Desamor

Vivemos um clima constante,

de ansiedade, medo, temor,

são os frutos de um plantio,

em solo carente de amor,

vivemos num mesmo teto,

mas, não partilhamos calor.

A mesa ficou solitária,

e as casas mesmo com famílias,

se tornaram tão grandes e largas,

que acabaram divididas em ilhas.

e assim, um sinal de wi-fi

é a ponte entre filhos e filhas.

Não é sobre o tamanho de casas,

que tratamos nesse cordel.

É sobre silêncios tão estridentes,

de almas assim tão carentes,

presenças assim, tão ausentes,

que chegam a ser sentidas no céu.

Os diálogos se tornaram bem curtos,

permeados de interrogações...????

cobranças de ambos os lados,

os assuntos bem plastificados,

objetivos e elaborados,

sem espaço para emoções.

E assim se constrói o futuro,

tudo muito preciso e virtual,

e aquele ideal de família

a interação, o carinho, o abraço,

já não é tão essencial,

agora é sobrevier como pode,

aprendendo a conviver com o mal.

Quem sabe ainda dá tempo,

transformar casas em lares,

deixar de sermos menos ímpares,

e voltarmos a sermos mais pares,

demolindo as estruturas criadas,

e erguendo os antigos pilares.

Luiz H Peixoto
Enviado por Luiz H Peixoto em 17/04/2023
Reeditado em 18/04/2023
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