O SUBSTITUTO DO FINADO LUNGA

Se você é nordestino

Na certa já ouviu

Falar desse tal de Lunga

Que depressa sumiu

Foi morar no purgatório

Achando ser sanatório

Coisa que não se viu.

Na vida temos de tudo

Temos até substituto

Principalmente Seu Lunga

Pense num sujeito puto

Das bandas do Ceará

Que tinha tanto xará

Se chegou depois do luto.

O mesmo nome de Lunga

Veio logo na sequência

O cabra tinha defeito

Não media consequência

Um Lunga sem tirar nada

Tinha língua depravada

E tão pouca paciência.

Substituir é difícil

Já diz o velho ditado

O Lunga primeiro tinha

Todo sertão conquistado

Já o que lhe sucedeu

Tão depressa faleceu

Este cabra tão safado.

O Lunga não conseguia

Dizer uma safadeza

Este gentil ignorante

Duma fiel estranheza

Gostava de responder

Sem nem sequer entender

E tome certa brabeza.

Seu Lunga vendia troço

O segundo nem pensar

Esse é um mentiroso

Gosta de se pabular

Vive só dando cantada

Já levou tanta lapada

Mas não vai se segurar.

Olhe pro meu linguajar

Do nobre primeiro Lunga

Ensinou ser mais direto

Pro cego chamado Dunga

Que não soube distinguir

Mas, veja, vai conseguir

Pano de café de sunga.

Esta grande confusão

Dunga logo resolveu

Com ajuda de Seu Lunga

Café nunca mais bebeu

Deste pano fez cueca

No baralho da sueca

Nunca mais jogo perdeu.

Seu Lunga com tanta vida

Vendendo patifaria

Nunca que mijou nas calças

E não tinha putarias

Viveu suas ignorância

Tantas me deram substâncias

Para fazer poesia.

O segundo Lunga tem

Da minha parte tristeza

Na bodega que não teve

Só gostava de moleza

Nome feio vem da fala

Tão ligeiro feito bala

Cobre toda correnteza.

O finado Lunga gosta

De responder com humor

Dá cada resposta bruta

Que sobe tanto calor

Vassoura tem que varrer

O padre para benzer

Pra cantar só um cantor.

As ignorâncias tremendas

Pras bandas do Ceará

Os dois Lungas ganharam

Nos locais o bafafá

A dupla com a voz rouca

Audição quase que rouca

Não gosta de vatapá.

Lunga que é sucessor

Do cabra mais ignorante

Além dessa qualidade

Se dizendo viajante

Conhece todo Nordeste

É só fazer qualquer teste

Quem dos dois é mais pedante.

Seu Lunga chegou primeiro

E trouxe complicação

Sendo tema de Mestrado

De tanta reprovação

Tinha tudo na bodega

O seu linguajar não nega

Falta mais educação.

Quando Lunga quis morrer

Pra não dar tanta resposta

Se postou numa cadeira

Que fez doer toda costa

A boca toda fechada

Se calou, não disse nada

E peidou que saiu bosta.

Aquele tal substituto

Um canalha presepeiro

Dizendo que Lunga mesmo

Não tinha sido primeiro

Batendo no peito grita

Pra finada dona Rita

Deixasse ser conselheiro.

A Rita que foi mulher

Desse Lunga que vos falo

Se mudou dessa cidade

Não tentou ser do badalo

Deixou Seu Lunga Sozinho

Voou feito passarinho

Para te contar me calo.

Em Juazeiro do Norte

Seu Lunga fez história

Toda vez ficava puto

Mexendo com a memória

Ceará gosta de velho

Quase fiel evangelho

Com toda dedicatória.

Seu Lunga ficou famoso

Por ser bem ignorante

Todo povo de Juazeiro

Gostou tanto do falante

Até hoje sente saudade

Apesar da crueldade

Que se tornou constante.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 10/02/2023
Reeditado em 12/10/2024
Código do texto: T7716450
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