Cordel para Beth Baltar
Mestra Beth Baltar e a salvaguarda da memória e linguagem do cordel
Neste texto eu resumo
O trabalho dessa mestra
Que tanta dignidade
Ao nosso cordel empresta.
Sem excesso, quero crer,
Beth é, por assim dizer,
Regente de nossa orquestra.
Abro então esta fenestra
Em ligeiro apontamento
Falando da importância
Para o nosso movimento
Dos estudos de Baltar
Para sistematizar
Cordel e seu segmento.
Eis que, em dado momento,
Ela abraçou a cultura
Deste gênero cordel,
Compreendendo a seiva pura
Do notável cabedal
Supostamente banal
Passando à sua leitura.
O seu trabalho perdura
Na seara popular.
Pouco mais de mil folhetos
Passaram por seu olhar,
Organizando por tema,
Buscando o estratagema
Para o acervo organizar.
E assim Beth Baltar
Fez a Pós-Graduação
Sobre este tema cordel,
Sua classificação,
Em fina bibliografia
Buscando uma rota guia
E a recuperação
Dos folhetos em ação
Visando classificar
O discurso do cordel
E assim analisar
Os temas e conteúdos
Em apurados estudos
Da poética popular.
Glória a Beth Baltar
E o reconhecimento
Por parte dos cordelistas
Pelo seu discernimento
E esforço de uma vida
Para nos dar a devida
Valia e merecimento.
Rapidamente eu comento
Essa classificação
Da temática dos folhetos
Conforme a concepção
Dos estudos de Baltar
Que chegou a separar
Cordel de religião,
Cultura e educação,
Folheto de valentia,
Ciência, contos e crime,
Esporte e feitiçaria,
Peleja, morte e poder,
Erotismo e bem querer,
O cordel tudo abrangia.
Folhetos de putaria
Como os de Vavá da Luz,
Com assuntos sociais
Conforme muito traduz
O mestre Medeiros Braga
Em sua extensa saga
Que com lucidez produz.
Folhetos que nos seduz:
O romance do pavão,
Peleja de Zé Pretinho,
Chegada de Lampião
No inferno e também tem
A vida de Pedro Cem,
Cem quilos de inspiração
De temas em profusão,
Tudo escrito a contento.
A professora Baltar,
Sobre esse segmento,
Após muito pesquisar,
Buscou reavaliar,
Preservar do esquecimento.
Conforme o merecimento,
Professora Beth assume
Cadeira na Academia
De Cordel, fazendo o lume
Do grupo reacender,
Porque quer me parecer
Que atingiremos o cume.
Pelo menos se presume
Que o nível se expanda,
Com o cabedal que tem
E sua maneira branda
De tratar o semelhante,
Auxiliará bastante
Para suprir a demanda
De saber, que é quem manda
Na nossa congregação.
Quanto mais gente erudita
Mais se expande a evolução.
O cordelista aprimora
Seu mister com a escora
Do bom-tom e educação.
Defendendo sua ação,
Ganhou o Prêmio Rodrigo
Melo Franco de Andrade
Por sustentar em artigo
E promover o cordel
Em aclamado painel
Com raciocínio amigo.
O cordel sempre em perigo
De invisibilidade
E constante pouco-caso
Recebe apreço e amizade
Dessa nobre professora
Que é mais do que leitora,
É sócia dessa irmandade.
Com grande capacidade,
Fez a indexação
Dos folhetos de cordel
Com a utilização
De um mesmo vocabulário,
Facilitando ao usuário
Acessar com precisão
O sistema em evolução.
O cordel, de forma plena,
Trabalha com a linguagem.
O tempo sempre condena
Ao olvido esse modelo
E Baltar, com muito zelo,
Construiu e pôs em cena
Um conjunto que engrena,
Em ação de excelência,
Ferramentas de abordagem,
Preservação e ciência
Com o contexto social,
Facilitando o canal
Em formidável docência.
Com amor e com prudência,
Beth Baltar estudou
Centenas de cordelistas,
Sua obra analisou,
Concebeu a teoria
E a bibliografia
Conservou e avaliou.
Os ciclos classificou,
Facilitando ao cordel
Ter estudo adequado
Em rigoroso painel,
Registro em qualquer suporte
Em primoroso recorte,
Abonando o menestrel.
Eu quero então ser fiel
Ao pensamento geral
Dos poetas de bancada
Em um conceito cabal:
O cordel muito agradece
A Baltar que nos fornece
Dignidade e aval.
E como ponto final,
Nossa grata Academia
Reconhece este termo
Biblioteconomia
Como uma palavra-chave
Para quem busque e escave
O cordel e sua via.