Corisco

Neste cordel escrito

Apresento Corisco

Foi cangaceiro no Sertão

E vingador de Lampião

Pra ser mais concreto

Cristino Gomes da Silva Creto

Jovem flagelado da seca

E da divisão das cercas

Que dominavam os Sertões

Do Nordeste Brasileiro

( 1 )

Coube ao cangaceiro

Reprimido nos rincões

Jamais curvar o chapéu

Diante de um coronel

Pra estes não muchou a orelha

Pois desafiou a vida alheia

Nem a autoridade teve clemência

Muito menos a obediência

Desse cangaceiro

Temido no Sertão inteiro

( 2 )

Durante o cangaço

Nesse cordel que faço

Relato o genocídio

Seu primeiro homicídio

Nas quebradas do Sertão

Traçando seus planos

E com 17 anos

Não teve compaixão

Assassinando um jovem

Protegido de coronel

( 3 )

Iniciando a desordem

Do cenário infiel

Da história do cangaço

A história descreve os rastros

Do Coronel versus Bandoleiro

Do Bandoleiro versus Coronel

Entre o fogo ao léu

A autoridade era farsante

Retrato dos conflitos

Dos cangaceiros com as volantes

( 4 )

Que chamada de “macacos”

Que em qualquer agito

Perecia junto aos cactos

Restando só os cacos

Da polícia do governo

Que agia com desgoverno

Matando a traição

A morte de Lampião

Fez Corisco percorrer o Sertão

( 5 )

A procura das volantes

Naquela vida errante

Muito antes

Pelas bandas cá

Ao lado de Dadá

Mulher faceira

No qual escolherá

Como sua companheira

E com seu próprio cangaço

Sempre esteve no rastro

( 6 )

Dos policiais do governo

Que teve o desgoverno

De matar seu companheiro

Lampião o “cangaceiro”

Lampião fora seu amigo

Nunca foram inimigos

Vivendo os encontros

Em meio aos desencontros

Queria a revolução

Do Cangaço do Sertão

( 7 )

Naquela vida agressiva

No meio da jurema viva

Entre idas e vindas

Não poupava a sua vida

Em defender seus cabras

No meio da seca braba

Peitava até o capitão

Caso algum cabra

Estranhasse os cabras de Lampião

Em qualquer confusão

( 8 )

Nas quebradas do Sertão

Amizade falava forte

Sobre dois cabras do norte

Corisco e Lampião

A vingança serviu de lição

Mas coube o destino

Que o tenente Zé Rufino

No meio do Sertão Nordestino

E sem coragem na mão

Matou Corisco a traição

( 9 )

Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 27/02/2023
Código do texto: T7729253
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