POESIA TAMBÉM CURA

Abraçando a poesia

Por ela sendo abraçada

Resistindo à pandemia

No meu mundinho isolada

Nesse mundo virtual

Meu chip quase "deu pau"

E a verve não produz nada

Fico tentando escrever

Saculejo a inspiração

Vasculhando o cerebelo

Só vem 'paixão', 'coração'

Meu Deus, que rima banal

Meu chip quase "deu pau"

Só vem 'coração', 'paixão'

Desisto de versejar

E ligo a televisão

"Não conseguem respirar"

Palpita meu coração

Meu chip "deu pau" de vez

E o bom senso se refez

Deixando entrar a paixão.

"Deu pau", dialeto chulo

Gíria nada jovial

Pra dizer que parou tudo

Não falo de lockdown

Não me engano, não se engane

Minha inspiração deu pane

E até a rima é banal.

Porém, não vivo de rimas

Nunca lhes dou preferência

Vale mesmo é o que sinto

Deixo fluir a essência

Essencialmente, agora

A inspiração vai embora

Que se salve a consciência

Salvo pela prepotência

Mediante a pandemia

O mundo pede socorro

Por quem morre em agonia

E eu pedindo inspiração

Pelo vacilo, perdão

Posto que faço poesia

Eis que vejo a estatística

Mais uma vez no jornal

O descaso a olhos vistos

Do governo federal

Que se dane a inspiração

Rimo paixão com razão

Porque meu chip "deu pau".

Tânia Castro - 29/03/20

Tânia Castro
Enviado por Tânia Castro em 08/04/2023
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