No limiar dessa fisgada

Fui buscar um copo d'água,

No pé dessa calçada,

Fui ver quem me ligava,

E no fiar dessa pisada,

Fui ver e não era você.

Me compraram um revólver,

Me arrumaram também uma corda,

Balancei toda a discórdia,

Pra nos seus olhos me ver.

Conta lá pros meninos,

Conta lá pra molecada,

É no limiar dessa fisgada,

Que o sol rebenta a nascer.

Rezei pra um deus,

Chorei pra um outro,

Dei no entorno do envolto,

Pro sentimento morrer.

Isso é canção desmedida,

É o contorno da ferida,

É o gosto dessa sina,

Que faz a menina crescer.

Faz o sol, faz lua prateada,

Faz desgosto da moçada,

Da paixão a esmorecer.

Passa tempo, conta a história,

E por séculos afora,

Qualquer que seja a moda,

O mesmo fio vou tecer:

Um amor sendo envolvente,

Por mais difícil e latente,

Faz a graça de viver.