Dia da verdade
Minha sogra perguntou
Genro você tá bebendo?
Eu respondi bem ligeiro
Sogra, só estou comendo
Mas ela insistiu teimosa
E eu fui logo esclarecendo
Estou comendo só água
Apenas dia de feira
Sábado junto os amigos
Pra tomar a saideira
E no domingo eu descanso
Tomando uma na Ribeira
Então ela me indagou
De uma forma afetuosa
Cafajeste e as mulheres
Disse quase numa glosa
Muito fujo feito o gado
Foge de febre aftosa
Continuou inquirindo
Parecia um delegado
Estás indo para Igreja?
Vou com o poeta Afamado
Rezo pra sua saúde
Pra sempre estar do meu lado
Ela olhou desconfiada
E com seu jeito amoroso
Disse seu cabra safado
Cachaceiro e mentiroso
Coitada da minha filha
Sonhou com homem garboso
Posso até não ser formoso
Mas eu não tenho feiura
E te digo jararaca
Que tens veneno sem cura
Sua filha está feliz
Não herdou sua amargura
Logo a velha emputeceu
Partiu para ignorância
Usou tantos adjetivos
Preferir manter distância
Porque nada é pior
Que cobra em beligerância
Eu findo aqui essa estória
Minha sogra tem pureza
Tal qual cerveja eu lhe amo
Bem fria encima da mesa
Hoje é dia da mentira
Viva a vida com leveza.