Poeta fingidor

Um poeta busca e quer

Perfeita composição

Porém só o que requer

É simples inspiração

Peneirar palavras frias

Só lhe trará agonias

Pode fazer confusão

 

A perfeição não existe

Muito menos na poesia

Pois para expor sentimentos

Precisa ter empatia

Entre o dizer e o sentir

Não maquiar e mentir

Falar de dor com alegria

 

Ser poeta fingidor

Como dizia Pessoa

Eu não nego que já fui

Mas meu verso melhor soa

Quando sinto de verdade

Sem nenhuma falsidade

Ou nobre palavra a toa

 

Todo verso de um poeta

É o que importa e mais nada

Logo tem que ser sincero

Revela sua jornada

Suas mais doídas dores

Seus imperfeitos amores

Sua marca registrada

 

Quem joga versos ao vento

Mente e pensa em quantidade

É fazedor de poesia

Não é poeta de verdade

Pois corrompe a inspiração

Faz verso com um formão

Mascara a realidade

 

Quem não sofre não faz verso

Quem é feliz todo dia

Nunca teve inspiração

Ou experimentou mágia

De acordar de madrugada

Com uma estrofe soprada

Do amor, dor ou da alegria

 

Fazer verso sem amar

Tal qual comer de mordaça

Não sentimos o sabor

É mentira, só trapaça

De poetas embusteiros

Fingidores e fuleiros

Eu menosprezo essa raça

 

A essência da poesia

Está no nosso sentido

Perfume do ser amado

Grito de povo excluído

Um olhar mais apurado

Afago e tato apertado

Meu viva ao verso vivido.

 

 

 

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 21/03/2023
Reeditado em 21/03/2023
Código do texto: T7745472
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