Cabra da Peste
Ser um cabra da peste
É ser cabra do sertão
Todo cabra bom
Pra poder passar no teste
Tem quer ter descrição
De um cabra do Nordeste
É um cabra danado
Seu instinto é forte
Com seu rosto marcado
É um cabra do norte
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Cabra avexado
Sempre desconfiado
Olhando pra todo lado
Como quem não manda recado
Sujeito de opinião
Todo cabra do norte
É um cabra arretado
No meio do mato fechado
A vequejada é o seu esporte
Quando sai cortado
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No sertão emjambrado
Com jurema e alastrado
Cabra quando está doente
Pra ele não tem frescura
Seja uma dor de dente
Daquelas que de ninguém segura
Não precisa fazer tédio
Como medo de remédio
Pra encontra a cura
Quando a dor vem
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Usa o melhor que tem
Quando tem doença no sertão
A melhor sugestão
É remédio forte
Pelas bandas do norte
Tem cabra da peste
Também tem cabra desmantelado
Quando não passa no teste
Sujeito desembestado
Tem a fama de bocó
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Cabra sem noção
Motivo de mangação
Nas quebradas do sertão
Haja nome pra bota em cabra
É nome que não acaba
Todo cabra da peste
É um cabra bom
Não banca de cafajeste
Esse tem muito dom
Dom da “gota serena”
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Que mete a cara na jurema
E também no alastrado
Mas o cabra quando é “abobado”
É “atolebado”, “atolemado” “abestalhado”
“desimbestado”, “desingonçado”, “desmantelado”
Cabra que não é ligeiro
Se queima com candeeiro
Só vive atrasado
Pelas bandas do Nordeste
Terra de cabra da peste
( 6 )
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.