Filho matuto

Sou um filho matuto

Das quebradas do Sertão

Aprendi a ser bruto

Numa brava condição

Faz o tempo ficar de luto

Quando muda a estação

Na pele do matuto

Mudando a situação

No meu corpo franzino

Aprendi desde menino

( 1 )

O sistema no Sertão

Dos tempos que labutava

Do roçado a plantação

Quando meu pai me ensinava

Os ofícios do Sertão

Na pele de quem estudava

Almejando uma profissão

O tempo se passou

Na vida de quem se formou

Na escola do Sertão

( 2 )

Dou muito valor

O pouco que meu pai me ensinou

Daquilo ele deixou

Com sua simplicidade

Não teve conhecimento

De um doutor de faculdade

Mais teve discernimento

De me ensinar com humildade

Creio sem dúvida alguma

É coisa que faculdade nenhuma

( 3 )

É capaz de ensinar

No ato de se formar

Seja aqui ou acolá

No campo da formação

Não vivo de diploma não

Aqui nem tudo cola

Pois minha maior escola

Foi à escola do sertão

Pensam que aqui tudo é esmola

Que vivemos vida de cão

( 4 )

Sou mais um sobrevivente

Não sertão ‘indigente’

Nos confins dessa nação

Nem tudo aqui é luto

Vira superação

Vou deixando meu tributo

Da árvore que se fez fruto

Que me deu inspiração

A vencer nesse sertão

Como um filho matuto

( 5 )

Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 10/03/2023
Código do texto: T7737334
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