De Poço Redondo á São Francisco

Surgiu uma história

Não passa de fictícia

Em meio às estórias

Que o homem atiça

Aqui no Sertão Mineiro

Surgiu um convesseiro

Que o Cangaceiro Lampião

Viveu e morreu

Nesse Sertão

Eita história pra boi dormir

( 1 )

Que faz agente repeti

Falta informação

Pois tem Cabra sem noção

Plantando informação

Ficando famoso no Sertão

E plantando notícia falsa

Pra acabar com a farsa

Vou de Poço Redondo á São Francisco

Explicando o Cangaço

Acabando com esse embaraço

( 2 )

Em mil novecentos e trinta e oito

O Sertão estava afoito

Com o Cangaço de Lampião

E relatos do alcunha

Aterrorizando o Sertão

Mas o Estado impunha

Fim da revolução

Promovida pelo Cangaceiro

Que no Nordeste inteiro

Tinha voz de prisão

( 3 )

Milhões de contos de reis

Era o preço pago

Há desse cabo

Ao terror dos coronéis

De acordo com os fatos

Há relatos

Que o então Capitão

Virgulino Ferreira

Almejava deixar o Sertão

Deixando a vida desordeira

( 4 )

Para viver no Sul do país

Mas, na terra chafariz

O Estado Brasileiro

Planejava dá fim no Cangaço

Do Cangaceiro

Nessa queda de braço

Todo Sertão do Nordeste

Estava infestado de volantes

Do São Francisco ás jusantes

As bandas do agreste

( 5 )

A procura do paradeiro

De tal Bandoleiro

Que no Nordeste inteiro

Tinha a proteção

De grupos de coiteros

Espalhados no Sertão

Certos coronéis, religiosos,

E alguns revoltosos

Que defendiam cangaceiros

Como um tal de Padre Cícero

( 6 )

Que no lero-lero

Misturou o Clero

Com o Banditismo do Sertão

Atendia mais Lampião

Do que a religião

Virgulino sabia do perigo

O risco de não ficar vivo

Com as persigas no Sertão

Motivo de perseguição

E a vida no Cangaço

( 7 )

Planejou ser fazendeiro

Longe desse embaraço

Pois o Cangaceiro

Almejava regressar

Pra Minas Gerais

Ou pro estado de Goiás

E por lá ficar

Na companhia do ex-cangaceiro

Sinhô Pereira

Que se tornou fazendeiro

( 8 )

Nessas terras altaneiras

Mesmo com essa decisão

Em qualquer ocasião

Lampião sabia

Que jamais fugiria

Pras bandas dos gerais

Pois do Sertão aos Carrascais

Estava infestado de volantes

Querendo a sua cabeça

Desejo semelhante

( 9 )

Queriam de António Dó

Que era o cabeça

Do Cangaço nos Gerais

Que nesses carrascais

Foi morto a traição

Por seu próprio Cabra

Dentro do Sertão

Essa história não se acaba

Aqui não

Como Lampião

( 10 )

Entraria no Sertão

Das Minas Gerais

Após morte do Cangaceiro

Que dominou esses carrascais

E foi seu antecessor

Na história do Cangaço

Eram tempos de muita dor

E nessa queda de braço

Todos os estados se armaram

Querendo o fim

( 11 )

Do Banditismo no Sertão

Aramaram-se afim

De acabar com a confusão

Em Minas, Bahia, Sergipe,

Pernambuco, Paraiba, Rio Grande do Norte

Ceará, Piauí e Maranhão

Acabando com a grife

De outro matuto do norte

De nome Lampião

Pois a volante mineira

( 12 )

Não iria fazer besteira

Sendo dominada novamente

Por um Cabra tão valente

Quanto António Dó

Mas a ordem era uma só

De prender Lampião

Em qualquer desses estados

Sendo fazendeiro ou não

O recado tava dado

Lampião dificilmente

( 13 )

Entraria nos Gerais

Segundo consta nos anais

Pois não seria diferente

Saber que esse percurso

Estava cheio de volantes

Querendo a sua cabeça

Não tinha outro recurso

Em meio aquela seca

De enfiar numa arapuca

Como a Grota dos Angicos

( 14 )

Qualquer fuga era risco

Pois nas quebradas do Sertão

De Minas ao Maranhão

Seria recebido a bala

A cabroeira se cala

Pelas bandas de Poço Redondo

Quando ouve o estrondo

Do seu Cangaço ruir

Em mil novecentos e trinta e oito

Seu Cangaço acaba aqui

( 15 )

Na Grota dos Angicos

Com seus Cabras afoitos

Pois 13 morreram ali

Pondo fim nesse conflito

Com a morte de Lampião

Refutando esse mito

Do Cangaço no Sertão

Pois aqui eu me arrisco

Sem qualquer refutação

De Poço Redondo á São Francisco

( 16)

Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 28/02/2023
Código do texto: T7729942
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