ERA MADRUGADA
Caia uma chuva fina
O vaqueiro Julião
Acordou apressado
Saiu na escuridão
Seu destino era chegar
Naquele casarão.
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O lugar era assombrado
Chamavam de empecilho
Quem chegava perto
Via um vulto no trilho
O trem matou um homem
Dizem que virou novilho.
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Se enchendo de coragem
Pela noite ele seguiu
Iria cumprir a promessa
Que ao pai ele garantiu
O pedido que lhe fez
Quando do mundo partiu.
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De longe ao avistar
A cancela sempre trancada
Esporeou o cavalo
E seguiu em disparada
O cabelo se arrepiou
Ao ver uma sombra parada.
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Nem olhou para traz
Mas jurou que voltaria
Assim que amanhecesse
Teria a luz do dia
E entrar naquela casa
Nada o impediria.
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E assim ele voltou
Ao entrar em casa
Chamou por Nosso Senhor
Morcego batendo asa
Quando chegou na cozinha
O fogão ardia em brasa.
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Saiu dali disparado
Chegando na vila falou
A casa tem gente lá
O fogo não se apagou
Como isso se explica
O tempo que se passou.
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Quem aqui tem coragem
Desse mistério desvendar
Se é mesmo assombração
Vamos ter que enfrentar
E se for algum sem vergonha
As contas vão acertar.
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E lá se foram os amigos
Armados com espingarda
Notaram um movimento
Na estrada abandonada
Enfiaram o pé na porta
Que estava destrancada.
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Velas foram acesas
Pela casa foram seguindo
O medo era muito
Mas a Deus foram pedindo
Abriam portas e janelas
Uma sombra foi surgindo.
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Era um cai o outro levanta
Quando do fundo cantou o galo
As pernas pesavam chumbo
Ouviram o relincho de um cavalo
O mais medroso gritava
Corram eu vi um estalo.
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Era apenas o vento passando
Assombrando o homem valente
Que tremia feito vara verde
E dizia vejam ali na frente
Vala-me meu Jesus Cristo
Será coisa da minha mente...
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E muito tempo passou
Ainda se guarda na memória
Aquela casa assombrada
Com toda a sua história
Ninguém teve coragem
Pra hoje contar vitória.
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Autoria Irá Rodrigues
Autoria-Irá Rodrigues
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