BAR DA DONA BONDADE
Eu ontem fui à cidade
Comprar pão, goma e farinha,
Mas fiquei foi com vontade
De comer uma galinha,
E no bar de Dona Bondade
Bebi pinga com sardinha.
Ela disse: Ó meu freguês,
Você vindo é bom demais!
Pra outro não vai ter vez,
É você e ninguém mais,
Todos os dias do mês,
Não vá me esquecer jamais!
Dona Bondade é educada
E muito atenciosa,
Não se zanga é com nada,
É mulher maravilhosa,
A venda dela é lotada
Por ser muito carinhosa.
Tem tira-gosto à vontade,
Cerveja e boa cachaça,
A gente chega à cidade
E nem vê que o tempo passa,
Horas de felicidade,
Dona Bondade é só graça.
Lá bem no pé do balcão
Tinha um bêbado implicando,
Mas com toda educação
Ela o foi controlando,
O bêbado dormiu no chão
E ali ficou roncando.
Bebi mais duas cervejas,
E pinga não bebi mais,
Ela vem com as bandejas
Com tira-gostos demais,
As delícias sertanejas
De frutas, aves e animais.
Dona Bondade é assim
E merece todo o respeito,
Trabalha até o fim
Da noite, e é desse jeito,
Leva até amendoim
Pra tudo ficar bem feito.
Quando ela fechava o bar,
Todos já iam embora,
Mas ficou a perguntar:
Vocês já iam gora?
Paciência pra dar e emprestar
Daquela nobre senhora.
A todos cumprimentou,
Do calaceiro aos mais nobres,
E as portas do bar fechou
Levando notas e cobres,
E mais uma vez acenou
Para os mais ricos e os mais pobres.