quêci cordel
Leno e quase xorano
Min alembrei dos menestréu
Qui se arreuniro um dia
Fazeno versos de alegria
Pra fazê ri os povaréu.
Foi lá no bar do Rudrigo
Nossa premera reunião
Eu caçano arguns amigo
Pra min tirá da solidão
Incrontei lá minha cumade
Quano lembro da sôdade
Daquele tempinho bão.
Premero foi eu e a cumade
Qui cumeçamo a duetá
Apariceu lá um cumpade
Juntamente cum a Miráh
Esse era o pueta da Dô
Qui cum Mira sincrontô
Cum nóis qui já tava lá.
Cumeçemo intão cum amô
Eu e a Claraluna nun dueto
E cumeçemo a compô
Inté qui fizemo o quarteto
Cum a Mira e o poeta da Dô
Os quato logo se pensô
Em já se fazê um sexteto.
Foi intão qui vêi Pedrinho
Esse o Boto cô de rosa
E a Rose cum carinho
Cumeçemo então as prosa
O sexteto tava formado
Fizemo cordeu um mucado
Sem pensá nunca na Rosa.
Depois veio o Catulo
E o Liodoro Morais
Esse dois sairu num pulo
Qui nutiça num déro mais
Foi ai qui no introzamento
A Rosa xegô num momento
Inté xegá os seus finais.
A Rosa foi cunvidada
E logo nos dexô contente
Só via muita filicidade
Em todas face da gente
O Recanto todos enfim
Gostava de nóis assim
Cum coisas boa na mente.
Inda alembro qui axêi
No Recanto um grande amô
Só qui no palitim deixei
Ganhá o Pedrin jogadô
Perdi a minha catira
De nome doce Mira Ira
Min fazeno muita dô.
Foi mermo um tempo bom
Qui o destino nos ofertô
Todos tocava o mesmo tom
De alegria e de amô
Se um dia a gente se incrontá
Di aligria eu vô pulá
Isso eu garanto qui vô.
Mas cada um foi pro seu canto
Nas roça ou nas cidade
Dexano aqui no Recanto
Somente a grande sôdade
Quando nóis junto vivia
No rosto tinha aligria
Das cumade e dos cumpade.