Lampião
No meio do Sertão Nordestino
Tinha um tal de Virgulino
De Apelido Lampião
Entrou em triste caminho
Fazendo pacto com o cão
Entrou no desalinho
Botou fogo no Sertão
Onde todo mundo viu
O cabra com fuzil
Apontado em sua mão
( 1 )
Tudo tem um começo
E também um endereço
Onde tudo começou
A história do cangaço
E o momento de terror
Foi numa queda braço
Totalmente desleal
Um combate fatal
Misturando bem com mal
Triste foi o seu final
( 2 )
Pelas bandas de Serra Talhada
No Sertão de Pernambuco
Tinha um camarada
Um sujeito matuto
Por nome de Virgulino
Por ironia do destino
Um personagem Nordestino
Antes de tornar cangaceiro
Esse justiceiro
Era um sitiante
( 3 )
Junto com a família
Mas a ameaça é constante
Torna-se conflitante
Tira paz e a alegria
Gerando melancolia
No termo de Vila Bela
Atual Serra Talhada
Um conflito sela
Grande revolução
Nessa história contada
( 4 )
Nas quebradas do Sertão
Em meio ao Sertão Nordestino
Morava Virgulino
Junto com o seu pai Jose,
Sua mãe Maria e seus irmãos
Quando um cabra safado
Totalmente de migué
Bancando de valentão
Metendo-se onde quer
Foi-se o cabra descarado
( 5 )
Se meter no seu roçado
Não incitando confusão
Foi-se a família de Virgulino
No meio do Sertão Nordestino
Sem a chuva que respinga
De viver cortando ‘catinga’
Vivendo em outro lugar
Para as Alagoas foi morar
E nessas bandas do Sertão
Surge Virgulino ‘O Lampião’
( 6 )
Do Sertão do Pageú
Ao Sertão das Alagoas
Tinha gente traiçoeira
Como cobra urutu
Nessas bandas Nordesteira
Gente escuta igual teiú
Mesmo mudando o caminho
Fugindo como passarinho
A vida é um desalinho
Como água misturada ao vinho
( 7 )
Foi assim que sucedeu
No embrulho que aconteceu
Quando um cabra safado apareceu
Nas quebradas do Sertão
Sem pedir autorização
Atiçando um pé de guerra
Naquele pedaço de terra
Seu poder se contorceu
Com ameaças apareceu
Dizimando todo mundo
( 8 )
O estrago foi profundo
Foi assim que sucedeu
Quando Virgulino chorando
Vendo tudo o que aconteceu
No pai que morreu
Sua mãe chorando
E sua família se acabando
Lampião estava junto
Com seu irmão Antonio
Quando um bando de Jagunços
( 9 )
Do Sertão Nordestino
Fez tamanha crueldade
E por essa fatalidade
Tornou-se um desgraçado
Virando Cangaceiro
O mais destemido
Do Nordeste Brasileiro
Conta os boatos do Sertão
Que por Napoleão
Pegou inspiração
( 10 )
Sendo Cangaceiro no Sertão
Bastou um contato
Nas ‘catingas’ do mato
E pelo simples chapéu
Virou matador de coronel
Tornando o justiceiro
Personagem do Nordeste Brasileiro
Seja na cultura dos artistas
Ou no canto dos repentistas
Que em frase aleatória
( 11 )
Contam a sua história
Nessa narração que faço
Do Filme ‘Lampião Rei do Cangaço’:
“No centro de Pernambuco
No Nordeste Brasileiro
No ano de 900
Á 12 de Fevereiro
No termo de Vila Bela
Nasceu este Cangaceiro
Até os 17 anos
( 12 )
Viveu calmo e asossegado
E todos os conheciam
Como lutador honrado
Porém a fatalidade
Fez do homem um desgraçado “
Bem longe de Deus
Caminhou pro outro lado
Nesses versos que são meus
Em mais um fato contado
Que surgiu no Sertão
( 13 )
Pernambuco é o estado
Numa mesma ocasião
Atravessou pro outro lado
Como abelha que zoa
Parando nas Alagoas
Atiçou um combate profundo
Preparou sua canoa
Parecia fim do mundo
Nessa história que ecoa
Dando total razão
( 14 )
A cultura do Sertão
Diante da ocasião
Nessa mesma região
Virgulino Lampião
Recebeu alta patente
Trajando de Capitão
No Estado bateu de frente
Exaltado pela população
E odiado pela Nação
Na figura do Estado
( 15 )
Contra a revolução
No espaço tomado
Pelo Governador do Sertão
Foi esse o cargo dado
Ao Cangaceiro Lampião
Tanto em Pernambuco
Ou em outra região
No meio desse tumulto
Político só podia governar
Pelas bandas do mar
( 16 )
Do Pernambuco a Bahia
Da Bahia a Pernambuco
Só se via sangria,
Conflitos e tumulto
No meio dos matos
Se pegando com os “macacos”
As volantes do governo
Que na verdade
De autoridade
Não tinha nada
( 17 )
Um verdadeiro desgoverno
No meio dessa cambada
Incitando confusão
Oprimindo o camponês do Sertão
Pelas bandas da Bahia
Lampião encontra Maria
D´ edea ou Bonita
A realidade grita
O Cangaço de cabo a rabo
Pelas bandas de Jeremoabo
( 18 )
Lembrando as passadas
Dessas jagunçadas
Correndo a imensidão
Tomando conta do Sertão
Perseguiram coronéis
Por coronéis foram perseguidos
Por saquear notas de réis
Entoando o zunido
De um forte alarido
Dos combates do Sertão
( 19 )
Travando com o governo
O preço do desgoverno
Dos desmandos no Sertão
E naquela seca rude
Agiram de Hobin Hood
Em defesa da população
Onde o coito era proteção
De Virgulino Lampião
Não tem como não citar
O Cangaço no Ceará
( 20 )
Que do inferno ao céu
E seqüestro de Coronel
Gerava o ódio e revolução
De Lampião
Com os abastardos do Sertão
No ato de desacatar
O governo do Ceará
Contava com a proteção
Do Padre Cícero Romão
Naquele Sertão afoito
( 21 )
Do Juazeiro do Norte
Cabras desafiavam a morte
Procurando seu coito
Quem ousou ser forte
Morreu em 38
Cercado pelo estrondo
Dos tiros em Poço Redondo
Chamado de conflito
Da Batalha de Angicos
Ocorrido naquele ano
( 22 )
No Sertão Sergipano
Os cabras de Lampião
Nem tiveram reação
Morreram na emboscada
Com a cabeça cortada
Sem gozar satisfação
Ficando no Sertão
A figura do Cangaceiro
Personagem justiceiro
Retrato dessa canção:
( 23 )
“Olê muié rendera
Olê muié rendá
Tu me ensina a fazê renda
Que eu te ensino a namorá...
Lampião desceu a serra
Deu um baile em Cajazeira
Botou as moças donzelas
Pra cantá muié rendera...
Olê muié rendera
Olê muié rendá
( 24 )
Tu me ensina a fazê renda
Que eu te ensino a namorá...
As moças de Vila Bela
Não têm mais ocupação
Se que fica na janela
Namorando Lampião...
Olê muié rendera
Olê muié rendá
Tu me ensina a fazê renda
Que eu te ensino a namorá”...
( 25 )
De cultura fica o xaxado
O jeito e o gingado
De Lampião e Zé do Norte
Essa música é o recorte
Da figura do Cangaceiro
Um sujeito justiceiro
Que fez pacto com o cão
E por tal indecisão
Foi morto a traição
No meio do Sertão
( 26 )
Moisés Aboiador - Poeta de Literatura de Cordel de Jequitaí no Norte de Minas.