A DISPUTA DE CHICO MARRECO E JOÃO PINGUÇO POR UMA MULHER SOLTEIRONA

 

 

Não tem coisa mais interessante

Do que causos envolvendo matutos

Daqueles que parecem bem astutos

Dominantes de terras interioranas

São homens simples da terra

E nem mesmo a tristeza encerra

Seu ritmo de prazer que é constante

 

São muitas histórias que ouço contar

De fatos que são bem engraçados

Alguns até muito bem traçados

Que mostram o que tem no lugar

Contando causos demais curiosos

Uns simples, outros porém maldosos

Mas vejam o que vou apresentar

 

Lá prás bandas do nosso Agreste

Tinha uma mulher bem ardilosa

De um belo corpo e bem formosa

Sem ninguém era uma solteirona

Porém com uma vida reservada

Essa sua fama era conservada

Não dava trela prá cabra da peste

 

Mas sempre aparece um sujeito

Para querer mudar uma situação

Bola seu plano e põe em ação

Quando quer conquistar uma mulher

Nessa cidade morava Chico Marreco

Que era o dono de um antigo buteco

Um cabra que até não tinha defeito

 

Cismou ele com essa bela mulher

Muito conhecida pelos arredores

Entre tantas uma das melhores

Que poderia fazer dela esposa

Deu logo um trato na sua aparência

E passando por ela com freqüência

Mostrou que não era homem qualquer

 

Cortejou sem nenhum constrangimento

A solteirona que se chamava Tereza

Elogiou a mulher pela sua beleza

Mostrando o seu interesse por ela

Só não sabia Chico que um concorrente

Que ali apareceu assim bem de repente

Querendo atrapalhar futuro casamento

 

Era João Pinguço que se adiantando

Entrou no páreo com a solteirona

E de uma forma bem brincalhona

Se disse apaixonado por ela

Criou-se aí uma situação nada boa

Agora dois homens para uma coroa

Que por esse amor terminaram lutando

 

João Pinguço bebia no seu buteco

E Chico Marreco de imediato proibiu

Foi lhe peitando e logo lhe advertiu

Para pagar o que ainda lhe devia

Senão para Tereza ele contaria

Atrapalhando então o seu chaveco

 

Criado esse impasse entre os dois

A mulher ficou sem jeito no meio

Vendo cada um com seu receio

De ser traído um pelo outro

Foi quando Tereza com paciência

Disse meu Deus, tenha clemência

Vamos deixar isso para depois

 

A peleja então teve o seu fim

Nenhum dos dois Tereza queria

Um bom casamento até desejaria

E esperaria com paciência

Mas Chico Marreco não era ideal

Nem o João Pinguço esse tal

E essa história termina assim

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 08/04/2023
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