Meu pé de serra
Entre muitos pés de serra
Que a imensidão encerra
Na herança dessa terra
Carece meu pé de serra
Onde eu fui criado
Nesta vida desafiado
( 1 )
Pelo verso poetizado
Do meu cordel encantado
De tempos faceiros
Histórias de sujeitos ordeiros
E de cabras desordeiros
Do tanger do gado nos tabuleiros
( 2 )
Nos cantos do vaqueiro aboiador
Desafiando o terror
Das matas fechadas
Diante das fachadas
De árvores retorcidas
Que anima ate torcidas
( 3 )
Onde o animal desgarrado
Deve ser capturado
Sertão encantado
Do céu enluarado
De um universo de magia
Resultando em cantoria
( 4 )
Em terra de cabra da peste
Não há identidade que empreste
Tamanha inspiração
Falta ate instrução
Nos meus versos improvisar
Carece divulgar
( 5 )
No ato da divulgação
Das coisas do meu sertão
Minha vida embarca
Na história dos patriarcas
Diante desta ação
Não imputo confusão
( 6 )
O espaço concedido
Não cabe em cordel lido
No universo que atrai
Cabe o ofício do meu pai
Dentre muitos ofícios
Não carece sacrifícios
( 7 )
Nos atos de agricultor
Na lida do lavrador
O enredo inicial
Carece do dom magistral
No sertão medianeiro
Do Nordeste Brasileiro
( 8 )
Pai era sanfoneiro
Ofício dianteiro
Na terra do poeta
Que a humanidade empresta
No dom do conhecimento
Expressava o contentamento
( 9 )
Mediante o discernimento
Nas festas de casamento
Sem alcunha de palitó
Tocava todos os ritmos do forró
Não imputava confusão
Muito menos consentimento
( 10 )
Em promover demonstração
Do seu grande talento
No forró, xote e baião
Grande era á admiração
Por Luiz Gonzaga
Aqui não empresto vaga
( 11 )
Na composição desse repente
Vivo sempre sorridente
No passado promissor
De um povo lutador
Vivendo o encantamento
Difundindo o seu talento
( 12 )