Cordel: Povos indígenas/resistência
Peço licença meus amigos
Queiram aqui me escutar
É sobre um tema interessante
Que aqui eu vou falar
Peço que fiquem atentos
Pois esse é o momento
Em que farei você pensar
Pare um pouco e reflita
Sobre a sua história
Quem foram seus ancestrais?
O que carrega na memória?
O que foi que lhe contaram
Sobre essa terra que “acharam”
Sobre o triunfo e a glória
Me diga, se possível
Quem essa terra encontrou?
Qual é a história certa
Que um dia alguém contou?
Me diga, quero saber
Quero também entender
Me responda, por favor!
Me responda, quem foram os povos
Que um dia chegaram aqui
Os primeiros habitantes
O que dizem por aí
Dizem que foram uns adoidados
Que viviam seminus, pelados
Um tal de povo tupi
Um povo abestalhado
Que amavam a natureza
Que não pensavam no capital
A terra era a maior riqueza
Que em cada árvore que via
Conversava e sorria
Achando graça e beleza
E assim, naquela época
A floresta era respeitada
Pois esses seres entendiam
Que sem ela não eram nada
Nesta época, a terra-mãe
Era de fato amada
Contaram que esse povo
Eram feitos animais
Amavam uns aos outros
Eram unidos e cordiais
Não pensavam em maldade
Só tinham felicidade
Eram seres irracionais
Mas contaram de modo errado
Dizendo ser tudo feiura
Esqueceram então de dizerem
Daquela bela cultura
Da demasia beleza
De tamanha e tal grandeza
Daquela bela ternura
A alma gela o corpo sangra
Escorrendo em tamanha dor
Em poucos séculos, o mundo
Logo, então, se transformou
Mostrando ao povo e ao mundo
Em sentimento profundo
O que tem de mais valor
A roupa que eles não usavam
Diziam da humildade
Vestiam o mais nobre linho
De mais forte autenticidade
Pode perguntar-se qual é
Lhe respondo com coragem e fé
O caráter e a fraternidade
Fico a imaginar
O que esse povo pensava
Aqueles originários
De quem a pouco falava
O respeito pela natureza
Não dizia da ganância e riqueza
Mas do ar que respirava
Se tirar a natureza
Todo pau-brasil e pinheiro
A Amazônia e toda a floresta
Retirando-lhes o madeiro
Talvez o povo entenda
E na dor, então, compreenda
Que não se pode respirar dinheiro
Pois esses ditos “abestalhados”
Sabiam o que estavam fazendo
Plantava um alimento saudável
Aos poucos iam sobrevivendo
Com toda naturalidade
Usando a sustentalibilidade
Para não ver seu povo morrendo
A história que nos contaram
Encobriram o valor
Caro, amigo, os indígenas
Tinha um futuro promissor
Excluíram quem descobriu
Quem primeiro nossa terra viu
Com tamanha crueldade e sem pudor
Esconderam de nós o tempo todo
A verdadeira história
Falaram dos indígenas sempre
Como um povo sem vitória
Mas aos poucos estão vencendo
Mesmo ainda que estejam morrendo
Isso está em nossa memória
Quem um dia descobriu isso tudo
Há muito tem sido ignorado
Muitos mortos, já sem vida
Com corpos estigmatizados
Pelo ódio e rancor
Do branco colonizador
Deixando a todos assustado
Vou ficando por aqui
Os meus versos, declamando
Peço perdão a você
Se não estive agradando
Mas, sinto muito em dizer
Você precisava saber
Do que aqui venho falando
Que a vida desse povo
Que há muito foi esquecida
Em nossos textos e livros
Merecem atenção devida
Que escrevamos, então,
Sobre a origem da nação
Em todo tempo da nossa vida.
Autoria: Davi dos Santos
06 de março de 2023