Frei Dimão doutrina Nanda Araújo (republicação)
Frei Dimão doutrina Nanda Araújo
Pelas Oropas andaste
a busca da perfeição
mas o que lá encontraste
sei que foi só perdição
Agora retornas à grei
pra celebrar a Imaculada
agarra-te ao Agnus Gay
que é o campeão da parada
Uma graça foi alcançada
desde que visitaste o Pará
vem vindo água em chuvarada
e o rio logo se re-encherá
De Dom Belvino, veio prece
ele que reside por lá
Pedro, do céu, lhe agradece
enquanto tomamos chá
Mas de tua volta tratemos
pra que componhas o rebanho
reza pois pra São Nicodemos
enquanto vigio o teu banho
A nudez requer vigilância
para que se afaste o demo
que em qualquer re-entrância
se instala e faz tudo extremo
Sei que das ceroulas te ocupas
e cuidas bem dos bordados
e enquanto coquinhos chupas
dás contas de todos r(p)ecados
Minha pregação no Recanto
é como semear no deserto
mas voltaste, e me encanto
o teu o(b)rar é o mais certo
Vou procurar parceria
pra não me afogar nos mares
da mais cruel heresia
e conto pra isso com o Soares
Ele é nobre missionário
sempre a afastar o maligno
gol(p)eador, que nem o Romário
louvando o Pai, sempre digno
Quando ao meu sacro cajado
já bem velho pra chuchu
farei outro, mais bem lustrado
do sacro pau de guatembu
Se esta árvore não conheces tu
pergunta pra poeta Nilmari
pois botanista pra chuchu
não há outro que melhor a encare
Traz pra mim meu breviário
e vamos começar as matinas
chupaste a chave do sacrário
tão popular nesta Minas?
Batinas que tens a passar
é trabalho em que não se atrasa
só me ocorre, porém, recordar
pra elas, só o ferro em brasa
Obsequiosa e piedosa, Nanda segue as disposições do divino frade, e lhe confirma sua boa vontade - apoiada pelo Marquês de Sade.
Vamos devagar, frei Dimão,
E veja como está enganado
Não encontrei perdição
Pois só fui em lugar sagrado.
Estive na Europa famosa
Pela sua grande história
Fiquei bem atenciosa
E admirei a sua glória!
Fátima, Lourdes, que beleza
Assis tem também seus encantos
E a gente reza e reza
E pede tudo para os santos.
Tá vendo, bom Frei Dimão
Tudo que fiz, digo e assino
E é bem verdade, um senão,
Que estive num cassino.
Mas estive só na porta, nossa!
Que lindeza de construção
Digo isto para que possa
Desfazer toda confusão.
Voltemos ao seu cajado
Que parece bem velhinho
E se estiver carunchado
É melhor pegar um novinho.
E como passar a batina
Se estamos aqui sem brasa?
Mas numa noite natalina
Eu a deixarei em sua casa.
Que seu Natal, Frei Dimão,
Seja lindo e bem feliz!
Desejo-lhe de coração
E nada lhe contradiz...
Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 05/12/2014
Reeditado em 05/12/2014
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