Dia da verdade

Minha sogra perguntou

Genro você tá bebendo?

Eu respondi bem ligeiro

Sogra, só estou comendo

Mas ela insistiu teimosa

E eu fui logo esclarecendo

 

Estou comendo só água

Apenas dia de feira

Sábado junto os amigos

Pra tomar a saideira

E no domingo eu descanso

Tomando uma na Ribeira

 

Então ela me indagou

De uma forma afetuosa

Cafajeste e as mulheres

Disse quase numa glosa

Muito fujo feito o gado

Foge de febre aftosa

 

Continuou inquirindo

Parecia um delegado

Estás indo para Igreja?

Vou com o poeta Afamado

Rezo pra sua saúde

Pra sempre estar do meu lado

 

Ela olhou desconfiada

E com seu jeito amoroso

Disse seu cabra safado

Cachaceiro e mentiroso

Coitada da minha filha

Sonhou com homem garboso

 

Posso até não ser formoso

Mas eu não tenho feiura

E te digo jararaca

Que tens veneno sem cura

Sua filha está feliz

Não herdou sua amargura

 

Logo a velha emputeceu

Partiu para ignorância

Usou tantos adjetivos

Preferir manter distância

Porque nada é pior

Que cobra em beligerância

 

Eu findo aqui essa estória

Minha sogra tem pureza

Tal qual cerveja eu lhe amo

Bem fria encima da mesa

Hoje é dia da mentira

Viva a vida com leveza.

 

 

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 01/04/2023
Reeditado em 01/04/2023
Código do texto: T7753903
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