Mapa do Cordel

O mapa do cordel é nordestino

Que segue o seu destino

Na literatura de cordel

Com poeta fiel

Provando que é menestrel

Na poesia Nordestina

Seu verso não afina

É letrado, possui rima

Uma bela obra prima

Nas quebradas do sertão

( 1 )

Eu falo e não desatino

O mapa do cordel é nordestino

Nos estados da região

Descrevo esse espaço

Sem qualquer embaraço

No modo de apresentar

Os poetas em seu lugar

De cima para baixo

Ou debaixo para cima

Apresento lá de cima

( 2 )

Os poetas que encaixo

No estado do Maranhão

Seguindo a atividade

Cada um na sua cidade

Defende a poesia nordestina

E também o seu sertão

Nesse enredo que fascina

Encantando a nação

Pois tem gente feliz

Nas ruas de imperatriz

( 3 )

Vendo uma linda poesia

Entoada no sertão

Apagando a melancolia

Na capital São Luiz

Vai seguindo seu rumo

Pra mais de léguas daqui

Chegando ao Piauí

Com poeta versando só

Na cidade de Campo Maior

Na pele de Vaqueiro do Sertão

( 4 )

Homens vestem o seu gibão

Trazendo em versos de poesia

Culturas desse lugar

Descendo de morro-abaixo

Subindo de morro-acima

Nesse verso que eu encaixo

Na capital Teresina

De poeta que não afina

Defendendo o seu sertão

Com forró, xote, baião

( 5 )

Com seu verso á improvisar

Lá pra bandas do Ceará

Em pele de matuto forte

No Juazeiro do Norte

Fazendo auto-recorte

Do contexto do cangaço

No cordel que eu faço

Desenredo sem embaraço

A capital Fortaleza

E as belezas da região

( 6 )

Da praia de Iracema

Se embrenhando pro sertão

Onde o matuto queima

Tomando o sol forte

Do Rio Grande do Norte

Onde capital é Natal

Tem poeta legal

Espantando a tristeza

Afastando a melancolia

Em meio às incertezas

( 7 )

Do Deus que tudo cria

Dias quentes e noites frias

Vou arrochando o nó

Na cidade de Mossoró

Com cabra bom de repente

Cantando os cabras valentes

Do cangaceiro Lampião

Que depois de uma pisa

Recebeu uma lição

Do povo dessa cidade

( 8 )

A história enfatiza

Com seus tons de verdade

O Cangaço na Paraíba

De sertão de morro-arriba

Ao sertão de morro-abaixo

Nada desafina

No verso que eu encaixo

Nos encantos da menina

Da cidade de Cabaceiras

Do matuto coçando a ‘muleira’

( 9 )

Por causa da chuva que não vem

Marcando bobeira

Não pediu ao Criador

Nem ao Cristo de Belém

Um sinal da chuva que vem

Seja na tristeza ou na dor

Tem poeta de valor

Onde o canto ressoa

Na capital João Pessoa

As belezas do Nordeste Brasileiro

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Como o matuto ligeiro

Na pele de vaqueiro

Que segue o seu destino

Vira vaqueiro Nordestino

No sertão pernambucano

Diz que foi em Pernambuco

Que tudo começou

O início e o plano

Desse ofício bruto

Que no sertão vingou

( 11 )

No Vaqueiro Nordestino

Por ironia do destino

A história dita

Na cidade de Serrita

Um tal de Raimundo Jacó

Que até hoje é lembrado

Por seu serviço prestado

Que preservando esse ofício

Foi morto e traído

Pelo companheiro de profissão

( 12 )

Lembranças de um ocorrido

Que marcou o sertão

Quem esquece o fato doído

Banca de grife

Na capital Recife

E expõe sobre tudo

Que aprendeu no sertão

Fazendo versos miúdos

Das épocas de apartação

De um bom boi sisudo

( 13 )

Que na ‘catinga’ é domado

Pelo vaqueiro do gibão

Em meio aos alastrados

Espalhados no sertão

Como um cupim de asa voa

Me mando pra as Alagoas

Em sentido as entranhas

Da cidade de Piranhas

Onde o São Francisco mora

Com lindas embarcações

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E seus lindos casarões

Correndo rio afora

Vai seguindo o Velho Chico

Desaguando lá pra fora

Lá no Oceano Atlântico

Da nascente á jusante

Com as águas desse gigante

Com direção a Maceió

Sigo arrochando o nó

Em direção a Sergipe

( 15 )

Ao som do estrondo

Do Cangaço em Poço Redondo

Que aterrorizou o sertão

Dando o fim ao bando de Lampião

Sem nenhum precedentes

Marcando os incidentes

Na Grota dos Angicos

Os cadáveres são registros

No museu de Salvador

Mostrando o universo da dor

( 16 )

Do Cangaço Brasileiro

Dou um passo ligeiro

Em sentido a Aracaju

Na beleza que emana

A capital sergipana

Vou seguindo mais ao sul

Em ritmo de alegria

Para o estado da Bahia

Do Raso da Catarina

Terra de Maria Bonita

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Ao qual Lampião

Botou o laço e a fita

O cangaço foi de cabo a rabo

Pelas bandas de Jeremoabo

Como em todo sertão

Com relatos de uma alcunha

Assombrando a população

E com sua voz impunha

Patente de capitão

Vou seguindo esse enredo

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Versando sem ter medo

De Petrolina á Juazeiro

Capitais da irrigação

Com águas cortando o sertão

No São Francisco pioneiro

Subindo de morro-acima

Descendo de morro-abaixo

O semi-árido é o clima

No cordel que eu encaixo

Na Chapada Diamantina

( 19 )

O meu verso segue a sina

Bem na boca do sertão

Lá no Norte de Minas

Tem Vaqueiro do gibão

Nas pelejas Nordestinas

Cuidando da apartação

Na pacata e portuária

Cidade de Januária

Onde reina o São Francisco

Não se pesca marisco

( 20 )

Mais tem muito surubim

Tem história de Antônio Dó

Que sofreu um triste fim

Pois digo num verso só

Foi morto a traição

Por um cabra do seu bando

Dando fim aos comandos

Do Cangaceiro do sertão

Bandoleiro do Norte de Minas

Que teve as suas sinas

( 21 )

Registradas em cordel

No folheto de papel

Relato os dias claros

Da cidade de Montes Claros

O coração robusto do sertão

Diga se de passagem

Tem uma linda paisagem

E é a nossa capital

Lembrando o marco inicial

Formando o Norte de Minas

( 22 )

No Nordeste Agropastoril

Relembrando muitas sinas

Que muita gente não viu

Seja do vaqueiro baiano

Ou do sertão pernambucano

Relatos desses heróis

Que desbravaram o sertão

Onde tempo não destrói

Os versos de um menestrel

Feito em mapa de cordel

( 23 )

Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 18/03/2023
Código do texto: T7743320
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