O Cangaceiro

Vou falar do cangaceiro

Das quebradas do Sertão

No Nordeste Brasileiro

Fez justiça com as próprias mãos

Bancando de justiceiro

Por causa da opressão

Contra coronel ordeiro

Que gozou satisfação

De bancar de desordeiro

Mandando no Sertão

( 1 )

Coube o cangaceiro

Fazer revolução

Do Sertão aos tabuleiros

Por tamanha ingratidão

Por não ter dinheiro

Sofreu grande aflição

Na realidade que atrai

A antiga lembrança

Dos tempos de criança

Vivendo sem mãe e pai

( 2 )

Por causa da ignorância

Retrata a velha infância

Dos desmandos que não sai

Da vida de um sitiante

Tornando um retirante

Naquela seca cruel

Fugindo de um coronel

Sem nenhuma educação

Oprimindo o Sertão

Dizimando todo mundo

( 3 )

Causando combate profundo

Quis ser o primeiro

Só é mais um pioneiro

Pra formar um cangaceiro

Vendo tanta humilhação

Fazendo revolução

Nos desmandos do Sertão

Arrochado como alicate

Pronto para o combate

Desafia até cão

( 4 )

Longe de Deus, sem proteção

Corta a chuva que respinga

Atravessando a caatinga

E foi nessa ocasião

Que atiçou sua vingança

Vivendo pela matança

Se atentando com Coronel

Triste foi o papel

Vivendo do inferno ao céu

Quem escolhe dois caminhos

( 5 )

Mergulha nos desalinhos

Nessa vida vira réu

De tanto viver fugindo

Gente rica perseguindo

Nem de Deus tem proteção

Vive em cima do muro

Amontoa no monturo

Por tamanha traição

Vivendo no obscuro

Perdendo a salvação

( 6 )

Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel no Norte de Minas.

Moisés Aboiador
Enviado por Moisés Aboiador em 26/02/2023
Código do texto: T7728301
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.