Inácio e Romano: Anjos da anunciação

Inácio da Catingueira

Tornou-se muito afamado

Por um dia ter enfrentado

O "galego" de Teixeira.

Foi assim que nasceu a primeira

Cantoria aqui do sertão

Sendo que a concentração

Dessa histórica "peleja"

Se deu ao lado da igreja

No beco da Conceição.

Já Romano de Teixeira

Foi um monstro consagrado

Por também cantar ao lado

De Inácio da Catingueira.

No cinturão, a peixeira

Cara de "brabo" e gibão.

Parecia um azulão

Açoitando a ribanceira;

De mãe d'água a Cabaceira

O maior da região.

Soube pelos mais antigos

Que a bendita cantoria

Perdurou por mais de um dia

Tornando os dois bons amigos.

Os versos embora leigos

Divertiam a freguesia

Por isso ninguém queria

De lá arredar o pé

Cachaça, chifre e mulher

Os "mote" que mais se ouvia.

O duelo daqueles dois

Ficou imortalizado

Pra poder ser estudado

Ontem, agora e depois.

Uma carroça, dois bois

A porteira, mel mascavo

Flor rameira, abelha e cravo

Imagens do meu sertão

Anjos da anunciação:

Um vaqueiro; outro, escravo.

Uma homenagem singela

Esta que agora vos faço

Imaginando qual laço

Volteio por cima dela.

A mais viçosa donzela

De toda esta redondeza

Não se iguala em beleza

Aos versos que produziram

E por isso lhes cobriram

De bençãos, a natureza.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 10/03/2023
Reeditado em 10/04/2024
Código do texto: T7737321
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