O desgosto da política
Quando a vida não tem gosto
As coisas ficam sem gosto
Semeando o desgosto
Nas quebradas do Sertão
É gente sem bom gosto
Como um pau que nasce torto
No meio da vegetação
Talvez esse desgosto
Seja a corrupção
Pois entra ano e sai ano
( 1 )
No Sertão eu faço plano
A tal corrupção
Parece não findar
Nas quebradas do Sertão
Vou do Sertão á beira-mar
Sem ter hora pra voltar
Que essa tal corrupção
Está no mesmo lugar
É um jogo de dado
Como diz o ditado
( 2 )
‘pau que nasce torto’
Mesmo depois de morto
Nunca vai se endireitar
É o modo de falar
Quando o povo do Sertão
Deixa se vender
Por não ter o que comer
Nenhum pedaço de pão
Ou por falta de dinheiro
Semeando o desespero
( 3 )
E desemprego na nação
É matuto sem dinheiro
Precisando dum milheiro
Pra levantar a construção
Não foge do contexto
Fazer voto de cabresto
Por causa de um tostão
Aquele dinheiro
Que mata o desespero
De quem não tem isqueiro
( 4 )
Pra acender o fogão
Os seus filhos oprimidos
Por não ter um dividido
Um caroço de feijão
Pra colocar em sua mesa
Diferente dessa mesa
Bancando de realeza
Granfinos engravatados
Que não sente os fardos
Da miséria e da pobreza
( 5 )
Tem caviar na mesa
Tem pra dá e vender
E o pobre a morrer
Na fila dos hospitais
Pois do Sertão aos carrascais
Os abismos são mortais
É criança morrendo de inanição
Por que foi mais uma vitima
Da falta de alimentação
Que deixe o país subnutrido
( 6 )
Totalmente corrompido
Com a tal corrupção
Infelizmente é doído
O Estado sem ação
Negociar seu voto
Por não ter nenhum tostão
Ou trocar por um mieiro
Pra subir a construção
Não caia nessa não
Seja uma voz ativa
( 7 )
No meio de gente passiva
Nas quebradas do Sertão
Seja homem ou mulher
Não banque o ralé
Seja um cidadão honesto
Praticando o que é certo
Tendo que convicção
Que tudo que é incerto
Vem do político desonesto
Dando uma de esperto
No meio do Sertão
( 8 )
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.