O INFERNO DA CASA (im)PRÓPRIA

Em meados de 989 o CENTUR -- na gestão do poeta Paes Loureiro e ligado a SECULT/PA -- lançou o que seria o primeiro concurso de CORDEL de Belém, além de outro de contos, onde foi classificado meu futuro parceiro de dupla sertaneja Abiezér Silva, nos 2 gêneros ou categorias.

De minha parte, entrei com um "arremedo de cordel" com 26 estrofes, algumas com 10, 15 e até 20 versos (um espanto !), além de "escorrer veneno" em cada linha. Como eu não guardava rascunhos na época, (felizmente) tudo se perdeu. Restou na memória apenas o início, narrando as aventuras & desventuras de um morador de Morro carioca nas planícies amazônicas. Vamos a ele:

I

Belém é uma cidade caprichada,

verdejante e de clima bem ameno

onde o povo aprende desde pequeno

catar mangas nas ruas, nas calçadas.

(De tarde, quando chega a chuvarada)

o povo está pingando de suor.

(Nem no inverno o calor é menor,

seja dezembro, maio ou agosto...)

só uma coisa me causa desgosto:

são os ônibus o que tem de pior !

I I

A gente entra, é uma zoeira danada,

não adianta protesto nem queixume...

o som do Rádio a todo volume

e o "motora" seguindo em disparada.

(e continua...)

OBS: é só do que recordo. Os versos entre (...) foram improvisados, os originais "se apagaram" da memória. Adiante, com este título escrevi outro CORDEL em 01/dez. de 2010, publicado aqui no RECANTO, dentro da tradição e tratando tão-somente DO SONHO da "casa (im)própria" -- de 7 x 4 metros, quarto e "cozinha" -- um "despropósito oficial" que sequer chegava aos realmente pobres. Fico por aqui ! (NATOAZEVEDO, em 17/maio 2023)