Inácio e Romano: Anjos da anunciação
Inácio da Catingueira
Tornou-se muito afamado
Por um dia ter enfrentado
O "galego" de Teixeira.
Foi assim que nasceu a primeira
Cantoria aqui do sertão
Sendo que a concentração
Dessa histórica "peleja"
Se deu ao lado da igreja
No beco da Conceição.
Já Romano de Teixeira
Foi um monstro consagrado
Por também cantar ao lado
De Inácio da Catingueira.
No cinturão, a peixeira
Cara de "brabo" e gibão.
Parecia um azulão
Açoitando a ribanceira;
De mãe d'água a Cabaceira
O maior da região.
Soube pelos mais antigos
Que a bendita cantoria
Perdurou por mais de um dia
Tornando os dois bons amigos.
Os versos embora leigos
Divertiam a freguesia
Por isso ninguém queria
De lá arredar o pé
Cachaça, chifre e mulher
Os "mote" que mais se ouvia.
O duelo daqueles dois
Ficou imortalizado
Pra poder ser estudado
Ontem, agora e depois.
Uma carroça, dois bois
A porteira, mel mascavo
Flor rameira, abelha e cravo
Imagens do meu sertão
Anjos da anunciação:
Um vaqueiro; outro, escravo.
Uma homenagem singela
Esta que agora vos faço
Imaginando qual laço
Volteio por cima dela.
A mais viçosa donzela
De toda esta redondeza
Não se iguala em beleza
Aos versos que produziram
E por isso lhes cobriram
De bençãos, a natureza.