POTOCAS DO COMPADRE CHICÓ OU CORDEL DE UMA RIMA SÓ

Há tantos anos atrás

Contou Compadre Chicó

Morador do fim do mundo

Revendedor de Brechó

Inspirador das montanhas

Dançador de Carimbó.

Quantos carimbós fiquei

Falando com o Chicó

Com suas belas histórias

Aprendi tudo de có

Pensei naquela montanha

Haja medo de Cocó.

Cocó tinha tanta casa

Cercada de girassol

Passava todo seu tempo

Tomando banho de sol

Com a sunga desbotada

Feita pelo Né Formol.

Formol inventava tudo

Criou também futebol

Jogava toda manhã

Com bola de Rouxinol

Que nunca perdeu partida

Bem lembrou Zé Arrebol.

Um arrebol encantado

Tinha nome de Mongol

Ninguém chegava por lá

De forte calor do sol

E quem desobedecesse

Logo pegava Terçol.

O Terçol era tão forte

E com irmão Caracol

Tomou bastante cachaça

E tirou de lá o sol

Trouxe pro lugar a lua

Coberta por um Lençol.

Do Lençol daquela terra

Se fazia paletó

Uma fábrica gigante

Por nome de Cafundó

Exportava tanta roupa

Carregada num Trenó.

O Trenó tinha motivo

Pra falar de Badaró

É que toda sua raça

Começar por Zé Potó

Morria tudo de medo

Por temer o Jericó.

Jericó quando gritava

Pra Dona Zefa do Ó

A cumade fulosinha

Tome surra de cipó

Pois a mulher encantada

Foi se ver com Seu Dodó.

Dodó explorado tanto

Quis ter um lugar sem pó

Levava pisa de dia

A mando de Badaró

Era tanta cipoada

Da caipora de Caicó.

O Caicó teve casório

Com padre Nô Curió

Que logo depois da Bença

Na frente de Badaró

Disse tá também cansado

Com saudade do Bozó.

Bozó repentinamente

Pede pra borogodó

Que seu mano não fizesse

Nada mesmo por si só

Tivesse pena do povo

Das bandas de Mossoró.

O Mossoró das antigas

De batismo Jericó

Depois da guerra se ver

Pelo nome Seridó

Já tinha gente pedindo

Pra se chamar Chapecó?

Chapecó nunca vingou

Por força de Mororó

Irmão caçula do chefe

Chamado de Badaró

Pois este jovem guerreiro

Quis de volta Jericó.

Jericó nas eleições

Quem ganhou foi Seridó

A montanha já crescendo

Não vão desatar o nó

Houve depois tanta guerra

Quem venceu foi Badaró.

Badaró engrossa voz

Quando falam espanhol

Na costas do gavião

Trouxe jogo voleibol

Aprenderam com a mão

A medir Colesterol.

Colesterol não se cura

Expulsaram espanhol

Botaram trezentos homens

Pra rezar num urinol

Sem ter tempo de benzer

O tal senhor Besteirol.

O Besteirol fez carreira

E pegou seu guarda-sol

Desceu ladeira correndo

Parando lá no farol

Dizendo pra todo mundo

Que borrou seu Cachecol.

Cachecol não se plantava

Diz Rosita Caritó

Uma montanha pequena

Reinada por Rabicó

Comprava só alimentos

Em troca de rococó.

Rococó virou tecido

Feito do preá mocó

Mandada pros estrangeiros

Com a marca da Vovó

Símbolo de qualidade

Vendido pro Faraó.

Faraó declarou guerra

Praquele líder Bocó

Foi luta das mais sangrentas

Vencida por Badaró

Os derrotados foram

Dados para Mororó.

Mororó chegando lá

Criou logo xilindró

Botou lá os revoltados

Pra pagar com pataxó

Receber grana do preso

Que depois ficou cotó.

O Cotó bem atiçado

Tendo posse dum anzol

Dava risada tremenda

Sem pensar no tilenol

Dentro da palha da cana

Encontrou com etanol.

Etanol foi combustível

Duma Loja Moxotó

Aquela nova parceira

Do prefeito Mororó

Nossa melhor investida

Pra produzir Caxitó.

Caxitó tem tanta posse

Dela fez forrobodó

Procurou venda de terra

Com Joana, seu xodó

Cabrita linda da peste

Caçula de Rabicó.

Rabicó dono do frio

Vez em quando tororó

Fazendo nascer a chuva

Batizada Fiofó

Assim mesmo conhecida

Nas terras de Badaró.

Badaró criou produtos

Dumas carne de socó

A comida saborosa

Por nome de bororó.

Isso tudo provocou

A chegada dum bocó.

O Bocó ganancioso

Quis tomar Tegipió

Sem querer ir para guerra

Mandou seu mano Soró

A coisa logo pegou

Foram jogar dominó.

O Dominó virou dança

Pelo nome de Forró

Tinha nela pensador

Conhecido por Filó

Invencível nas batalhas

Só temor por Badaró.

Badaró lá nas montanhas

Liderada por Cocó

Saiu lambendo seus beiços

No caldo de mocotó

Foi quando teve vitória

Do fraco Mané Mocó.

O Mocó teve fazenda

Comprada por bisavó

Nunca sei se é verdade

Desse Compadre Chicó

Que só prende gente braba

Que nunca pegou Boró.

No Boró dando tragadas

Latia seu Cão Filó

De vez em quando chegava

Um gostoso pão de ló

Feito por Comadre Santa

Prima rica de Chicó.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 27/02/2023
Reeditado em 11/10/2024
Código do texto: T7728944
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