Cordelista do Sertão

Cordelista do sertão é um cabra arretado

Esse é um nordestino da gema

Não deixa se levar por avexado

Faz do cordel seu lema

Que já nasceu no seu sangue

Do poeta que não constrange

Com seu verso de cordel

Na pele de um menestrel

Vive se metendo em palco

Dispensa apresentação

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Esse segue seu encalço

Pra fazer declamação

Em meio às crianças de pés descalço

Nas quebradas do sertão

Cordelista no sertão

Também vive vidas secas

Convivendo entre-secas

Com a falta de pão

Das noites intrínsecas

De tamanha escuridão

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No compasso fiel

Clama ao Deus de Israel

Pedindo por misericórdia

Um socorro do céu

No tempo da discórdia

No romper da aurora

Muitos gemem e chora

Por não ter nada pra comer

Esperando ansioso pela chuva

Sertanejo agradece

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No tempo sem chuva

Pelo fruto do xique-xique

Que vem a florescer

Matando a fome no sertão

Nas casas de pau-a-pique

Um sorriso e um olhar

Que se vive a esnobar

No olhar da moça xique

Do sertanejo que resiste

Com o drama da seca

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De paisagens intrínsecas

Que no verão insiste

Castigar o sertão

No meio da sequidão

Vaqueiro na apartação

Entoa todo gado

Com seqüência de carreira

Em meio as ‘trouxeiras’

De jurema e alastrado

Vira causo contado

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Do folheto registrado

Pelas mãos do cordelista

Seu universo artista

Descreve o sertão

Do bando do cangaceiro

Ao coronel desordeiro

E o vaqueiro do gibão

Ou de homens pioneiros

Que aqui não fiz menção

É verso miúdo do cordel no sertão

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Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 17/03/2023
Reeditado em 18/03/2023
Código do texto: T7742668
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