Lá se foi o Sr. LUTO
Para aqueles que faz anúncio no face e stargram e não coloca o nome do presunto
Airam Ribeiro
Desculpe-me seu defunto
Não quero falar presunto
Longe da cidade de pé junto
É que acho uma palhaçada.
Você não tem um nome não?
Os que ficaram, seus irmãos
Nos anúncios é uma negação
Seu nome não consta nada.
LUTO por um tio, um marido
Um irmão, um esposo querido
Até a sogra e o sogro desvalido
Seus nomes no face não tem.
Ou é preguiça ou doidura
Enquanto você foi pras altura
Cá embaixo, ou criatura!
Aqui você foi um Zé ninguém.
Não teve um nome o coitado
No anúncio não foi citado
O som descambou pro outro lado
Só LUTO é que tava escrito
E o povo só lamentano
Sem saber o nome do fulano
Que foi esquecido por engano
E isso eu achei esquisito.
E outra vez passa o carro de som
Com a cantiga no mesmo tom
Achando qui o anúncio tá bom
E na ponta da rua nem anuncia.
E você fica logo curioso
Tá escutando raivoso
Entra em casa desgostoso
Sem saber quem foi, VigeMaria!
E o endereço então
Do cara que tá no caixão?
Ah! Ele é fio de Seu João
Da viúva dona Maria.
Que mora na rua de seu Zé
Perto da venda de Quelé.
E eu cá sem saber quem é
De raiva perdendo a alegria.
Sim, mas a rua qual é?
É a mesma que mora Zabé
A filha do véi de nome Gabrié
É lá que seu LUTO tá seno velado.
Intão pra não sair do sério
Disse: Chega de mistério!
Eu vou é lá pro cemitério
Onde o morto é interrado.
E haja meus sentimentos
Por ali naquele momento
Do dito falecimento
Por muitas pessoas de fé.
Mas me tirando do sério
Usaram de um mistério
Talvez seria critério
Pra não dar água, chá e café.
Lá se foi o Zé Ninguém
Foi simbora lá pro além
Muitos perguntam, foi quem?
Só LUTO foi o nome dele.
Então seu Luto foi simbóra
Morreu ninguém viu a hora
Assim disse uma senhora
Que dizia conhecer ele.