Paraíba Masculina mulher macho sim sinhô

Paraíba Masculina mulher macho sim sinhô

É mulher Nordestina que o apelido pegou

Na sua pouca idade que desabrochou

Do instinto de coragem que do coração brotou

Esquecendo o passado que por lá ficou

Bem na flor da idade

Que no seu peito invade

Lembranças de um passado que já se foi

Daquilo que não se brota mais pelo “oi”

Restando somente a saudade

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Paraíba Masculina mulher macho sim sinhô

Da mulher que nasceu no pé da serra

Fez justiça em meio à guerra

Na mulher de coragem que mostra o seu valor

Com gente perversa bancando de impostor

Faz da maldade a má semente

Maltratando muita gente

Nas quebradas do sertão

Nos tempos em que a sequidão

Racha a terra com sol quente

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Paraíba Masculina mulher macho sim sinhô

É a mulher que faz revolução

Não faz muita questão

Essa já tomou pavor

De homem travestido de doutor

Que o seu poder impera

Faz do povo uma mazela

Quando este sequer tem o pão

Pra saciar fome no sertão

Na seca que é severa

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Paraíba Masculina mulher macho sim sinhô

É a mulher Nordestina que agita

Na pele de Maria Bonita

Que o Diabo enredou

No seu desejo que brotou

Vivendo entre bem e o mal

A conseqüência foi fatal

Entre Deus e Satanás

O Diabo lhe passou pra trás

A morte foi seu destino final

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Paraíba Masculina mulher macho sim sinhô

É a mulher em pele de homem

Como Luzia Homem

De um conto promissor

Que o tempo não levou

Para o mar do esquecimento

De um acontecimento

No sertão do Ceará

Na cidade de Quixadá

Com o final sangrento

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Paraíba Masculina mulher macho sim sinhô

É a mulher que tem o seu triste fim

Como teve Diadorim

Que Guimarães Rosa anotou

No seu conto que selou

O Grande Sertão Veredas

Em meio às enveredas

Do Sertão cortando o plano

Seja mineiro ou baiano

Que a história desenreda

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Paraíba Masculina mulher macho sim sinhô

É a mulher que não faz questão

Sobrevivendo no sertão

Seus períodos de horror

Da triste seca que levou

Quase toda a plantação

Do camponês do sertão

Sentindo o peso da dor

Do mal que ela causou

Matando toda a criação

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Paraíba Masculina mulher macho sinhô

É a mulher que se faz guerreira

Na beleza Nordesteira

Que no sertão brotou

Nesse jargão que ficou

Da mulher que vira macho

Nesse verso que encaixo

Pois toda mulher Nordestina

Sempre brota a sina

De ser uma mulher macho

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Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 20/03/2023
Código do texto: T7744979
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