Cabra da Peste

Ser um cabra da peste

É ser cabra do sertão

Todo cabra bom

Pra poder passar no teste

Tem quer ter descrição

De um cabra do Nordeste

É um cabra danado

Seu instinto é forte

Com seu rosto marcado

É um cabra do norte

( 1 )

Cabra avexado

Sempre desconfiado

Olhando pra todo lado

Como quem não manda recado

Sujeito de opinião

Todo cabra do norte

É um cabra arretado

No meio do mato fechado

A vequejada é o seu esporte

Quando sai cortado

( 2 )

No sertão emjambrado

Com jurema e alastrado

Cabra quando está doente

Pra ele não tem frescura

Seja uma dor de dente

Daquelas que de ninguém segura

Não precisa fazer tédio

Como medo de remédio

Pra encontra a cura

Quando a dor vem

( 3 )

Usa o melhor que tem

Quando tem doença no sertão

A melhor sugestão

É remédio forte

Pelas bandas do norte

Tem cabra da peste

Também tem cabra desmantelado

Quando não passa no teste

Sujeito desembestado

Tem a fama de bocó

( 4 )

Cabra sem noção

Motivo de mangação

Nas quebradas do sertão

Haja nome pra bota em cabra

É nome que não acaba

Todo cabra da peste

É um cabra bom

Não banca de cafajeste

Esse tem muito dom

Dom da “gota serena”

( 5 )

Que mete a cara na jurema

E também no alastrado

Mas o cabra quando é “abobado”

É “atolebado”, “atolemado” “abestalhado”

“desimbestado”, “desingonçado”, “desmantelado”

Cabra que não é ligeiro

Se queima com candeeiro

Só vive atrasado

Pelas bandas do Nordeste

Terra de cabra da peste

( 6 )

Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 16/03/2023
Código do texto: T7741873
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