Poeta fingidor
Um poeta busca e quer
Perfeita composição
Porém só o que requer
É simples inspiração
Peneirar palavras frias
Só lhe trará agonias
Pode fazer confusão
A perfeição não existe
Muito menos na poesia
Pois para expor sentimentos
Precisa ter empatia
Entre o dizer e o sentir
Não maquiar e mentir
Falar de dor com alegria
Ser poeta fingidor
Como dizia Pessoa
Eu não nego que já fui
Mas meu verso melhor soa
Quando sinto de verdade
Sem nenhuma falsidade
Ou nobre palavra a toa
Todo verso de um poeta
É o que importa e mais nada
Logo tem que ser sincero
Revela sua jornada
Suas mais doídas dores
Seus imperfeitos amores
Sua marca registrada
Quem joga versos ao vento
Mente e pensa em quantidade
É fazedor de poesia
Não é poeta de verdade
Pois corrompe a inspiração
Faz verso com um formão
Mascara a realidade
Quem não sofre não faz verso
Quem é feliz todo dia
Nunca teve inspiração
Ou experimentou mágia
De acordar de madrugada
Com uma estrofe soprada
Do amor, dor ou da alegria
Fazer verso sem amar
Tal qual comer de mordaça
Não sentimos o sabor
É mentira, só trapaça
De poetas embusteiros
Fingidores e fuleiros
Eu menosprezo essa raça
A essência da poesia
Está no nosso sentido
Perfume do ser amado
Grito de povo excluído
Um olhar mais apurado
Afago e tato apertado
Meu viva ao verso vivido.