O mundo do cordel
No cordel tudo é diversificado
Tem cordelistas no sertão
Que dispensa apresentação
Lá no seu estado
Tem cordelistas no litoral
E também na capital
Tem aqueles que são soltos
E também os avexados
Os que pegam versos dos outros
Mais do jeito emprestado
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Apresentado em festival
Um martelo agalopado
Ou no poema de Sarau
Um verso declamado
De um lindo arraial
Ou uma fazenda de gado
Com um lindo parreiral
Tem jurema e alastrado
Cobrindo o curral
Que prende a apartação
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Uma cocheira com sal
Seguido de um de varal
Que pendura o gibão
Um vaqueiro equipado
Apartando todo gado
Montado em seu Alazão
Empurrado pelo galope
Da pirata dando golpe
Se embrenhando no Sertão
Tem mandacaru enflorado
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Cobrindo o cercado
Bem num lugar ao lado
Uma jurema com alastrado
Na paisagem intrínseca
De um sertão castigado
Atingido pela seca
Logo bem ao lado
Uma casa de taipa
Cercada de pau-a-pique
Um engenho moendo garapa
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No olhar da moça chique
Um menino soltando pipa
No meio do xique-xique
Uma casa muito simples
Que enaltece a freguesia
Atendendo os requintes
Na borda de água fria
Um candeeiro a gasolina
Pela falta de energia
Nessa casa tem tramela
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Não encaixa maçaneta
O piso é de madeira
Não precisa de concreto
Lá se vive dessa maneira
De um jeito bem discreto
Não tem moto nem lambreta
Tem bicicleta monareta
Pra tocar a apartação
Esse é o jeito de cuidar
Do gado no sertão
( 6 )
Continuo esse cordel
Com poeta menestrel
No cordel do Litoral
Com as águas do mar subindo
Ora ela vai descendo
Ao clarão que vai sumindo
Já está anoitecendo
Tem marés que vão chegando
Outras que vão saindo
O poeta versejando
( 7 )
O povo todo curtindo
O cordel da capital
Com poesia encantando
Turista que vai chegando
Na cidade de Natal
Onde termino o cordel
No seu destino final
Com caneta e pincel
Mostrando arte do cordel
Do sertão ao litoral
( 8 )
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.