Desamor
Vivemos um clima constante,
de ansiedade, medo, temor,
são os frutos de um plantio,
em solo carente de amor,
vivemos num mesmo teto,
mas, não partilhamos calor.
A mesa ficou solitária,
e as casas mesmo com famílias,
se tornaram tão grandes e largas,
que acabaram divididas em ilhas.
e assim, um sinal de wi-fi
é a ponte entre filhos e filhas.
Não é sobre o tamanho de casas,
que tratamos nesse cordel.
É sobre silêncios tão estridentes,
de almas assim tão carentes,
presenças assim, tão ausentes,
que chegam a ser sentidas no céu.
Os diálogos se tornaram bem curtos,
permeados de interrogações...????
cobranças de ambos os lados,
os assuntos bem plastificados,
objetivos e elaborados,
sem espaço para emoções.
E assim se constrói o futuro,
tudo muito preciso e virtual,
e aquele ideal de família
a interação, o carinho, o abraço,
já não é tão essencial,
agora é sobrevier como pode,
aprendendo a conviver com o mal.
Quem sabe ainda dá tempo,
transformar casas em lares,
deixar de sermos menos ímpares,
e voltarmos a sermos mais pares,
demolindo as estruturas criadas,
e erguendo os antigos pilares.