VALE A PENA SER PRUDENTE?
Ao lado de um caixã
Chora um jovem descontente
Desconsolado ele abraça
Aquele corpo dormente
E bastante entristecido
Ele fala do acontecido
De maneira comovente
O meu velho aí era um sábio
Sujeito muito prudente
Não bebia nem fumava
Era sábio o suficiente
Pra não tocar em escorpião
Não dar comida a leão
E nem encantar serpente
Só conversava com a vizinha
Com o marido presente
Só comia carnes branca
Grelhadas em brasa ardente
Cauteloso só dormia
Após banho de água fria
E apos escovar os dentes
Só bebia água filtrada
Fervida principalmente
Caminhava na fazenda
Quase que diariamente
E pra não poluir o ar
Gostava de cavalgar
No seu cavalo imponente
Só saia pra passear
Se o dia estivesse quente
Usava mangas comprida
pra não usar repelente
E ainda tinha uma manha
Se o rio tivesse piranha
Se banhava na vertente
Mas comeu jabuticaba
E engoliu junto a semente
Travou todo o intestino
Morreu de prisão de ventre
Agora ta aí esticado
Por isso tenho pensado
Vale a pena ser prudente?
E um morador de rua
Que aqui se fez presente
Bebe fuma e come pouco
Sua família está ausente
Vive tomando cachaça
Contou piada e fez graça
Pra alegrar o ambiente
Por isso vou continuar
Com essa duvida pendente
Analisando cada fato
Da vida daqui pra frente
Ele era forte e vigoroso
E apesar de cauteloso.
Morreu sem estar doente
FIM