Luiz Gonzaga
Pelas bandas do sertão do Pajeú
Mais precisamente na cidade de Exú
Sobre a autoridade dos pais
Morava um jovem rapaz
Que tinha como maior dom
Ser um grande sanfoneiro
Que sempre acertava o tom
Tocando pelo Brasil inteiro
Mais o que vou contar aqui
É muito importante refletir
( 1 )
Os relatos da sua história
Lá no sertão do Pajeú
Morava Luiz Gonzaga
Junto com sua família
Motivos de muita alegria
Era ver o seu talento
No entoa do relento
Manobrando a sua sanfona
Que seguindo a tona
Possuía oito baixos
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Nesses versos que eu encaixo
Do grande sanfoneiro do sertão
Com a idade florescendo
Acabou se envolvendo
Em uma grande paixão
Seu nome era Rosinha
Filha de um grande coronel
Da cidade de Exú
Luiz mal sabia
Do perigo que corria
( 3 )
Por ter se envolvido
Com a filha do tal coronel
Diante do acontecido
Digo em versos do papel
O conselho que recebeu dos pais
Que afirmavam que jamais
Esse relacionamento ira da certo
Sem o coronel por perto
Santana, a sua mãe
Já foi longo lhe dizendo:
( 4 )
Luiz aonde que tu foi se enfiá
Querer namorar a filha do coroné
Tu não sabe que ela é rica
E nóis somos pobre
Nessa que matuto não luxa cobre
Sua mãe foi logo tratando
De lhe dá uma boa pisa
Pra consertar a encrenca
Que o filho se meteu
Até os‘coro’ do corpo doeu
( 5 )
Com tamanha surra que Luiz levou
Mais o relacionamento continuou
Mesmo com os conselhos da sua mãe
E dos perigos que o jovem corria
A notícia que corria
Era o amor proibido entre Luiz e Rosinha
Que logo a notícia vinha
Sussurrando os ouvidos do seu pai
Que já foi tirando satisfação
Com os pais do envolvido
( 6 )
Naquela ocasião
O coronel foi ligeiro
Falando do acontecido
Diante Januário e Santana
Como alguém que não se engana
Já foi logo se explanando
A Luiz ameaçando
Em nome dos seus pais
A deixar seus carrascais
Caso contrário
( 7 )
O filho de Januário
Logo seria morto
Sabendo daquela notícia
Pela boca dos seus pais
O jovem saiu inconformado
Bufando pelos lados
Em direção a bodega cidade
Encher o corpo de cana
Pois não aceitava a realidade
O fim do seu namoro com Rosinha
( 8 )
Luiz já foi procurando ‘rinha’
Inventou de enfrentar
O coronel todo chapado
Cheio de cana encardido
Pense num cabra zangado
Com os beiços todo mordido
Esse era Luiz Gonzaga
Quando se deu de frente
Diante do Coronel
Quando a chapa ficou quente
( 9 )
Amarga como fel
Do Coronel que foi respondendo
E Luiz se condoendo
Com as perguntas que recebeu:
Pois não Luiz?
É verdade que o Coronel
Está me impedindo de “namorá”’ Rosinha
( 10 )
Tu tá querendo me afrontar seu cabra?
O coronel se retirou
E já foi em direção casa de Luiz
Falar com Januário e Santana
E já foi retrucando
Eu dou há vocês três dias
Para vocês sumirem com Luiz daqui
Quero ele longe de Rosinha
Além dele se meter com ela
Ainda deu de me afrontar
( 11 )
Quero ele bem longe do Exu
Se eu topá com ele por ai
Eu mato ele! Tá entendido?
Depois de tudo isso
Januário e Santana
Temendo a grande presepada
Que o filho havia se metido
Trotou de juntar a suas trouxas
E lhe mandar pra Fortaleza
Onde o jovem foi servir de aspirante
( 12 )
Do Exército Brasileiro
Muito antes de ser o sanfoneiro
Mais conhecido pelo sertão
No território Brasileiro
E também no estrangeiro
Aqui termino essa história meu povo
De um jovem chamado Luiz
Que teve a audácia de se envolver
Com a filha de um Coronel
Mal ele sabia da presepada
( 13 )
Que iria se meter
Além disso meu povo
Ele acabou se iludindo
Perdido num relance
Na história de um romance
Que mais parecia um tormento
Pois o tal do casamento
Nunca iria acontecer
Com Luiz decepcionado
Com o peito magoado
( 14 )
Naquela sua paixão
Que mais parecia ilusão
Nas quebradas do Sertão
E digo mais meu povo
Vale pena ver de novo
Que isso só teve fim
Por causa do Coroné
E mandando esse migué
Onde o rico tem tudo
Pobre não luxa
( 15 )
No meu verso miúdo
O pobre segura a buxa
Mais uma coisa eu vou lhe dizer
O dinheiro pode comprar tudo
Mais não compra a felicidade
Muito menos um amor de verdade
E por causa dele
Muitos relacionamentos são interrompidos
Talvez pudesse dá certo não sei
Mais chega até ser doído
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Famílias se destruindo
Muitos comemoram sorrindo
O fim de um relacionamento
Pelo fato de um ser pobre
E outro ser rico
Por causa de um monte cobre
Colocando tudo em risco
Talvez você goste de alguém
De família abastada
Que vive cheia do vintém
Não gosta de dividir nada
( 17 )
Já vou te aconselhando
Com o exemplo de Luiz
Que foi já se “aprochegando”
Com Rosinha namorando
Em um namoro feliz
Onde tudo terminou
Naquilo que se findou
Por causa de um infeliz
Pensando que posses e propriedade
Teria o poder de compra à felicidade
( 18 )
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel no Norte de Minas.