Repúdio
I
E se encontram pela rua.
No canto da boca; o riso.
Tudo já é paraíso.
Meio dia já tem lua.
A alma fica toda nua.
Há um brilho tão perfeito.
Um batuque pelo peito.
As flores são mais bonitas.
As emoções são negritas.
Se compreende o respeito.
II
Com o tempo tudo muda.
Carinho não mais existe.
O toque se torna riste.
A tristeza chega aguda.
Não aceita ou pede ajuda.
Todo brilho foi desfeito.
Só há pontada no peito.
E perde-se toda a graça.
Não chega nem na vidraça.
Despedaçado o respeito.
III
Agora não vai à rua.
Foi assassinado o sorriso.
Só choro é improvido.
Desbotada toda a lua.
Arde o peito e a carne crua.
Escuridão se faz leito.
Amaldiçoa o sujeito.
Dia todo na cachaça;
Noutro flerte, noutra taça.
Morre de vez o respeito.
IV
Não bastasse, é culpada.
Ele não queria o filho.
Vira trem fora do trilho.
Com palavras, maltratada.
Em seguida, na porrada.
Ele não tem o direito.
É, isso não mais aceito.
Mas ela é impedida.
Ateia fogo; extrai a vida.
Da justiça, só suspeito.
Uberlândia MG