O DEFUNTO TÁ VIVO

 

 

Seu Esperidião era um homem

Que desafiava a vida

Figura bem conhecida

Nas tórridas terras do Nordeste

Um verdadeiro cabra da peste

Coragem e força dele não somem

 

Emprestava dinheiro a juros

Tinha fama de ser mulherengo

Prá mulher nenhuma dava dengo

De boa saúde era dono

Ninguém lhe tirava o sono

E nunca lhe deixaram em apuros

 

Tinha seu comércio na cidade

Na sua loja de tudo ele vendia

Passar-lhe a perna ninguém podia

Se aparecesse algum atrevido

Levava tapa no pé do ouvido

Apesar de não gostar de maldade

 

Mesmo com saúde o velho adoeceu

Indo parar em um hospital

Foi quando caiu seu astral

Ficou dependendo de recuperação

Porém foi piorando a sua situação

E já em sua casa Esperidião faleceu

 

Foi um corre corre da gota serena

A cidade inteira ficou logo sabendo

E aqueles que estavam lhe devendo

Ficaram alegres, não iam pagar

Essa festa ninguém ia estragar

Pois para eles tinha valido a pena

 

No dia do enterro grande comoção

A vila ficou apinhada de gente

Uma parte triste e outra contente

Levando o caixão pro cemitério

Depois que saiu do necrotério

Deixando tristeza na população

 

Mas eis que no caminho de repente

Uma coisa esquisita ocorreu

O caixão caiu e o povo correu

Gente chorando, alguns rezando

Por Jesus tinha outros clamando

Um espanto no meio de tanta gente

 

O que realmente ali aconteceu

Foi que o defunto se levantou

E para todo mundo logo gritou

Que ele não havia morrido

E com o corpo todo dolorido

Diante de todos para casa correu

 

O povo sem acreditar foi gritando

Corram que o defunto tá vivo

Foi um fato muito emotivo

Que também trouxe alegria

Depois que acabou a correria

E a Deus a família exaltando

 

 

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 06/05/2023
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