A FAMÍLIA PRIQUITO

Preste agora atenção

Nesta história popular

Uma família nordestina

Que tão logo fui pesquisar

A família dos priquitos

Desta agora vou falar.

Não queira se afobar

Meu grande caro leitor

Com este povo engraçado

Que logo se adaptou

Cada com mesmo nome

Quem foi que lhe botou?

A mãe chamava Zefa

No nome tinha priquito

O pai chamado Zé

Tinha este esquisito

Era um nome estranho

De falar nunca desisto.

O irmão também priquito

A família se completava

A irmã também caçula

Priquito lhe emanava

A família era esquisita

Esse nome acompanhava.

O primo Joaquim Priquito

Vendedor de rapadura

Quando ali chovia era

Momento de fartura

Esse Priquito era fogo

Gostava de tanajura.

Comadre Sebastiana

Prima de uma priquito

Se vendo agoniada

Perguntou ao Benedito

Porque tinha aquele nome

De modo tão esquisito?

Maria da Soledade

De Priquito era prima

Morava naquela gruta

Que tudo se contamina

Ela também era Priquito

Viciada em vitamina.

A Família Priquito

Não podemos esquecer

Ela é muito famosa

Estou tentando descrever

Com ele lindo nome

Quem foi logo escolher?

Na cidade brasileira

O Priquito é que mandava

A família tão orgulhosa

Desse nome gostava

Vivia se alegrando

Que o Priquito se rasgava.

A família Priquito

É mesmo uma sensação

De dia está no trabalho

De noite na procissão

Rezando pra todo santo

Em qualquer ocasião.

A Família Priquito

É bastante respeitada

Tem tanta gente importante

Outros não valem nada

Quem me contou assim

Foi o Priquito Zé Enxada.

Priquito é tão famoso

Em toda sua região

Por onde o cabra passa

Grita logo a multidão:

- Lá vai o genro Priquito

No caminho da perdição.

Chega de tanto Priquito

Me falou o velho Pajé

Que também tinha ele

Herdado da mulher

Batizado num dia de feira

Em frente de um cabaré.

Por onde se andava

Muito Priquito no lugar

Era tanta gente rindo

Querendo se amostrar

Só por causa do Priquito

Eu tinha que aguentar.

O Priquito da vendedora

Era muito diferente

Ela mesma me falou

Um tanto quase exigente

Foi botada pelo avô

Tomando uma aguardente.

A Família toda na sala

Ouvia o jovem Benedito

Que também tinha no nome

Este singelo Priquito

O povo dele faz parte

Porém, um tanto esquisito.

Nunca fui de reclamar

E nem tampouco de gritar

Porque se eu gritasse

Eu nunca mais ia parar

Os familiares dos Priquitos

Só querem mesmo se pabular.

A Família dos Priquitos

Não conhece a vantagem

Faz tudo em via reta

E não gosta de pabulagem

Os Priquitos tão ingênuos

Só enfrentam sacanagem.

Eu conheço Dona Priquito

A mais que poderosa

A mãe de todo mundo

Das Priquitos a mais gostosa

Uma briga entre os Priquitos

Sai cada coisa venenosa.

Até uma vizinha

Que era prima de Expedito

Também era da Família

Desse tal de Priquito

Ali todo mundo era

Batizado e bendito.

Nas redondezas da cidade

O Priquito tomava conta

De delegado a juiz

E cavalo bom que se monta

Todo mundo era Priquito

Até a cachorra Tonta.

Não havia no lugar

Nem um nome familiar

Toda gente da cidade

Podia saber e procurar

Era gente de batismo

Um Priquito tão popular.

Eu sair logo dali

Buscando me esconder

Nunca vi tanto Priquito

Naquele meu entardecer

Era Priquito pra todo lado

Ainda tinha pra conhecer.

O Priquito do padrasto

Ficou meio encabulado

Porque a sua mulher

Tinha o namoro acabado

Com um tal de Priquito

E nunca foi ele desejado.

Joaninha quando casou

Não quis o nome mudar

O noivo metido a besta

De Priquito não ia gostar

E assim se deu o fato

Quando Pedro foi se casar.

Por onde você andava

O Priquito estava ali

Fosse aonde fosse

Esse nome ia surgir

Era Priquito pra todo lado

Isso não me faz mentir.

Lembro neste instante

De uma rua bem engraçada

Tinha o nome de Priquito

E estava toda calçada

Era que o seu prefeito

Era Priquito de marmelada.

Eu nunca vi tanto Priquito

Morando ali juntinho

A Família toda unida

Igual a um passarinho

Que voa para longe

Mas não esquece o ninho.

E assim chego cansado

De tanta gente conhecer

Todo mundo era Priquito

Vá o povo entender

Naquele lugar arretado

Eu mesmo fui lá pra ver.

Cada esquina da cidade

Tinha Priquito de montão

O velho que animava

Aquele modesto São João

Vendia o seu produto

O Priquito do foguetão.

Nunca tente se enganar

Quando Priquito for assunto

Naquela cidade bacana

Tinha Priquito até defunto

No cemitério da cidade

Era Priquito de Pé Junto.

E assim chego ao final

Meu Cordel foi quem contou

Gente chamada Priquito

Nada que vi me assombrou

Espero ter agradado

Meu caríssimo leitor.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 20/02/2023
Reeditado em 13/09/2024
Código do texto: T7724023
Classificação de conteúdo: seguro
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