Só a lua por companheira
Poeta Airam Ribeiro
A minha visita triste
A este corpo fétido
Que ainda alí persiste.
O pó não lhe deu crédito
A cal não o consumiu
Por isso não desistiu
Deste túmulo patético.
- Sai do teu mísero habitat
Aqui fora está refrescante
Na serra a lua está a pontar
Juntos as estrelas cintilantes
Elas visitam a tua campa
Quiçá dizendo, levanta!
Deste lugar humilhante.
Teus amontoados de ossos
Que o tempo tirou as vestes
Em pó virará estes troços,
Já sabias quando viestes!
Estás no mundo das caveiras
Abandonastes as besteiras
E de lá, nada trouxeste!
Sozinho neste cemitério
Tens a lua por companheira
Seus raios nos seus mistérios
Vão iluminar a noite inteira
E banhar no mármore frio
Iluminando os epitáfios
Que está em cima da carneira.
Com frases muito frias
Pra não dizer vazias
Com cheiro de hipocrisia
Pra enganar um defunto.
Com ele ninguem ficou
A lua veio e clareou
E com ele pernoitou
Na cidade de pé junto.
Os mármores do cemiterio
Com a fria chuva do luar
Reflete o mar de mistérios
Que a noite mostra por lá
Ao som das corujas piando
O clarão vai nos mostrando
A melancolia do lugar.
Airam Ribeiro
DA Lei 9.610/98
País Brasil