Maria Bonita

Lá no Raso da Catarina

Extremo Sertão Baiano

Meu cordel assina

Sem sair do plano

Essa história vou contar

Começa nas bandas de lá

Termina nas bandas de cá

Quando Lampião

Reduziu os ‘macacos’ no Sertão

Saindo do Pernambuco

( 1 )

No saldo e no lucro

Junto da cabroeira

Que sobrou daquela bagaceira

Adentrando o São Francisco

No Raso da Catarina

Onde conheceu Maria D’Edea

Nessas bandas do Velho Chico

Completando essa rima

Se é D’Edea

Ou Bonita

( 2 )

Sei que essa história agita

As quebradas do Sertão

Antes de conhecer Lampião

A jovem moça

Já era louca

Pela valentia do Cabra

Apaixonada pela sua força

Largando o seu marido

Com fama de traído

Pra viver com Cangaceiro

( 3 )

Fogo no Braseiro

Foi essa vida no Sertão

Vivendo nesse salseiro

Feito vida de “cão”

Destruiu sua beleza

Servindo com gentileza

O tal Hobin Hood do Sertão

Em pele de mulher

Fez papel de ralé

As ordens do capitão

( 4 )

Uma verdadeira mulher

Cairia nisso não

Triste são as moças

Que foram forçadas

Entrando nessa emboscada

Servindo o cangaço a força

Maria era muito bonita

Mas se juntou com Lampião

A história incita

Seu terror no Sertão

( 5 )

Assaltando os tabuleiros

Pois esse desordeiro

Parecia filho do “cão”

Maria sua mulher

Fazia o que quer

Na sua decisão

Defendendo o capitão

Diante da Cabroeira

Nessa vida inteira

Nunca provou do amor

( 6 )

Pois só teve desamor

Provando o dissabor

Da alegria em dor

Duma vida passageira

Perdendo a vida inteira

Nesse mundo de ilusão

Do Cangaço no Sertão

Vivendo as dores de um parto

Nesse destino farto

De muitas desilusões

( 7 )

Nessas sequidões

Dara a luz a uma criança

Que jamais pode criar

Ficando na lembrança

O inferno desse lugar

Chamado Cangaço do Sertão

Destino sem sorte

Foi viver com Lampião

E de peso levou a morte

De traição

( 8 )

Pois João Bezerra

E Francisco Ferreira

Deu fim naquela confusão

Pois naqueles anais

Não agüentava mais

Tal governador do Sertão

Pondo fim no conflito

Morrendo em Angicos

Lampião e Maria Bonita

E alguns cabras

( 9 )

Aqui o cordel acaba

Mais a história incita

Tal Maria Bonita

Mulher de Lampião

Que trocou o seu marido

Pelo alcunha do Sertão

Antes um marido traído

Que o mundo da perdição

Por que o mais dolorido

É a morte de lição

( 10 )

Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 27/02/2023
Reeditado em 28/02/2023
Código do texto: T7729257
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.