TODOS OS POEMAS EM DÉCIMAS
FAÇAMOS NOSSA NOTÍCIA AS PÉSSIMAS VÃO MORRER
Quando é pra ficar triste Leiam notas dos jornais Pauta dos Ocidentais Império nunca desiste Mudar foco, bem insiste Jornalismo do sofrer Absurdos desse poder Viver na nação fictícia Façamos nossa notícia As péssimas vão morrer.
QUANDO É PRA FICAR TRISTE LEIAM NOTAS DOS JORNAIS
Sou pele de fugitivo Quando fujo causo medo
Não guardo nenhum segredo Pra mexer meu cognitivo Gelo com aperitivo
Me transformo capataz
Da fazenda dos meus pais Dono do cavalo Alpiste Quando é pra ficar triste Leiam notas dos jornais.
SOU PELE DE FUGITIVO QUANDO FUJO CAUSO MEDO
Se fico vou dar o fora Se saio sou pensativo Na trilha bem mais ativo
Quem comigo vive, chora Quem chega também implora A volta não tem segredo
Sou novela sem enredo Mãos de punho criativo Sou pele de fugitivo Quando fujo causo medo.
SE FICO VOU DAR O FORA SE SAIO SOU PENSATIVO
Bem sabem estou chegando Lembranças trago comigo Das trilhas com um amigo Junto de mim trabalhando Tem viagem esperando
Me fiz deliberativo Sob o verbo educativo
Num cavalo sem espora Se fico vou dar o fora Se saio sou pensativo.
BEM SABEM ESTOU CHEGANDO LEMBRANÇAS TRAGO COMIGO
Venho das bandas do Norte Saudades trago na mente Daquela igreja de crente Onde rezei e fiquei forte Espantei pra longe a morte Do padre Jó fiquei amigo Doença não tem perigo
Observe o que estou contando Bem sabem estou chegando Lembranças trago comigo.
VENHO DAS BANDAS DO NORTE SAUDADES TRAGO NA MENTE
De que vale ser feliz
Se não tenho teu perdão? Vou fazer encenação Papel de bom aprendiz Intérprete, vil atriz
Estou contigo na frente Feito cabelo sem pente Dou gritos que tenho sorte
Venho das bandas do norte Saudades trago na mente.
DE QUE VALE SER FELIZ
SE NÃO TENHO TEU PERDÃO?
Volto com mais abertura Pra terra que me criou
Foi aqui que me fiz senhor Na infância com tanajura Brincadeiras de coruja Passado só emoção
Com amor no coração Quebrando tanto nariz De que vale ser feliz
Se não tenho o teu perdão?
VOLTO COM MAIS ABERTURA PRA TERRA QUE ME CRIOU
Estou chegando sem pressa Trago sã experiência
Com bastante competência Praquele que se interessa E nunca mais nada impeça São regras de quem voltou Pra contar tudo passou Nos percalços da tortura Volto com mais abertura Pra terra que me criou.
ESTOU CHEGANDO SEM PRESSA TRAGO SÃ EXPERIÊNCIA
Nas nascentes que passei Peixes calmos nadavam Meus olhos ali estavam Uma paz logo encontrei
O silêncio lá deixei Quem fala é a ciência Na fartura inteligência O filho pro lar regressa
Estou chegando sem pressa Trago sã experiência.
NAS NASCENTES QUE PASSEI PEIXES CALMOS NADAVAM
Me fiz forte na jornada Plantei, colhi o que sabia Andei, dormi em pleno dia Depois longa caminhada E lhe dou por terminada
São monges que cantavam Tão cedo pernoitavam Tudo aquilo contemplei Nas nascentes que passei Peixes calmos nadavam.
ME FIZ FORTE NA JORNADA PLANTEI, COLHI O QUE SABIA
Vendo a casa que morava Pulo de felicidade
Evitei a dor da saudade Meu olhar na terra fixava
E o silêncio em mim pairava Vou dizer com alegria Distâncias, melancolia Chego depois da invernada Me fiz forte na jornada Plantei, colhi o que sabia.
VENDO A CASA QUE MORAVA PULO DE FELICIDADE
Quem me fez aqui chegar É a mesma do partir Chorei querendo sorrir
Vi no que podia dar Quase me fiz reclamar Tudo na eterna bondade Por vezes és crueldade Minha cabeça pensava
Vendo a casa que morava Pulo de felicidade.
QUEM ME FEZ AQUI CHEGAR É A MESMA DO PARTIR
Lorotas sem argumentos Cedo chegam perecer
Que vivem num mesmo ser Leva consigo momentos Sem saber dos sofrimentos Mesmo de quem quer fugir Explode sem permitir Assim faz então voltar Quem me fez aqui chegar É a mesma do partir.
LOROTAS SEM ARGUMENTOS CHEGAM CEDO PERECER
Jogando nos cemitérios Quem não sabe seu destino? Se bandidos, assassino!
Ambos cheios de mistérios Miseráveis, adultérios Seres morrem pra viver Da vida, nunca perder Meliantes mandamentos Lorotas sem argumentos Chegam cedo perecer.
JOGANDO NOS CEMITÉRIOS QUEM NÃO SABE SEU DESTINO?
Sou fiel entre pecado
A alma chora de alegria Malandro ou zé da agonia Tudo transforma passado Nunca me troque no fado Sou caboclo nordestino Poeta bom matutino Guardei diversos mistérios Dentro desses cemitérios
Quem não sabe seu destino?
SOU FIEL ENTRE PECADO
A ALMA CHORA DE ALEGRIA
Se perdoou vil maldade Aí que vemos grandeza Pus os pés na safadeza E sai buscando a vontade Tive a energia verdade Toscos da melancolia Dizem as santa Maria:
- Não serás ultrapassado!
Sou fiel entre pecado
A alma chora de alegria.
SE PERDOOU VIL MALDADE AÍ QUE VEMOS GRANDEZA
Sou reto na linha reta Não aceito melancolia Sou um ente dessa folia Morrer na falta de meta Dos que fazem tanta seta Neste ópio da incerteza
E assim penso na certeza Me fale só da verdade
Se perdoou vil maldade Aí que vemos grandeza.
SOU RETO NA LINHA RETA NÃO ACEITO MELANCOLIA
Minha existência terrena Me faz ser solicitado Abraço no povo amado Beijo que se vala a pena Mesmo no palco da cena Sigo o rumo da alegria
E canto Sinhá Maria
Porque nada vem sem meta
Sou reto na linha reta Não aceito melancolia.
MINHA EXISTÊNCIA TERRENA ME FAZ SER SOLICITADO
Pedaço grande de chão Onde pisam bons, eu piso Abro seu longo sorriso Alerta pro coração Simples fala da razão
De não fugir do passado Ninguém deve ter um fado Nas atuações da cena Minha existência terrena Me faz ser solicitado.
PEDAÇO GRANDE DE CHÃO ONDE PISAM BONS, EU PISO
Em todo lápis grafite Tem poesia criada Tanta pra ser encenada Livrar dor da dinamite Daquele que se demite Ficção, penso, realizo
Tenho estudo, mais preciso Criar a dita ficção
Pedaço grande de chão Onde pisam bons, eu piso.
EM TODO LÁPIS GRAFITE TEM POESIA CRIADA
Meu pensamento vagueia Procurando no caderno Encontro com velho terno Musa por nome sereia Inspiração corre veia Assumo versos na estrada De poeira e de passarada Transtorno à minha artrite Em todo lápis grafite Tem poesia criada.
MEU PENSAMENTO VAGUEIA PROCURANDO NO CADERNO
Na Massa de mandioca Fiz bolo pra nobre infância Diário louco inconstância O mundo não se faz toca Nem tampouco dentro foca Matuto velho de terno
Do patrão é subalterno
Quem nunca quer não tem peia Meu pensamento vagueia Procurando no caderno.
NA MASSA DE MANDIOCA
FIZ BOLO PRA NOBRE INFÂNCIA
Sou moleque traquinando Ligo jipe, vou pro céu Não sou feito coronel
Nem mesmo mandiocando Sentimento vai passando Luz acesa da ignorância Poesia é substância
Corra para sair da toca
Na massa de mandioca
Fiz bolo pra nobre infância.
SOU MOLEQUE TRAQUINANDO LIGO JIPE, VOU PRO CÉU
Botafogo quer o título Sonhando ser campeão É jipe na contramão
Sonho sem nenhum capítulo Muito menos subtítulo
Da paróquia São Miguel Um gatuno bacharel
E assim te deixo esperando Sou moleque traquinando Ligo jipe, vou pro céu.
BOTAFOGO QUER O TÍTULO SONHANDO SER CAMPEÃO
Povos mendigam esmola Nosso Congresso no embalo O Botafogo no ralo
Nada quase, nada cola Dirigente tanto enrola Futebol de coração Traz loucuras de paixão História só num capítulo Botafogo quer o título
Sonhando ser campeão.
POVOS MENDIGAM ESMOLA NOSSO CONGRESSO NO EMBALO
Nesse pedaço de chão Onde tem dentro miséria Já matou Dona Quitéria Seu primo, nome João
E o marido Bastião
É isto que sempre falo Palavras indo ao ralo
A desgraça que se assola Povos mendigam esmola Nosso Congresso no embalo.
NESSE PEDAÇO DE CHÃO ONDE TEM DENTRO MISÉRIA
Nossa linda poesia Canta e dança sem parar Mas querem lhe provocar Monopólio putaria
A notícia mentiria Globo é uma pilhéria De mentirosa matéria De gasta programação
Nesse pedaço de chão Onde tem dentro miséria.
NOSSA LINDA POESIA CANTA E DANÇA SEM PARAR
Não tem coisa mais sagrada Que a virtude do poeta Quando salto tanto aperta Procura a pessoa amada Que por ele foi beijada Entre o céu, entre rio e mar E assim souberam amar Seja na dor, na alegria Nossa linda poesia
Canta e dança sem parar.
NÃO TEM COISA MAIS SAGRADA QUE A VIRTUDE DO POETA
Cordel, tradição de luta Em lares brados habita Nos recitais de Mãe Rita Naquela corrente bruta Naquela grande disputa A poesia se acerta
Na dita chamada certa Recitante bem brindada
Não tem coisa mais sagrada Que a virtude do poeta.
CORDEL, TRADIÇÃO DE LUTA EM LARES BRADOS HABITA
No mergulhar da criança Rios nascem a cada ano Um jovem sem desengano Vive da fé e esperança Quando ganha faz festança Lusa bandeira na fita
Das tantas letras de Anita Que traz sua força bruta Cordel, tradição de luta Em lares brados habita.
NO MERGULHAR DA CRIANÇA RIOS NASCEM A CADA ANO
Pisciano com certeza Água traça meu destino
Desde os tempos de menino Carrego dentro pureza Depois grande, só certeza Do imenso e lindo oceano Navegando desengano Embutido na lembrança
No mergulhar da criança Rios nascem a cada ano.
PISCIANO COM CERTEZA ÁGUA TRAÇA MEU DESTINO
Sou bento de batizado Meu viver é o sertão Curtidor do bom repente Do cordel e cantoria Assim nessa nostalgia Um artista nordestino Quase como clandestino No teatro da clareza Pisciano com certeza Água traça meu destino.
SOU BENTO DE BATIZADO MEU VIVER É O SERTÃO
Personagem condutor Faz o grilo assobiar Canta o bode e a sabiá Dá risada o espectador Com o Grilo sendo ator
E assim vivo essa emoção Fazendo interpretação Meu texto lido e marcado Sou Bento de batizado Meu viver é o sertão.
PERSONAGEM CONDUTOR FAZ O GRILO ASSOBIAR
Não sei levar desaforo Lhe meto logo rasteira Me criei numa brincadeira Tanto riso e pouco choro
Tanta letra e pouco agouro No Nordeste popular Jamais querer se mandar Nos olhos pactua a dor Personagem condutor Faz o grilo assobiar.
NÃO SEI LEVAR DESAFORO LHE METO LOGO RASTEIRA
Meu Deus em nome da fé Somos cálices humanos! Colheita pros paraibanos Plantar milho pra José Colher trigo pra Mané
O gostar está na beira Respeito vem da parteira Do riso se faz o choro Não sei levar desaforo Lhe meto logo rasteira.
DEUS EM NOME DA FÉ SOMOS CÁLICES HUMANOS!
Por este amor tão profundo Abençoa a poesia
Aprendi tanta alegria Gentil amor nesse mundo
Penso num bom vagabundo Junto de tantos hermanos Brincando com seus fulanos Valorizando a mulher
Meu Deus em nome da fé Somos cálices humanos!
POR ESTE AMOR TÃO PROFUNDO ABENÇOA A POESIA
Minha mãe chama Vitória Norma é a companheira Dupla boa de primeira
Pra aguçar a minha história E mexer com a memória Deus proteja neste dia Com amor, tanta alegria
Sou assim feliz nesse mundo Por este amor tão profundo Abençoa a poesia.
MINHA MÃE CHAMA VITÓRIA NORMA É A COMPANHEIRA
O meu pai se chama Bento Três filhas pro verbo amar Carol, Camila e Cacá Família é sentimento
Para qualquer movimento Verdades e brincadeira Na voz fina da gagueira Tudo fica na memória
Minha mãe chama Vitória Norma é a companheira.
O MEU PAI SE CHAMA BENTO TRÊS FILHAS PRO VERBO AMAR
No composto decimal Métrica se faz sagrada Traços da família amada Tudo vai fluir normal Mas, quase é pactual
A rima vem labutar Versos nem querem parar
Construção quase tormento O meu pai se chama Bento Três filhas pro verbo amar.
NO COMPOSTO DECIMAL MÉTRICA SE FAZ SAGRADA
Experimentar ciência Na ciência literária Escrita é libertária Fluídos da paciência Nos raios da pertinência A leitura consagrada Crítica é esperada
O nascer Oriental
No composto decimal Métrica se faz sagrada.
DINHEIRO, FAMA E PODER NÃO NOS TORNAM IMORTAIS
Nunca queiram fazer mal Façam na vida só bem Não sejam ruins também Tem dores em hospital Nem possuem sonrisal Dê um riso dos normais
Sigam sem olhar quem faz No tempo do seu viver Dinheiro, fama e poder Não nos tornam imortais.
Mote: El Gorrion Glosa: Bento Júnior
PAULO FREIRE TEM NOME, TEM HISTÓRIA E É PATRONO DA NOSSA EDUCAÇÃO
Certamente no mundo bem formado Sabe o alfabetizado definir
O que se aprende nunca vai fugir Ficando ali na mente bem gravado Depois será na frente executado Aqui no meu País, noutra Nação
E para nossa própria evolução Tudo é retido na nossa memória
Paulo Freire tem nome, tem história E é patrono da nossa educação.
Mote: Marconi Araújo Glosa: Bento Júnior
TODA MÃO QUE LEVANTA, QUANDO DESCE TRÁS CONSIGO, SEQUELA EMOCIONAL
Criança por si só é um mistério Já dizia um nobre e simples leitor Por onde trafega carrega o amor
Mesmo sendo fruto de um adultério Não eleve dessa maneira o impropério Com seu tamanho cordão umbilical Viver é muito mais que normal Violentar sempre nos entristece
Toda mão que levanta, quando desce Trás consigo, sequela emocional.
Mote: Cleber Duarte Glosa: Bento Júnior
SÓ JOGA COM INDIRETA E VIVE DE ZOMBARIA
Eu já encaro de frente No jogo do bem querer, Este é o meu viver Como beber aguardente, Embriaga tanta gente Vou rumo na poesia Como faz Sinhá Maria Nada vai na linha reta Só joga com indireta
E vive de zombaria.
Mote: Dalinha Catunda Glosa: Bento Júnior
ESTOU VENDENDO O ALMOÇO PARA COMPRAR MINHA JANTA
Já comprei tanto fiado Que não paro de pagar Quando fosse trabalhar E ficasse bem trajado Para pagar atrasado Fome é como jamanta
Que não tem nada de santa Sem grana é alvoroço Estou vendendo o almoço Para comprar minha janta!
Meu bolso ficou furado Pouco dinheiro restou Da fome que me sobrou Fiz da sobra meu pecado
E fiquei bem deslumbrado Quem tem o dinheiro canta Quem não tem logo levanta Quem compra faz bem o poço Estou vendendo o almoço Para comprar minha janta.
Mote: Chico Fábio Glosa: Bento Júnior
QUEM NÃO QUER ANDAR PRA TRÁS FAZ DO FUTURO UM PRESENTE
Nunca quis o que é teu Querendo tudo que quer Sempre tive grande fé Tendo tudo que é meu Todo ser bom já nasceu Vestido no diferente Numa tão forte corrente Sigo reto, levo paz
Quem não quer andar pra trás Faz do futuro um presente.
Mote: Silvano Lyra Glosa: Bento Júnior
NÃO FAÇA NADA COMIGO
QUE NÃO SUPORTO ESSA DOR
Você quer me abandonar Sem pensar na consequência Peço, tenha consciência!
Não vá se precipitar Venha, vamos conversar, Não me deixe por favor! Ficar sem o seu amor Pra mim será um castigo Não faça nada comigo
Que não suporto essa dor.
Mote: Bento Júnior Glosa: Madalena Castro
PORTEIRA VELHA SE ABRINDO FAZ MEIA LUA NO CHÃO
Vejo linda casa do alto Onde morou minha vó Brilhava mais perto o sol Jamais pensaram assalto Nem terra feita em contrato Só saudade do sertão Satisfaz meu coração
E a mente vai refletindo Porteira velha se abrindo Faz meia lua no chão.
Mote: Ronaldo Barbosa Glosa: Bento Júnior
COMPADRE BENTO
Bom dia, compadre Bento Minha meta é o perdão Mesmo não sendo Cristão Sigo o caminho a contento Quando não encontro invento Uma forma diferente
Vou destrinchando na mente Um momento de alegria
E um pouco de poesia Para alegrar a gente.
Artur Silva
Poeta – Guarabira/PB.
TODA ATITUDE RACISTA DEVE SER REPUDIADA
Quando Deus fez nosso mundo Criou só simplicidade
Depois a sociedade Entrou num caos profundo Esquecendo num segundo A cor ser valorizada
A pessoa ser amada
É bom limpar nossa vista Toda atitude racista Deve ser repudiada.
Mote: El Gorrion Glosa: Bento Júnior
SE FOSSE TÃO FÁCIL ASSIM EU MESMO FARIA SÓ
Oh Deus meu, tão Poderoso Cuida da infertilidade
Pelo amor da Santidade Ser pai de filho amoroso Que será muito bondoso Descomplica este nó Que me deixa numa pior Livra do que seja ruim Se fosse tão fácil assim Eu mesmo faria só.
Mote: Natan
Glosa: Bento Júnior
TODA MÃO QUE LEVANTA, QUANDO DESCE TRÁS CONSIGO, SEQUELA EMOCIONAL
Criança por si só é um mistério Já dizia um nobre e simples leitor Por onde trafega carrega o amor
Mesmo sendo fruto de um adultério Não eleve dessa maneira o impropério Com seu tamanho cordão umbilical Viver é muito mais que normal Violentar sempre nos entristece
Toda mão que levanta, quando desce Trás consigo, sequela emocional.
Mote: Cleber Duarte Glosa: Bento Júnior
RAPADURA, COCO E CORDEL ADOCE A VIDA E A CULTURA
O meu pai cheio de graça Lá pras bandas de Pilões Me lembro dos foguetões Dos cordelistas na praça Engenho moendo raça Naquela tarde doçura Recordo da criatura Bebendo caldo com mel Rapadura, coco e cordel Adoce a vida e a cultura.
Mote: Kidelmyr Dantas Glosa: Bento Júnior
SÓ SE SABE A DOR DA FOME QUEM UM DIA VIVEU NELA!
Andando pelas calçadas Sinto grande dissabor
No rosto uma enorme dor De vidas amordaçadas Barrigas esvaziadas
Não tem nada na panela Ter comida o pobre apela Esse dilema tem nome Só se sabe a dor da fome Quem um dia viveu nela!
Mote: Annecy Venâncio Glosa: Bento Júnior
ÉS BENTO DE BATIZADO TEU VIVER É O SERTÃO
Viveste sempre nos matos Entre as moitas e os bichos. Da Lua viste os caprichos. Banhos tomaste em regatos. Tiveste e tens aparatos.
Lês-te à luz de um lampião. João Grilo foi razão
Do teu ser desenrolado. És bento de batizado.
Teu viver é o sertão.
Marcos Medeiros
Poeta – Natal/RN.
EU AINDA SINTO O CHEIRO DO CAFÉ QUE MÃE FAZIA
Quando chegamos em casa Minha mãe tão sorridente Fica pedindo pra gente
Tão cedo foi criar asa Já crescido virou brasa
Com as mãos de maestria Tem olhar de poesia Neste gosto brasileiro
Eu ainda sinto o cheiro Do café que mãe fazia.
Mote: Charles Sant'Ana Glosa: Bento Júnior
VIVA JACKSON DO PANDEIRO
Viva Jackson do Pandeiro Neste belo centenário
Em agosto aniversário Deste grande forrozeiro Para o povo brasileiro
É assim que seu Estado Deixa tudo isso marcado Feito um coco macaíba Desta terra Paraíba
No xote, baião e xaxado.
Alagoa Grande é a cidade Que nosso Jackson nasceu Com o pandeiro que foi seu Cantou o sonho e a liberdade Espalhou samba e felicidade Porém, o povo paraibano
No passar de cada ano É a música do pandeiro Invadindo cada terreiro
Pra espantar o desengano.
NESTE DIA DOS NAMORADOS MEU MAIOR PRESENTE É VOCÊ
Minha mulher de tanta história Pedaços de trilhas e caminhadas Vidas tantas compartilhadas Vivas na minha memória Construtoras de minha glória
De sonhos e de prazer Juntos nós dois num só viver Como seres apaixonados Neste dia dos namorados Meu maior presente é você.
Que ainda possamos passar Muitos dias entrelaçados
De atos destemperados Vivendo na incerteza do falar Entre os vícios do gostar
Eu, filhas, o mundo e você Um quinteto de sangue ferver
Somos presente, futuro e passados Neste dia dos namorados
Meu maior presente é você.
NA PENEIRA DA FARINHA DE MANDIOCA PLANTEI BANANEIRA DA MINHA INFÂNCIA
Oh, que saudade louca Rompe a memória da espera Não tenho idade para ser fera
Nem tampouco beijar outra boca Meu sentimento é coisa pouca Como a luz acesa da ignorância A poesia é a minha substância Venha correndo e saia da toca
Na peneira da farinha de mandioca Plantei bananeira da minha infância.
Me lembro de antigamente Das casas que eu conhecia Cada uma me pertencia
E eu ficava muito contente Brincava de delinquente Vida cheia de abundância Saudade da minha elegância Feito siri na sua loca
Na peneira de farinha de mandioca Plantei bananeira da minha infância.
QUEM PASSA LÁ EM CAJÁ TEM TAPIOCA DO IRMÃO
Oh, Deus tão cuidadoso Com as coisas da divindade No Senhor tem a verdade De um ser bom e amoroso
E isto nos deixa esperançoso Na voz intimista do coração Que nos fala em oração Firmino se foi pra não voltar Quem passa em Cajá
Come tapioca do Irmão.
Hoje teve a ocorrência Deste fato lamentável Daquele senhor tão amável Que tinha competência
Fazendo da tapioca uma ciência E nós aqui em compaixão Tentando entender a razão Porque Firmino aqui não está Quem passa em Cajá
Come tapioca do irmão.
QUANDO PENSO NA TRISTEZA DO EXISTIR EU VIVO CADA VEZ MAIS DA CONSCIÊNCIA
Quando nasci um galo cantou Anunciando quem vinha vindo E eu no ventre ainda sorrindo Dando risada de puro amor Livrando a família daquela dor
Sabia que eu era fruto da ciência
E minha mãe com tamanha paciência Num imenso prazer que veio sentir Quando penso na tristeza do existir Eu vivo cada vez mais da consciência.
Abri os olhos de tanta alegria E minha mãe depois do parto Não queria sair daquele quarto Na família já era mania
Rezar um terço para Maria
E viver através da efervescência Esperar mais um na decência Foi assim que veio o surgir Daquele dia até aqui
Quando penso na tristeza do existir Eu vivo cada vez mais da consciência.
NA SAUDADE DO TEMPO DE OUTRORA MORA EM NÓS A SAUDADE DO HOJE VIVIDO
Eu não sei por quanto tempo ainda Eu preciso respirar este aroma Multiplicando toda a minha soma
Agarrado na matemática que não finda E assim penso que a vida é linda
Por razões que tenho me permitido
E conclamo o nome do desconhecido Em cada página que eu vejo agora Na saudade do tempo de outrora
Mora em nós a saudade do hoje vivido.
Nos cinquenta anos do Castelo
São nomes que apontam uma história Gravada no inconsciente da memória Estampada no peito verde e amarelo Transformada em ouro pra lá de belo A AMCAB elogia e dá sentido
Num viver muito mais colorido
É pensamento de chegada a hora Na saudade do tempo de outrora
Mora em nós a saudade do hoje vivido.
SOU TEU ETERNO SOLDADO PARAÍBA MEU POMAR
Na vida de sonhos surgiu o poeta Que foi movimento na tua loucura. Amei, perdido, quis ser só brandura Pulei os momentos, fugi de uma festa
Que estava tocando uma linda seresta Nesta Paraíba que me faz, feliz cantar E eu sorrindo sempre quero te amar Trago alegria neste lindo Estado
Que me amou, sente comigo calado Sou teu eterno soldado
Paraíba meu pomar.
Quando eu era pequenino Minha avó sempre me dizia Que fui batizado numa pia
E depois fui crescendo, menino Fiz eu meu próprio destino
Na Paraíba eu sempre quis ficar Pois aqui o verso vem me guiar
É este pedaço que me acolhe cansado, Sou teu eterno soldado
Paraíba meu pomar.
CORDEL QUE É PORTUGUÊS NO BRASIL VIROU NORDESTE
Meu pedaço de verso Gravado na consciência Na matéria da ciência
É cordel que foi impresso Por favor Deus eu te peço Sou um cabra da peste
E se erro não me deteste E vou dizer mais uma vez O cordel é português
Mas no Brasil virou Nordeste.
Tenho tanto pra contar Mas não sei se agora devo Porque eu não me atrevo A este fato narrar
Não me deixe se gabar Feito filme em faroeste Com artista lá do oeste Eu conto de um até três O cordel é português
Mas no Brasil virou Nordeste.
Na Bahia o cordel chegou E se espalhou pelo Brasil Numa tarde de abril
Ele teve um grande leitor Que leu o tema de amor Tinha ódio e muita peste Num cordel lá do Sudeste
O leitor leu mais de uma vez O cordel é português
Mas no Brasil virou Nordeste.
O mote é a representação Nesta história verdadeira Personagem brasileira Tem Maria e tem João Esta arte é da Nação
Da Europa à Região Leste Pouca gente pouco investe É como dizia Santa Inez
O cordel é português
Mas no Brasil virou Nordeste.
O desabafo quando aperta Solto um grito de alegria Canto alto na folia
E deixo minha porta aberta Não tem essa de alerta Deixo entrar a lei do Mestre
Não tem ninguém que me conteste Dois, mais dois, mais dois é igual a seis O cordel é português
Mas no Brasil virou Nordeste.
A Saudade dói no peito
E não há nenhum remédio A distância causa tédio
E me deixa sem efeito Com dor aqui no peito
Enfrento a solidão e a peste E ele que me deteste
Porque não me importo com vocês O cordel é Português
Mas no Brasil virou Nordeste.
Meu pensar me atormenta Só de falar fico cansado
A tristeza tem me achado
E a solidão toda se arrebenta Quando a alma não enfrenta A cor que era azul celeste Mora lá no lado do leste
E eu sofrendo outra vez O cordel é Português
Mas no Brasil virou Nordeste.
Vou fazer aquele verso Que vai marcar o coração Nele faço de emoção
Dentro de um papel impresso Em troca nada te peço
Do litoral até o agreste Nunca me fiz de cafajeste Porque respeito às leis
O cordel é Português
Mas no Brasil virou Nordeste.
Diga agora que me entende No meu pensar desajeitado Sei que estou desacostumado Porque por tudo você se vende E ainda diz que pretende
Ir comigo pra o Sudeste E sobre mim você investe
Talvez por eu ser camponês O cordel é Português
Mas no Brasil virou Nordeste.
O verbo é inconstante
E deixa a gente tristonha Porque quando a cabeça sonha Morre o corpo num instante
E alma só quer um calmante Feito cavalo no faroeste Pisando gente no teste
Igual filme polonês
O cordel é Português
Mas no Brasil se fez Nordeste.
O cordel vem das antigas No Brasil ou lá em Portugal Chega aqui e bota sal
No tempero destas brigas Que faz repente das intrigas
É inferno que mata qualquer peste Como bem falou velha Celeste Feito costume que vem de vez Que se conta de um até três
O cordel é Português
Mas no Brasil se fez Nordeste.
Não queria tomar a iniciativa De quem só anda na linha Feito galo atrás de galinha Que vive em cadeira cativa Igual a uma alternativa
Corrompendo o povo de Budapeste Que muito na educação investe
É por isso que canto outra vez O cordel é Português
Mas no Brasil virou Nordeste.
SE SAUDADE É SOFRER NÃO DEIXAVA SOLIDÃO
Se acaso eu me chamasse Virgulino A famosa majestade do cangaço Que dançava conforme o compasso
Eu mudaria por completo meu destino Me transformava num bom menino Aconselhava o cangaceiro Lampião Com seu tão bondoso coração
Pra deixar Maria Bonita viver Se a saudade é sofrer
Não deixava solidão.
Sinto falta daquele abraço
Que minha avó sempre me dava Sinto o cheiro que emanava
Do seu rosto aquele traço
Que me guiava no seu compasso Era carne de sol dentro do feijão E eu tão pequeno de calção Perambulando pela sala do viver Se saudade é sofrer
Não deixava solidão.
Quando criança a gente sente Que não há tempo pra mentir Foi o melhor momento pra sorrir Só quem perde é quem mente E o coração mais adiante sente
Depois de grande entra em ação Uma famigerada desilusão
Que estraçalha o nosso viver Se saudade é sofrer
Não deixava solidão.
TODO CORDELISTA É UM POETA NEM TODO POETA É CORDELISTA
Nos pergaminhos da memória Entre a lenda e a verdade
Da virtude e sinceridade Meu papo se enche de glória No trafegar desta história Em cada roda sou artista Quando escrevo sou ativista Ao chegar não faço dieta Todo cordelista é um poeta Nem todo poeta é cordelista.
Cada estrofe que se escreve É rima por conseguinte
Na rua tem mais pedinte Numa fala pra lá de breve O que se pede nunca serve
A literatura fica sendo pacifista E jamais se faz pessimista Neste cordel sigo na linha reta Todo cordelista é um poeta Nem todo poeta é cordelista.
As sextilhas da minha vó Se perderam pelo caminho Por ela nutro muito carinho Vendo-a como se fosse pó Trago a sina e dou o nó Nesta morena passista Que vive na minha lista Meu cordel é minha meta Todo cordelista é um poeta
Nem todo poeta é cordelista.
Cada tema que eu leio Eu logo vejo o seu valor Mesmo me trazendo dor
Eu brinco como um recreio E perambulo neste meio Quem quiser me assista
Chegue ao final e não desista Aponte o relógio nesta dieta Todo cordelista é um poeta Nem todo poeta é cordelista.
SAUDADE QUE DÁ NA GENTE RASGA GENTE DE PAIXÃO
Por onde passa cada olhar Neste caminhar profundo Um caminhante vagabundo Não consegue se firmar Entre o erro de acertar
Já viveu só de ilusão Massacrando o coração Como cantiga de repente Saudade que dá na gente Rasga gente de paixão.
Já distante do meu mundo Pude ver a cor do manto Tão distante quase um santo
Vi ao longe um doer profundo Me senti um moribundo Pensamento na ocasião
Eu me despi pela emoção Tomei todas, fui valente Saudade que dá na gente Rasga gente de paixão.
Me encontrando tão sozinho Feito pássaro em gaiola Uma ficha de radiola
Ou vaca pelo caminho Me sinto só no caminho Bato asas como o perdão
Que não perdoa nem o irmão Eu vou ficar angustiadamente Saudade que dá na gente Rasga gente de paixão.
ENTRE O RISO E A MELANCOLIA SOU EU E ELA NA INVERNADA
Só Deus sabe a dor que carrego No meu peito trabalhador Depois da labuta vem a dor
E ao eterno amor me entrego A um chamado nunca nego Mesmo com a dor vivenciada Não largo a mulher amada Vivo em constante dicotomia Entre o riso e a melancolia Sou eu e ela na invernada.
Só Deus sabe a dor que carrego No meu corpo de criador
Na cena da vida sou ator E às maldades eu renego
Sou madeira fácil de bater prego Caindo cantares de uma passarada Passando tangentes com uma boiada Puxei à minha santa avó Maria
Entre o riso e a melancolia Sou eu e ela na invernada.
Só Deus sabe a dor que carrego Na minha visão de condutor Nunca consegui ser cantor
Mas as palavras eu emprego Não sou surdo e nem cego Gosto de viver bem criado Como meu pai tem ensinado O som da harpa e a magia Entre o riso e a melancolia Sou eu e ela na invernada.
Só Deus sabe a dor que carrego No meu semblante professor Trocando o giz e o apagador
E eu só me sossego Quando eu o amor pego
O inverno se foi com a cachorrada Tentei ser da noite a calada
Vida noturna não tem garantia Entre o riso e a melancolia Sou eu e ela na invernada.
HOMEM SANTO MILAGREIRO NESTA TERRA NORDESTINA
Vou começar versejar Esta décima que prometo Vou falar deste quarteto Que já foi canonizar
Em Roma deve estar lá Foi este o que se destina Da casa que tem batina Da força e fé do brasileiro Homem santo milagreiro Nesta terra nordestina.
De Bozanno ele veio
Em Pernambuco terminou Fez brotar o grande amor Vivido pelo suor do meio Na chuva ou no esteio Frei Damião é luz divina
Na religião tudo nos ensina Assim fala o povo inteiro Homem santo milagreiro Nesta terra nordestina.
Padre Cícero no Ceará Foi político e religioso Tinha coração amoroso A quem fosse ao altar Com ele pudesse falar Falando na Palestina
Porque tenho comigo a sina Padre Cícero aventureiro Homem santo milagreiro Nesta terra nordestina.
Ibiapina pro paraibano Merece ser canonizado Seu caminho será marcado Pro povo ir todo ano
E perder seu desengano Padre tem o saber de menina Foi da igreja e não se fascina Ibiapina foi parceiro
Santo de casa é milagreiro Na terra do nordestino.
Completando o quarteto De Pernambuco Dom Vital Entre o açúcar e o sal
Fez errado virar acerto E de tudo fez conserto Fez brilhar na clarapina
E perdoou o brabo de Nina É um santo certeiro
Santo de casa milagreiro Nesta terra nordestina.
Padre Ibiapina cearense Na Paraíba se firmou Aqui muito trabalhou Esta terra te pertence Aqui ninguém te vence Na voz que peregrina Na genética masculina Do fiel és um herdeiro
O quarteto no seco Nordeste Plantou a semente do bem Deu a vida por um vintém Na terra do cabra da peste Viver aqui foi grande teste Como efêmero desatina Fala o padre Ibiapina
No nascer da vida foi parteiro Santo de casa milagreiro Nesta terra nordestina.
Meu querido Frei Damião Da Itália veio ao Brasil
E daqui nunca fugiu Nos amou de coração
Retribuímos com gratidão Como fez toda retina Com a raça de assassina
Nosso guia do estrangeiro Santo de casa milagreiro Nesta terra nordestina.
Padre Cícero Romão Batista Nascido em terras do Crato Com o pobre fez um trato Transformá-lo em ativista Ser na vida grande artista Vencer com gente cretina
E saborear bem sabatina Raspar bem o papeiro Santo de casa milagreiro Nesta terra nordestina.
Meu Padre Frei Ibiapina Das terras do Meu Padrinho Com muito amor e carinho Sua palavra nos ensina
Pra quem o bem se destina Neste chão de cajuína Comida feita por Dina
Pra hora acertar ponteiro
Dom Vital santo querido
De Pernambuco para o mundo Cidadão de amor profundo
Na chegada do sonho perdido E das agruras do prometido Trabalhou pra pobre e grã-fina Com roupa vinda da China Deixou vitória por derradeiro Santo de casa milagreiro Nesta terra nordestina.
NO ESTUDO DO CORDEL
O NORDESTE SAI NA FRENTE
Não quero aqui me gabar
E nem tampouco ser melhor Cai da testa o suor
E começo com Ribamar Do Maranhão veio de lar E começou decentemente Com amor e com a mente Obra feita em papel
No estudo brasileiro do cordel O Nordeste sai na frente.
Literatura de cordel, Antologia É uma obra espetacular
Pra quem quer pesquisar O valor escrito da poesia
Como pão quente em padaria De um texto tão competente Foi Ribamar Lopes o menestrel No estudo brasileiro do cordel O Nordeste sai na frente.
Na Paraíba Chagas Batista Com amor e com magia Nos deixou com maestria A vida de muito artista
No cordel foi ativista Uma obra porém decente Lida por muita gente
No bastão do seu pincel
No estudo brasileiro do cordel O Nordeste sai na frente.
Seu irmão Sebastião Nunes Batista Escreveu a bela Antologia
Da Literatura de Cordel com poesia Uma importante revista
Esse é meu ponto de vista
Chagas Batista no verso e no repente Escreveu a obra tão decente
De quem morreu ou foi pro céu No estudo brasileiro do cordel O Nordeste sai na frente.
NÃO QUERO CORRER O RISCO
E NEM TAMPOUCO DEIXAR DE IR
Na ladeira da saudade onde eu moro Me transformo em cidadão qualificado Pra subir os degraus do meu passado Canto e danço e nunca choro
E se lágrima cai eu não imploro
E qualquer dia desse eu vou partir Agarrado nas algibeiras do meu sorrir Como galinha que faz o cisco
Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
Já tentei de todas as maneiras Aliviar os sonhos que já sonhei
E não consigo porque só reclamei Das minhas quimeras e brincadeiras Amarrado no íntimo das bandoleiras Que usufruíram o ver do meu cair
E deixaram desilusões por vir Como o saborear de um petisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
Deixei lembranças de outrora Bem junto da mulher amada
Que deixou minha alma esquartejada No sorriso lascivo de uma senhora Que preciso desabafar agora
Porque se não falo quero fugir Coisas assim não quero sentir
Um ser que me fez por vezes arisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
Tenho receios nesta subida Tão longa e sem direção
Espinhos que cortam uma paixão E me inibe por completo na vida Como a esperar a terra prometida De gente que a quer poluir
E fechando os olhos logo revivi Melhor seria se eu fosse Corisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
Corisco me ajudaria na caminhada
E com forças no cangaço eu seguiria Nas munições que eu possuía
Não seriam jamais utilizadas E somente seriam enfeitadas
Com uma foto estampada de Bem-te-vi Cangaceiro mais brabo que já vi Comedor de centenas de marisco
Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
O tempo está se passando E as pernas estão tremendo
O corpo suado está fervendo Minha mente confusa questionando
A distância entre o tempo que vem passando É como se tudo viesse a me iludir
Num efêmero passado a destruir As gravações que tenho num disco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
A saudade é tamanha neste momento Numa dualidade indefinida Controlando qualquer medida
Não sou o mesmo de sentimento Por certo aprendo com o sofrimento Que não me deixa nunca decidir
E com isto chego somente a refletir Orando em nome do Papa Francisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
O tempo é um relógio que não cessa Minuto a minuto ele dispara
E com isto alimento a minha tara Como um espectador de uma peça Que pela atriz principal se interessa Vasculho os reflexos do meu agir
E não consigo jamais mentir
Porque se eu não for como me arrisco? Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
Esta é a verdadeira briga que eu travo Entre o sim e o não desta peleja
E sendo assim, Deus me proteja O que lhe protege parece bravo Tratado por todos como escravo E eu aqui tenho que assumir Este amor preciso difundir Através do meu pequeno rabisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
A situação é quase um desespero Como resolver este impasse?
É preciso que eu não fracasse
Só leve comigo carinho e tempero Mesmo sendo tudo efêmero
Sigo adiante no meu prosseguir Essa força irá me servir
Como um cuscuz que eu belisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
A decisão cabe a mim tão somente Mas parece que fico mais indefinido Quando conhecer me é permitido
Eu requebro os nervos pra tanta gente Quem sabe uma dose de aguardente Eu possa até quem sabe conseguir
E ao encontra-la quero enfim dividir Não me importa se ela me fizer confisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
Eu acredito na possibilidade do encontro E assim ser menos intransigente
Deixar nascer em mim esta serpente Que por vezes me deixa quase tonto E chego assim a este ponto
Não importa se erros já cometi Eu preciso agora o amor sacudir Na dor física já dói o menisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
Donatários do povo brasileiro Diante desta minha complexidade Não como matar a saudade
E ser na própria terra forasteiro
E sim falar de um amor verdadeiro Que no caos deixei escapulir
E agora tão recente vem comigo bulir Prefiro deixar exposto num asterisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
Meu senhores vou terminando Esta agonia versificada
Que finda aqui uma jornada
Na ladeira da saudade continuando A ilusão de quem sempre sonhando Troca sinônimos do ato existir
Como um cão que sabe somente latir Passo por ele e com o olhar pisco Não quero correr o risco
E nem tampouco deixar de ir.
O BÊBADO E O DESEQUILIBRISTA
Fiz da cana meu cantil No cantil guardei cachaça Da ginebra fiz trapaça
Na pinga gritei Brasil Meu bucho quase funil Falei pro doutor Zé Cova Em processo de desova Que mal um pinguço faz Se fingindo satanás
Sendo Deus de vida nova?
ENTENDER TODO PECADOÉ TER FÉ SEM ENTENDER
Brinquei subindo jambeiro Na bela Polivalente
Tanta queda vi de gente Depois era só berreiro
Bem me lembro dum parceiro Brincadeira de querer
Pois, mesmo tendo sofrer Sempre, sempre perdoado Entender todo pecado
É ter fé sem entender.
ACORDA POVO GIGANTE LUTAR FAZ A LIBERDADE
Se o país está quebrado
Eu até que não compreendoVocê fica se metendo
Prefiro ficar calado Pode até ser um pecado
Desta tão humilde verdade Dentro da sociedade
Não é bom ir adiante Acorda povo gigante Lutar faz a liberdade.
POESIA SERTANEJA
Poesia sertaneja
Enche meu baú de fatos Faço chegar os relatos Dos poemas de riqueza Que me faz tanta grandeza Desses dramas de matuto Carregando tanto luto
Nos cordéis bem populares E repentes seculares Caboclo com seu charuto.
ENGENHO DO PASSADO
Num engenho do passado Vi cambiteiros sorrindo
A lembrança vai surgindo Da garapa sem trocado Levavam tanto melado Na fornalha do bagaço
A palha tinha compasso Rapadura bem gostosa Moagem mais saborosa Hoje nada disto faço.
O QUE NOSSO OLHO NÃO VER NOSSO CORAÇÃO NÃO SENTE
Já plantei sem ter colheita Já andei sem ter caminho Já deixei mãe sem carinho Já lucrei sem ter receita Já pirei cão na desfeita
Já dei comida a serpente Já quebrei jogo em corrente Já filei para aprender
O que nosso olho não ver Nosso coração não sente.
SEIS VERSOS
Com dez versos comunico Em décimas da razão
Nas falas do coração Lá na frente só explico
Dizendo que não suplico Rasgo todos adjetivos Pra tragar aperitivos
Não sou fácil como verso Nem tão menos quando peço Silêncio pros sensitivos.
O NOSSO GRANDE MISTÉRIO
(aos mortos)
Nascer, viver e morrer Tu nascestes numa paz Para ser moça ou rapaz Viestes para viver
Teus dias iriam ter Fiel ou ser adultério
Queimado ou no cemitério Viver para o cumprimento Alegria e sofrimento
Eis esse grande mistério.
PRESEPADA DE MENINO
Me pediram pra fazer Pau de sebo grandioso E que ficasse seboso Subiria para ver
Que tão belo entardecer Mas eu sempre escorregava A cabeça que chiava
O pau de sebo puxei Todo dinheiro tirei
Corri que ninguém pegava.
O CORDEL É PORTUGUÊS
NO BRASIL VIROU NORDESTE
Meu pedacinho de verso Gravado na consciência Na matéria da ciência
É cordel que já foi impresso Por favor Deus eu te peço Sou nobre cabra da peste Pois se erro não me deteste Vou dizer mais uma vez
O cordel é português
No Brasil virou Nordeste.
Tenho tanto pra contar Mas não sei se agora devo
Porque nunca eu não me atrevo Para este fato narrar
Não me deixe se gabar Feito filme em faroeste Com artista lá do oeste Eu conto de um até três O cordel é português
No Brasil virou Nordeste.
O cordel vem na Bahia Se espalhou pelo Brasil Naquela tarde de abril Ele teve seu leitor
Que leu o bom tema de amor Com ódio e muita peste
Num cordel lá do Sudeste O leitor leu mais de vez O cordel é português
No Brasil virou Nordeste.
Fez a representação Nesta história verdadeira Personagem brasileira Tem Maria e tem João Esta arte é da Nação Daquela Europa pro Leste Pouca gente pouco investe Bem dizia Santa Inez
O cordel é português
No Brasil virou Nordeste.
SONHO RASGADO
Cansei jogando confete Cansei sendo coerente Cansei sendo tanta gente Cansei e isso só me compete Cansei de chamar pivete Cansei disso tudo errado Cansei povo mau tratado Cansei de viver sentido Cansei de ser atingido Cansei meu sonho rasgado.
VÍRUS DA DESTRUIÇÃO
Vírus que se fortalece Vírus que se diz bem forte
Vírus que nos causa a morte Vírus que sempre acontece Vírus que a tudo aborrece Vírus que forma opinião Vírus que vem na razão Vírus que ninguém precisa Vírus que chega e não avisa Vírus da destruição.
POBRE TEM PRO POBRE DAR E O RICO QUERENDO MAIS
Neste Brasil que nascemos Não é bom tanto poder Que faz o pobre sofrer Pois, juntos nós perecemos Não dar, não sobrevivemos No rosto pedimos paz Voltar tortura jamais
Desse jeito eu vou falar Pobre tem pro pobre dar E o rico querendo mais.
Quem não tem pode mexer Neste campo mandatário
É cura sem um lactário Tantos nem querem saber Pensando em muito ter Não há vaga nos hospitais Risadas dos generais Fica difícil pensar
Pobre tem pro pobre dar E o rico querendo mais.
NEGRO OLHAR
Quando aquele negro olhar Se fez presente na história, Houve sonhos no caminho, Quase perde o contratempo. Todos riram um sorriso
Que não se deve conter. Cinco estradas são cruzadas, Dois encontros no destino, Olhares vislumbraram...
No prazer de negro olhar Da alma se faz coração.
CONTRADIÇÃO
Ando tristonho e calado
E quando falo não entendo Dou riso e fico sofrendo
E assim tenho caminhado Se eu não for fico cansado Meu mundo foi de ilusão Feito carro em contramão E assim a minha tristeza Só me devolve a riqueza Vivendo a contradição.
DEDILHANDO POESIA
Tristeza que dói no peito Faz o coração sofrer Arrebentando saber Quem sabe tem o direito
Quem não faz perde conceito Quando vem traz alegria Quando sai não contagia Cidadão que tem saudade Vive assim sobre verdade Dedilhando a poesia.
ANOS PASSAGEIROS
Os anos são passageiros A vida quer a passagem Ser Humano é imagem Beatos e cachaceiros Sagrados e presepeiros Sonhos são petrificados Na cama com condenados Etapas não são cumpridas São tantas as despedidas Pra matar tantos pecados.
A IMPRENSA COM LIBERDADE É IMPORTANTE NA VIDA
A Imprensa é combatente Abre a lauda do dever Nunca consegue esconder O que mata tanta gente Num poder intransigente Ela é intrometida
E no tema dá partida No ato da sociedade
A imprensa com liberdade É importante na vida.
O BRASIL ESTÁ MORRENDO O QUE PODEMOS FAZER?
Se essa matéria servir Pela minha descrição Eu peço preste atenção Nunca queira se fingir Para você não mentir Agora vamos entender Porque tudo vem sofrer O que está acontecendo O Brasil está morrendo O que podemos fazer?
Nossa pergunta é esta Que fala desse país Tem gente que é feliz Seguindo até para festa Onde ela o certo detesta E nem procura saber
Se esse vírus faz morrer Com a doença vivendo O Brasil está morrendo O que podemos fazer?
CHUVA QUE TE QUERO BEM
Chuva que vem e que vai Sacode a poeira da infância Enfrenta toda a inconstância Sou filho, amigo, sou pai
Do avô a imagem não sai E esse pingo que recebo Eu menino me percebo
É chuva que espanta a mágoa Guarda comigo essa água Que na boca o gosto eu bebo.
Chuva que molha ladeira Molhando ricos e pobres
Entre os plebeus e esses nobres Te quero por vida inteira
Ela quando vem ligeira Caindo pesada na telha Ferra mais que toda abelha Deixando a vida em perigo Só ou sonhando contigo Nas árvores dou rasteira.
NO GOVERNO CORRUPÇÃO O BRASIL VOLTA SOFRER
Meu prezado bom leitor Escute que vou falar Tem verdades pra contar Resultado é pavor
Nos causando dissabor Dá tristeza por saber Tanta gente foi morrer Se gritar pega ladrão No governo corrupção O Brasil volta sofrer.
SOLITÁRIO VIAJANTE
Mata se preciso for Essa triste solidão
Que desfaz o meu perdão Contraria minha dor Colhe tudo que passou Esta solidão destrói
Faz medo, depois corrói O silêncio é distante Solitário viajante
Na morte de ser herói.
ARTISTA SEM LEI
Quando meus sonhos se vão Sou poeta vil sem lei Quando mato qualquer rei Sou xadrez sem coração
Na madeira da canção Sou poeta pecador
Vez em quando me fiz dor Dou xeque-mate na morte E faço cordel de sorte
No vício de ser ator.
PULSAR
Do coração fiz pedaço Da cabeça fiz imagem
Deste sangue dei coragem Desta vida dei compasso Deste corpo vi meu passo Das artérias eu sangrei Nas veias desesperei
Tive centenas de vidas Todas elas recolhidas
No pulsar que não deixei.
TERRA QUE CONTAMINA
Vela para quem morreu Pra clarear solidão Porque neste coração Há um que já pereceu Em covas de quem viveu Na pandemia cretina Desta frágil assassina
Vela pra quem mais precisa É o vivente que pisa
Na terra que contamina.
ENTRE MORTOS SOBREVIVO
Silêncio vida cruel Neste dia dos finados Onde corpos enterrados Pensam chegar ao céu
Mas, chegam neste cordel Exposto no meu barbante Em busca de declamante Cala-se quem está vivo Entre mortos sobrevivo Como povo num calmante.
É MELHOR PERDER A VIDA QUE PERDER A LIBERDADE
Da frase fiz trocadilho Pra melhor compreender Olhem que é o poder Medicina maltrapilho Médico comendo milho
- É melhor perder a vida Diz ministro da ferida
- Que perder a liberdade! É tamanha crueldade!
Desta mente vil bandida.
PENSAMENTO DA GENTE
Dentro da gente que pensa Há ser faminto letrado Sonhos me fazem legado Nada que tem recompensa Ser livre não se compensa Ando pensando sem ver Não faz sentido saber
Vivo para reflexão Penso na revolução
De gente que faz sofrer.
A SAUDADE DA PAIXÃO ENOBRECE O MEU PRAZER
Sou solitário pensando
E nunca sei de onde vem Essa dor que não faz bem Um lugar que vai ficando Pois eu fico aqui chorando Sem saber o que fazer Ando triste sem te ver Sofrendo meu coração
A saudade da paixão Enobrece o meu prazer.
EU CÁ COMIGO
Sou caminho sem estrada És estrada sem caminho Sou chegada sem espinho És destino sem chegada Sou riacho sem noitada És noite sem claridade
Sou clarão sem ter saudade És lembrança sem se ver Sou visão sem ter prazer És tudo sem liberdade.
ESTOU LISO
Não vejo chegar o dia Para sentir todo cheiro Sei do teu lado faceiro E me fiz de poesia
Se sentes algo, és guia Porque te quero num riso Porém, e se for preciso Vou pôr a boca na tua Depois nós dois numa rua Brigando por eu tá liso.
FRIDA
Nesse pedaço de chão Encontrei rastros de Frida Busquei minha despedida Sofrendo meu coração Maltratando vil canção Tentei sair desse lugar Impedido de saltar
Fiquei pensando no tempo Expondo meu passatempo Para Frida vir morar.
CATASTRÓFICO ALARIDO
às vítimas do Covid
É nesse lugar terrível
Onde habitam as incertezas Tem aumento das pobrezas Fazendo o povo sofrível Nessa ambientação horrível Que sobrevive o oprimido Morrendo com seu gemido Se contorcendo de dores Enfrentando os dissabores Catastrófico alarido.
CÍNICA SAUDADE
A saudade nos maltrata Assim falou meu diário Já tão velho, sedentário No risco que quase mata
Meu coração sem ter data Pulou feito saudosismo Sofreu pelo pessimismo Pensou que tudo voltasse Que diário respeitasse Mas saudade faz cinismo.
EU SOU FILHO DO NORDESTE E NÃO NEGO QUEM EU SOU
Cândida Vargas cheguei No carnaval fiz folia Minha mãe com alegria Me fitando só chorei
Pra dizer como te amei Mesmo sabendo da dor Não percebi tal pavor Hoje sou cabra da peste
Eu sou filho do Nordeste E não nego quem eu sou.
MEU AMOR
Se por acaso meu amor Tu quiseres me encontrar Eu não posso te ofertar Nesse silêncio da dor Quem sabe ali, numa flor
Ou como a morte que espreita O coração não te aceita
E quer viajar no abraço Não duvides do fracasso Pois, comigo outra se deita.
TODA ÁRVORE DÁ FLOR E TODO CARRO TEM RÉ
Ninguém se sente culpado Por não ter grande paixão E bem menos dá razão Por nunca ter namorado Isto jamais foi pecado Gritava Dona Zabé
Que morou lá em Sapé Todo perdão tem amor Toda árvore dá flor
E todo carro tem ré.
O CORDEL PROSSEGUE VIVO NA CULTURA NORDESTINA
Seu moço quero contar Por favor venha pra ver Ligeirinho vai saber
O que vou poder falar Meu folheto popular No rastro da Serafina A leitura bem ensina
Como ser mais prestativo O cordel prossegue vivo Na cultura nordestina.
UM COMPROMISSO MARCADO NUNCA PERDE VALIDADE
Não descumpra companheiro Por mais difícil que seja Jesus no céu nos proteja Que nos faz mais verdadeiro Na raça do brasileiro
Que traz no rosto verdade Afasta vã crueldade
Sigo meu passo bem dado Um compromisso marcado Nunca perde validade.
NOSSA REPÚBLICA
Em 1889
Nossa República se proclamou O D. Pedro II se mandou
Não por esta tal Covid-19
Mas, pela doença que nos comove A política feita de traição
Tudo pelas armas da sedução Neste país em constante conflito Advindo daquele pintado grito Faz tudo pela falsa corrupção.
MÍDIA CONSERVADORA
De tanto levar pancada Em tempo das eleições Há tantas contradições O povo dando mancada Numa grande mentirada
Mudam os nomes cretinos Com os mesmos assassinos A mídia quase canalha Desde bom tempo que falha Apoiando vãs malignos.
ESCADARIAS DA PENHA
Meu pranto se torna santo Escadarias da Penha Toda doença que venha Faço dela belo canto
Eu subo sem acalanto Nossa Senhora Pobreza Pro devoto és riqueza Caminho na romaria Carregando nostalgia Nos degraus da natureza.
MOLEQUE ATREVIDO
Fui moleque atrevido Nas ladeiras do Castelo Usando calção amarelo Disse coisas sem sentido Dei tabefe nos ouvido Levei tapa no nariz
Um meninote feliz Pulei da cama contente
Provei gole de aguardente Pra dizer tudo que fiz.
PASSARADA NO QUINTAL
No cantar da passarada Amora dá doces frutos Belos saguins ficam putos Sabiá toda noitada
Dá aquela musicada Bem-te-vi com seu capuz Fica chupando cajus Papa Capim faz atalho Pulando num gentil galho
Faz os céus bem mais azuis.
BANDEIRA DA NEGAÇÃO
TEM OS SEUS DIAS DE SORTE
Dois mil e treze raiou Gente gritando sem medo Criando frágil enredo Tudo se contaminou
O ódio fez eleitor
Dois mil e quinze chegava Tudo se descontrolava Nas mágicas pedaladas Uma dessas deputadas Nas bandeiras enrolava.
Na mais profunda matéria Dois mil e dezoito, bem
O poder vai ser alguém Possuidor da bactéria Que vem trazendo miséria Mentira será suporte Somada com tanta morte País na destruição Bandeira da negação
Tem os seus dias de sorte.
QUEM MENTE FICA PRA TRÁS NO CAMINHO DA VERDADE
O meu pai sempre falou Minha mãe fez eu cumprir Tudo faz evoluir
No certo que se cruzou Semente que se plantou É colheita da bondade Da fala sinceridade Façamos cantar a paz Quem mente fica pra trás No caminho da verdade.
SAUDADE ME CHEGA BEM NESSA TRISTE PANDEMIA
Nenhuma palavra soa Na cabeça momentânea
Me sai de forma instantânea Ver junto tanta pessoa
Sorri pra ver a Lagoa E voltar só alegria
Dá beijo em plena folia Quero me sentir alguém Saudade me chega bem Nessa triste pandemia.
NÃO FAÇA NADA COMIGO JAMAIS SUPORTO TER DOR
Só imploro liberdade Para viver do teu lado
Dizes que sou mais amado Entre todos de verdade Isto me faz ter saudade Expressar todo fervor
Pra falar que é amor
É tão bom está contigo Não faça nada comigo Jamais suporto ter dor.
DIA DO CORDELISTA
Neste dia tão bonito Preciso desabafar Não posso, vou recitar
Mas, eu darei grande grito Na força dum bom apito Lá vai longe meu cordel No clarão do grande céu Parabéns pros cordelistas Leandro fez nossas pistas Nosso lindo menestrel.
O TUMULTUADO ROMANCE DE JUVINA E DAGOBERTO
Autor: Bento Júnior
Toda criação vem com seus encargos Os escritores escrevem os causos Intérpretes incorporam aplausos Vocábulos tantos deles, amargos Ficam descontentes pelos embargos Desta colocação vou me safar Romanceiro nato venha tocar
Neste som de matéria tão pretensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Os personagens enfrentam atritos Descumprindo destinos e dilemas Trocam farpas e vitimam sistemas Alguns complexos pra serem escritos Na tábua dos meus versos favoritos O Cordel Brasileiro vai mostrar Tumultuada paixão popular
Sinceras estrofes na diferença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Naquele lindo sertão paraibano O cabra violeiro Dagoberto Vendo sua lamparina mais perto
Tenta padecer do seu desengano Em pleno momento não soberano Revendo serras nem ousa passar Faz reflexão buscando se chegar Amou Juvina sem ter recompensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
No viver famigerado das manhas Vence quem determina ser astuto Que bravamente tem sangue matuto Nas gaitadas suaves das entranhas Falta-lhes respeito nestas façanhas Um cidadão se ver num amargar
O silêncio de quem quer enxergar É fogo pungente que traz querença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Na madeira rachada duma cama Tem insônia nesta fiel cretina Causado pela pessoa Juvina
Que lhe deixou plantado numa lama Aquela que se transformou vil dama Porém, não consegue se conformar Um bobo só tem prazo pra chorar Ilusões que não se juntam sabença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Acordou cansado quase sem gosto Com trovões e chuva por todo pasto Fartura na mesa vai ter pro gasto Faz seu café e ver chegar agosto Bebe no pote matando desgosto Para ninguém ver o ódio plantar Calado, sem força pra caminhar Pediu para Deus uma licença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Como canário que não tem alpiste O moço fraco se tornou gaiola Dedilhando sua bela viola
Quem tentou fugir na frente desiste Da confusão que terrível insiste Para nunca permitir se calar
Nem mesmo falando pode zombar É se cuidar na convalescença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Velhos morrendo no clamor da peste Dagoberto no remédio do mato Sobreviver é fisgar como gato
Pra ter simpatia com Mãe Celeste Curandeira lá do gentil agreste Nas vaidades negaram conectar Tantas falas quiseram deletar
Isto é a pureza da nascença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Juvina foi certamente guerreira Que perambulou como sertaneja Por vezes sem ter tudo que deseja Tratando conversação verdadeira
Bom que se diga que não deu bobeira Nas angústias da seca lamentar
Indo tantos, outros querem largar A peleja é a mesma que prensa Quando sofrido coração não pensa
Tem problema por não saber amar.
Olhando para casa que nasceu O cheiro de bode brotou saudade Esperou voltar pra sua metade
Só que seu possível amor morreu Ela ver que quase tudo perdeu
É religiosa, vai ter que rezar Sozinha nas igrejas a penar Real finalidade da sentença
Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Nas pregações padres tendem dizer Algo que permanece na memória Os ingênuos levam na trajetória Fazem tanta gente reconhecer Toda citação tem um perecer:
- Deixem o raio solar penetrar No juízo de quem só faz louvar
Para não tolerar mais a descrença! Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Juvina é de papai moribundo
No platônico planejou seus sonhos Botou pra cima desejos medonhos Se dizendo ter aflições no mundo Para não perceber temor profundo Pratica não querer mais planejar Enfraquecendo seu modo falar Despedaçando vida bem intensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Sem ter noção daquilo que passava Dagoberto sem fé, fora de trilho Esquenta vontade de ter seu brilho Pela moça que nem pestanejava Olha pro tempo que não contemplava Enquanto Juvina neste lugar
Seu retorno é para provocar Causando paixões e também ofensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Beleza de quadril com estrutura Cantada pelos nobres passarinhos Guardava segredos dos seus carinhos Portanto, se propõe fazer loucura
Não como fez Dagoberto Ventura Que foi pros penhascos pra se jogar Diante dos riscos, nem quis pular Feito tragédia que se faz extensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Possuindo virtudes sedutora Que só lhe prometeram alegria Num recanto da sala ficaria Agarrada na porta benfeitora Afirmando de forma duradoura:
- Homens são péssimos no disfarçar Se distanciam em vez de lutar
Como manchetes de qualquer imprensa! Quando sofrido coração não pensa
Tem problema por não saber amar.
A jovem pagou sem ser prepotente Não pretendia dar satisfação Preferia botar nó na razão
Foi de vento sutil, intransigente No seu riso perspicaz ascendente Tinha medo para não desabar
Seus modos bons faziam estranhar Trazendo casual onipresença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Do desespero se faz a tristeza Quanto mais triste for vem sofrimento São torpedos dos gritos de lamento Atirados nos mares da certeza
Dos restantes gravetos da defesa Não deixaram Dagoberto lembrar De mais nada que se faça gostar Levou vantagem o Mané Proença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Juvina lhe convém ser mais esperta Flerta com Mané pra se divertir Dagoberto quis apenas sumir
Na modesta realidade certa Soletrando letra que é incerta A coragem braba quis inflamar Era macho, nem podia negar Não toparia nenhuma dispensa
Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Diante da frágil insensatez Juvina com este tal infeliz Deram a pele pela cicatriz Pisando bem fundo sem altivez Perdendo de vez toda timidez
Desta gente que falha sem tramar Não se compara, nem vai se topar Seja neste torrão, como Florença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
As idades de faixas inconstantes Andam sem construírem magnitudes O Dagoberto não tem atitudes
Destas que discordam do ser amantes Esquecer é caminho dos distantes Tem seu preço querer recomeçar Nestes traços do sensibilizar
Tem a saúde letal, hipertensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
No barro vermelho que moravam Populares derrubando tribuna Tanta quentura cedendo fortuna Palavras más se multiplicavam Os verbos frágeis continuavam Aconchegos não podem explicar Tampouco pra Terra valorizar Comunicação condiz desavença
Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Os desentendimentos matadouros Na vasta natureza se constroem Egoístas apenas se destroem Como tirar água dos bebedouros
Dos quais surgem os terríveis tesouros A mulher credita seu discordar
Nem sequer apostou reconquistar Com tanto calor, há indiferença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Quem se cala perde grandes amores Ligados num cordão sem ter guarida São compensados na tosca ferida Terão que colher os seus dissabores Cravada nas ciladas dos tremores Histórias trágicas vão recontar
Quem faz conto quer sempre libertar E deixa bela paisagem mais tensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
São livres na fuga sem tentativa Tresloucados com posturas brutais? São disciplinadamente formais
Nas lúdicas sem ter alternativa Construindo questões na subjetiva? Agregados vão poder enfrentar Processos dos atos de separar Para resgatar a bendita bença?
Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Liberdade como pregou Jesus
Os dois possuem e não compreendem Outros se perderam e nem pretendem Nesses corpos amorosos sem luz Todos carregam a pesada cruz
Como chaga que tentaram pregar No pé de si mesmo foi se travar
Só que manchados nada lhes compensa Quando sofrido coração não pensa
Tem problema por não saber amar.
Em cada recinto desprotegido Perdidos na multidão dos sermões Devotos sublimes destes sertões É carro de boi trotando zunido Dagoberto geme num alarido Fechou seus olhos para relembrar Juvina meiga querendo beijar
Precisa de pouco que lhe convença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Todas as ações serão responsáveis Nas idas e voltas deste casal
É como se tudo fosse normal Foram imbuídos dos intratáveis
Que sobram ilusões não mais palpáveis Por todos sentidos vão se rasgar
Só mesmo lástima fez habitar Fragilidade da negação densa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Cada vez mais a dupla sem expor Vai mal e no próprio passo tropeça Ter diálogo não mais interessa Sem escolha cada qual se calou
E fica remoendo do que ficou As horas longas terão que lidar
Nenhum compromisso vai reclamar Dagoberto tem a visão suspensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Ambos viviam dessas agonias Desprezam o mormaço do sereno Brigam por um sentimento pequeno Mesclando diversas melancolias Juvina no compasso das folias Retrucou tantas vezes se casar Dagoberto perde seu respirar
Na porteira verde de cor imensa Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Cristãos falantes sem dó de pecado Vegetam em milhares de desprezo Dois solitários na cela sem preso Se fazem ignorantes do passado Ostentando transmitir o recado Dagoberto necessita cessar
Tendo que ser capaz de controlar Porque é terminal sua doença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Antes da vinda da tremenda morte O Dagoberto recorda miragens
No leito final colhendo visagens Juvina proclamava não ter sorte Melhor fosse morar do lado Norte Ciente que lá não deve gritar Tentando é difícil escutar Martirizada com as incelença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
Findamos décimas deste romance Narrando fatos dessa falsa lenda
Os desencontros são chaves de fenda Furando parafuso sem alcance Dagoberto num caixão teve chance Ouvir Juvina tão linda cantar Homenagem justa de se prestar
Para viajar nos ares da crença Quando sofrido coração não pensa Tem problema por não saber amar.
FIM
João Pessoa-PB, 14 de fevereiro de 2022.
DEZ LETRAS VERBIAIS
Apagaram o ruim Bateram forte no cara Cantaram sem ter a tara Deram comer para Caim Erraram nunca por mim Fizeram desordem tantas
Gastaram verbas das santas Hostilizaram parceiro Irradiaram dinheiro
Jogaram sangue nas mantas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 2022.
O BÊBADO E O DESEQUILIBRISTA
Fiz da cana meu cantil No cantil guardei cachaça Da ginebra fiz trapaça
Na pinga gritei Brasil Meu bucho quase funil Falei pro doutor Zé Cova Em processo de desova Que mal um pinguço faz Se fingindo satanás
Sendo Deus de vida nova?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de dezembro de 2021.
“MELHOR PERDER A VIDA
DO QUE PERDER A LIBERDADE”
Da frase fiz trocadilho Pra melhor compreender Olhem que é o poder Medicina maltrapilho Médico comendo milho
- É melhor perder a vida Diz ministro da ferida
- Que perder a liberdade! É tamanha crueldade Desta mente vil bandida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 2021.
PENSAMENTO DA GENTE
Dentro da gente que pensa Há ser faminto letrado Sonhos me fazem legado Nada que tem recompensa Ser livre não se compensa Ando pensando sem ver Não faz sentido saber
Vivo para reflexão Penso na revolução
De gente que faz sofrer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 2021.
A SAUDADE DA PAIXÃO ENOBRECE O MEU PRAZER
Sou solitário pensando
E nunca sei de onde vem Essa dor que não faz bem Um lugar que vai ficando Pois eu fico aqui chorando Sem saber o que fazer Ando triste sem te ver Sofrendo meu coração
A saudade da paixão Enobrece o meu prazer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de outubro de 2020.
EU CÁ COMIGO
Sou caminho sem estrada És estrada sem caminho Sou chegada sem espinho És destino sem chegada Sou riacho sem noitada És noite sem claridade
Sou clarão sem ter saudade És lembrança sem se ver Sou visão sem ter prazer És tudo sem liberdade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 2021.
ESTOU LISO
Não vejo chegar o dia Para sentir todo cheiro Sei do teu lado faceiro E me fiz de poesia
Se sentes algo, és guia Porque te quero num riso Porém, e se for preciso Vou pôr a boca na tua Depois nós dois numa rua Brigando por eu tá liso.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de dezembro de 2021.
FRIDA
Nesse pedaço de chão Encontrei rastros de Frida Busquei minha despedida Sofrendo meu coração Maltratando vil canção Tentei sair desse lugar Impedido de saltar
Fiquei pensando no tempo Expondo meu passatempo Para Frida vir morar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de dezembro de 2021.
CATASTRÓFICO ALARIDO
às vítimas do Covid
É nesse lugar terrível
Onde habitam as incertezas Tem aumento das pobrezas Fazendo o povo sofrível Nessa ambientação horrível Que sobrevive o oprimido Morrendo com seu gemido Se contorcendo de dores Enfrentando os dissabores Catastrófico alarido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de dezembro de 2020.
CÍNICA SAUDADE
A saudade nos maltrata Assim falou meu diário Já tão velho, sedentário No risco que quase mata
Meu coração sem ter data Pulou feito saudosismo Sofreu pelo pessimismo Pensou que tudo voltasse Que diário respeitasse Mas saudade faz cinismo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de novembro de 2021.
MEU AMOR
Se por acaso meu amor Tu quiseres me encontrar Eu não posso te ofertar Nesse silêncio da dor Quem sabe ali, numa flor
Ou como a morte que espreita O coração não te aceita
E quer viajar no abraço Não duvides do fracasso Pois, comigo outra se deita.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de abril de 2020.
ESSA GLOBO
Essa Globo minha gente É o cão como pessoa Faz da vida coisa a toa Se torna tão indiferente
Num monopólio indecente Globo mexe na estrutura Mostra somente frescura Povo sem raciocínio Espécie de latrocínio
Que invade e causa loucura.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de julho de 2020.
TODA ÁRVORE DÁ FLOR E TODO CARRO TEM RÉ
Ninguém se sente culpado Por não ter grande paixão E bem menos dá razão Por nunca ter namorado Isto jamais foi pecado Gritava Dona Zabé
Que morou lá em Sapé Todo perdão tem amor Toda árvore dá flor
E todo carro tem ré.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de novembro de 2021.
O CORDEL PROSSEGUE VIVO NA CULTURA NORDESTINA
Seu moço quero contar Por favor venha pra ver Ligeirinho vai saber
O que vou poder falar Meu folheto popular No rastro da Serafina A leitura bem ensina
Como ser mais prestativo O cordel prossegue vivo Na cultura nordestina.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2021.
NOSSA REPÚBLICA
Em 1889
Nossa República se proclamou O D. Pedro II se mandou
Não por esta tal Covid-19
Mas, pela doença que nos comove A política feita de traição
Tudo pelas armas da sedução Neste país em constante conflito Advindo daquele pintado grito Faz tudo pela falsa corrupção.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2021.
MÍDIA CONSERVADORA
De tanto levar pancada Em tempo das eleições Há tantas contradições O povo dando mancada Numa grande mentirada
Mudam os nomes cretinos Com os mesmos assassinos A mídia quase canalha Desde bom tempo que falha Apoiando vãs malignos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2021.
ESCADARIAS DA PENHA
Meu pranto se torna santo Escadarias da Penha Toda doença que venha Faço dela belo canto
Eu subo sem acalanto Nossa Senhora Pobreza Pro devoto és riqueza Caminho na romaria Carregando nostalgia Nos degraus da natureza.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2021.
MOLEQUE ATREVIDO
Fui moleque atrevido Nas ladeiras do Castelo Usando calção amarelo Disse coisas sem sentido Dei tabefe nos ouvido Levei tapa no nariz
Um meninote feliz Pulei da cama contente
Provei gole de aguardente Pra dizer tudo que fiz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de novembro de 2021.
PASSARADA NO QUINTAL
No cantar da passarada Amora dá doces frutos Belos saguins ficam putos Sabiá toda noitada
Dá aquela musicada Bem-te-vi com seu capuz Fica chupando cajus Papa Capim faz atalho Pulando num gentil galho
Faz os céus bem mais azuis.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de novembro de 2021.
A BANDEIRA DA NEGAÇÃO
Dois mil e treze raiou Gente gritando sem medo Criando frágil enredo Tudo se contaminou
O ódio fez eleitor
Dois mil e quinze chegava Tudo se descontrolava Nas mágicas pedaladas Uma dessas deputadas Nas bandeiras enrolava.
Na mais profunda matéria Dois mil e dezoito, bem
O poder vai ser alguém Possuidor da bactéria
Que vem trazendo miséria Mentira será suporte Somada com tanta morte País na destruição Bandeira da negação
Tem os seus dias de sorte.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de novembro de 2021.
RESTOS MORTAIS
Guardem os restos mortais Da sua vã consciência Busque toda paciência Feito seres anormais
E não vá pros hospitais Enfrente maligna dor Pensando no que passou Hoje és a dita cura Causador dessa loucura Que te faz fluir amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de novembro de 2021.
SE GRITAR PEGA LADRÃO
Se gritar pega ladrão Vai calar o general
A fala tem tanto mal No país da corrupção É triste ver a nação
Com militares ganhando Pobreza vã alastrando Política do submundo Em cargos do vagabundo
Que muitos vem matando.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de novembro de 2021.
COVAS DESMANTELADAS
Rastros de fagulhas caem Falhas contidas lutam Criaturas enlutam
Os caixões se sobressaem Mortos unidos atraem Catacumbas visitadas Vivas são requisitadas Morrer é verbo partido
Viver tem bem mais sentido Nas covas desmanteladas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2021.
RISO DE POESIA
À MINHA TIA CAMILA BRITTO
Ser Livre, és liberdade
Em sonhos bem conquistados Pelos vossos dons cruzados.
És Livre pela saudade Tens em mãos sinceridade Colhendo tudo que planta Seu riso brando levanta, Falo desta bela tia
Feliz em são poesia
És a virtude que canta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de novembro de 2021.
QUEM MENTE FICA PRA TRÁS NO CAMINHO DA VERDADE
O meu pai sempre falou Minha mãe fez eu cumprir Tudo faz evoluir
No certo que se cruzou Semente que se plantou É colheita da bondade Da fala sinceridade Façamos cantar a paz
Quem mente fica pra trás No caminho da verdade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de novembro de 2020.
ENTRE A VIDA E A MORTE EXISTE UM BOM LUGAR DE EMOÇÃO
Quando alguém fala da vida Vou buscar o Gonzaguinha Com toda aquela ladainha Pois ninguém quer despedida Muito menos, partida
Cantando: - “O que é meu irmão?” Ele explode o coração
De viver ninguém desiste Entre a vida e a morte existe Um bom lugar de emoção.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2020.
SAUDADE ME CHEGA BEM NESSA TRISTE PANDEMIA
Nenhuma palavra soa Na cabeça momentânea
Me sai de forma instantânea Ver junto tanta pessoa
Sorri pra ver a Lagoa E voltar só alegria
Dá beijo em plena folia Quero me sentir alguém Saudade me chega bem Nessa triste pandemia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de agosto de 2020.
FUJO DE COBRA DO MATO PRA SER COBRA NA CIDADE
Conheci diversas flores No pé da serra do tempo Fiz de todas passatempo Mas, não tive seus amores Colhi tantos dissabores Neste lugar de vaidade Hoje nem sinto saudade Despeço sem desacato Fujo de cobra do mato Pra ser cobra na cidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 2022.
NÃO FAÇA NADA COMIGO JAMAIS SUPORTO TER DOR
Só imploro liberdade Para viver do teu lado
Dizes que sou mais amado Entre todos de verdade Isto me faz ter saudade Expressar todo fervor
Pra falar que é amor
É tão bom está contigo Não faça nada comigo Jamais suporto ter dor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de outubro de 2021.
DIA DO CORDELISTA
Neste dia tão bonito Preciso desabafar
Não posso, vou recitar Mas, eu darei grande grito Na força dum bom apito Lá vai longe meu cordel No clarão do grande céu Parabéns pros cordelistas Leandro fez nossas pistas Nosso lindo menestrel.
BENTO JÚNIOR
João Pessoa-PB, 19 de novembro de 2021.
DESEJO MAIS INDECISO O SONHO COAGULOU
Juntei desejo com vento E quase que me lasquei O vento já te mostrei Meu desejo foi tormento Sofre todo sentimento Juntando me fiz horror Eu só colhi frágil dor Tanto vento foi preciso Desejo mais indeciso
O sonho coagulou.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de dezembro de 2021.
NÃO SEREI BOM PERDEDOR VIBRO POR TE DERROTAR
Já botei bola de gude No mata mata da vida Já curei tanta ferida
Em perna cheia de grude Já lutei com tanto rude Nunca quis ninguém matar Sempre quis era ganhar Preciso vencer doutor
Não serei bom perdedor Vibro por te derrotar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de dezembro de 2021.
ENTENDER TODO PECADO É TER FÉ SEM ENTENDER
Brinquei subindo jambeiro Na bela Polivalente
Tanta queda vi de gente Depois era só berreiro
Bem me lembro dum parceiro Brincadeira de querer
Pois, mesmo tendo sofrer Sempre, sempre perdoado Entender todo pecado
É ter fé sem entender.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de dezembro de 2021.
TANTO UBER NA CIDADE
Procurar Aplicativos Tem motorista do Bem UBER é o que mais tem
Todos são tão bem ativos Passageiros são cativos Tem homem na direção Mulher nesta precisão Tanto UBER na cidade Deixando localidade Aplicativo Nação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.
ACORDA POVO GIGANTE LUTAR FAZ A LIBERDADE
Autor: Bento Júnior
Se o país está quebrado
Eu até que não compreendo Você fica se metendo Prefiro ficar calado
Pode até ser um pecado Desta tão humilde verdade Dentro da sociedade
Não é bom ir adiante Acorda povo gigante Lutar faz a liberdade.
João Pessoa-PB, 12 de maio de 2000.
POESIA SERTANEJA
Poesia sertaneja
Enche meu baú de fatos Faço chegar os relatos Dos poemas de riqueza Que me faz tanta grandeza Desses dramas de matuto Carregando tanto luto
Nos cordéis bem populares E repentes seculares Caboclo com seu charuto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de dezembro de 2021.
ENGENHO DO PASSADO
Num engenho do passado Vi cambiteiros sorrindo
A lembrança vai surgindo Da garapa sem trocado Levavam tanto melado Na fornalha do bagaço
A palha tinha compasso Rapadura bem gostosa Moagem mais saborosa Hoje nada disto faço.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de dezembro de 2021.
SEIS VERSOS
Com seis versos comunico Em décimas da razão
Nas falas do coração Lá na frente só explico
Dizendo que não suplico Rasgo todos adjetivos Pra tragar aperitivos
Não sou fácil como verso Nem tão menos quando peço Silêncio pros sensitivos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de dezembro de 2021.
O NOSSO GRANDE MISTÉRIO
(aos mortos)
Nascer, viver e morrer Tu nascestes numa paz Para ser moça ou rapaz Viestes para viver
Teus dias iriam ter Fiel ou ser adultério
Queimado ou no cemitério Viver para o cumprimento Alegria e sofrimento
Eis esse grande mistério.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2020.
PRESEPADA DE MENINO
Me pediram pra fazer Pau de sebo grandioso E que ficasse seboso Subiria para ver
Que tão belo entardecer Mas eu sempre escorregava A cabeça que chiava
O pau de sebo puxei Todo dinheiro tirei
Corri que ninguém pegava.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de agosto de 2020.
O CORDEL É PORTUGUÊS
NO BRASIL VIROU NORDESTE
Meu pedacinho de verso Gravado na consciência Na matéria da ciência
É cordel que já foi impresso Por favor Deus eu te peço Sou nobre cabra da peste Pois se erro não me deteste Vou dizer mais uma vez
O cordel é português
No Brasil virou Nordeste.
Tenho tanto pra contar Mas não sei se agora devo
Porque nunca eu não me atrevo Para este fato narrar
Não me deixe se gabar Feito filme em faroeste Com artista lá do oeste Eu conto de um até três O cordel é português
No Brasil virou Nordeste.
O cordel vem na Bahia Se espalhou pelo Brasil Naquela tarde de abril Ele teve seu leitor
Que leu o bom tema de amor Com ódio e muita peste
Num cordel lá do Sudeste O leitor leu mais de vez O cordel é português
No Brasil virou Nordeste.
SONHO RASGADO
Cansei jogando confete Cansei sendo coerente Cansei sendo tanta gente Cansei e isso só me compete Cansei de chamar pivete Cansei disso tudo errado Cansei povo mau tratado Cansei de viver sentido Cansei de ser atingido Cansei meu sonho rasgado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de junho de 2020
EU NÃO SOU UM CIDADÃO SOU UM ENGENHEIRO CIVIL
Eu ganho mais que você Uma mulher se expressou Defendendo com fervor Seu marido sem saber Sobe o tom para bater Nesse fiscal do Brasil Que não precisou fuzil Usando de educação
Eu não sou um cidadão Sou um engenheiro civil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de Julho 2020.
VERSO BOM QUE ENSINA
Filho de Bento e Maria
Dos Carvalhos descendentes Curtidores dos Repentes
Do Cordel e Cantoria
E assim seguindo esta via Na cultura nordestina Percorrendo a minha sina No teatro e no poema Escrevo com minha pena
O verso bom que me ensina.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de março de 2018.
VÍRUS DA DESTRUIÇÃO
Vírus que se fortalece Vírus que se diz ser forte Vírus que nos causa morte Vírus que sempre acontece Vírus que tudo aborrece Vírus que forma opinião Vírus que vem na razão Vírus que ninguém precisa
Vírus que chega e não avisa Vírus da destruição.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de junho de 2020.
QUANDO QUERO FICAR TRISTE LEIO AS NOTAS DOS JORNAIS
Tenho fé de fugitivo Quando fujo causo medo
Não guardo nenhum segredo Pra mexer meu cognitivo Mexo com o aperitivo
Me transformo em capataz Ser morador dos meus pais Montar no cavalo Alpiste Quando quero ficar triste Leio as notas dos jornais.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de junho de 2020.
INDEFINIÇÃO DE IDEIAS
Indefinições de ideias Desconsertam as cabeças Nas segundas e nas terças Cinco seres nas plateias São lobas em alcateias
Pousadas não são marcadas Viagens tão planejadas Maceió será destino
Nas confusões de menino Os seres querem estradas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de dezembro de 2021.
POBRE TEM PRO POBRE DAR E O RICO QUERENDO MAIS
Neste Brasil que nascemos Não é bom tanto poder Que faz o pobre sofrer Pois, juntos nós perecemos Não dar, não sobrevivemos No rosto pedimos paz Voltar tortura jamais
Desse jeito eu vou falar Pobre tem pro pobre dar E o rico querendo mais.
Quem não tem pode mexer Neste campo mandatário
É cura sem um lactário Tantos nem querem saber Pensando em muito ter Não há vaga nos hospitais Risadas dos generais Fica difícil pensar
Pobre tem pro pobre dar E o rico querendo mais.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de outubro de 2020.
POVO ESTÁ PEDINDO ESMOLA
E O CONGRESSO NESSE EMBALO
Nesse pedaço de chão
Onde há dentro só miséria Já matou Dona Quitéria Seu primo nome João
E o marido Bastião
Por isto que sempre falo Palavras indo ao ralo
A desgraça que se assola
Povo está pedindo esmola
E o Congresso nesse embalo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.
SOBRE A VIDA
Entender sobre esta vida
É sentir o cheiro do mar Partir querendo amar.
Saudade na despedida Nos deixa essa dor sentida, Não há o que se definir,
Se sonhar é iludir. Abraço que nos faz bem,
Fere o tempo que vai além, Nesse silêncio fingir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de junho de 2020.
NÃO NASCI NA QUARENTENA NEM TENHO LAR PRA VIVER
Só Deus sabe o sofrimento
Que eu passo nesse lugar Quero, não posso pagar Saindo me vem o tormento Bem pior que isolamento Isto me falta prazer
E se você quer saber Dessa tal bendita cena Não nasci na quarentena Nem tenho lar pra viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de julho de 2020.
NEGRO OLHAR
Quando aquele negro olhar Se fez presente na história, Houve sonhos no caminho, Quase perde o contratempo. Todos riram um sorriso
Que não se deve conter.
Cinco estradas são cruzadas, Dois encontros no destino, Olhares vislumbraram...
No prazer de negro olhar Da alma se faz coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.
CONTRADIÇÃO
Ando tristonho e calado
E quando falo não entendo
Dou riso e fico sofrendo
E assim tenho caminhado Se eu não for fico cansado Meu mundo foi de ilusão Feito carro em contramão E assim a minha tristeza Só me devolve a riqueza Vivendo a contradição.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de junho de 2020.
NÓS DOIS NO ELO DA CORRENTE
Quando o teu coração aperta
O meu está perto de ti
Eu sofro por não sentir Minha caminhada incerta Sinto na rua deserta
Em ficar de ti tão ausente Dói nesse peito da gente Te quero tanto depois Coração bater a dois
No elo de nossa corrente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de novembro de 2020.
PARA EXTINGUIR O RACISMO TOME O REMÉDIO DO AMOR
Não há motivo para ser
Indiferente questão Deixe fluir a paixão Para este teu bom viver
Na vida com mais prazer Nós vivemos tanta dor Além do que se passou No viés metabolismo Para extinguir o racismo
Tome o remédio do amor.
Ao tomar teu calmante Não terás o preconceito Poderás bater no peito Num grito feito um falante Sorrir a todo passante Perdoando com fervor Voando tal um condor Sem exibicionismo
Para extinguir o racismo Tome o remédio do amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2020.
DEDILHANDO POESIA
Tristeza que dói no peito
Faz o coração sofrer Arrebentando saber Quem sabe tem o direito
Quem não faz perde conceito Quando vem traz alegria Quando sai não contagia Cidadão que tem saudade Vive assim sobre verdade Dedilhando a poesia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de agosto de 2020.
IMPRENSA COM LIBERDADE É IMPORTANTE NA VIDA
Imprensa é combatente Abre a lauda do dever
Nunca consegue esconder O que mata tanta gente Num poder intransigente Tem que ser intrometida
E no tema dar partida No ato da sociedade
Imprensa com liberdade É importante na vida.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de junho de 2020
MALDIÇÃO QUE NÃO SE SABE
Ele não se conhece, nunca sabe
O que pensa sobre revolução Pega as armas todas da salvação E se me mete onde nunca se cabe Prefere que tudo ali se desabe Para não ser vítima da paixão
Porque ele não quer que aquilo se acabe Sabendo de algo que nunca se sabe
E na profundeza da solidão Segue o destino dessa maldição.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de julho de 2020.
O BRASIL ESTÁ MORRENDO O QUE PODEMOS FAZER?
Se essa matéria servir
Pela minha descrição Eu peço preste atenção Nunca queira se fingir Para você não mentir Agora vamos entender Porque tudo vem sofrer O que está acontecendo O Brasil está morrendo O que podemos fazer?
Nossa pergunta é esta Que fala desse país Tem gente que é feliz Seguindo até para festa Onde ela o certo detesta E nem procura saber
Se esse vírus faz morrer Com a doença vivendo O Brasil está morrendo O que podemos fazer?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.
SETE ANOS SEM ARIANO
FICA TRISTE O MEU NORDESTE
Exaltando a geração Daqueles que viveram
E também conheceram O valor dessa Nação Do Brasil, do meu torrão
De gente cabra da peste
Do sertão, brejo e do agreste Sempre falo e não me engano Sete anos sem Ariano
Fica triste o meu Nordeste.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de novembro de 2020.
CHUVA QUE TE QUERO BEM
Chuva que vem e que vai Sacode a poeira da infância Enfrenta toda a inconstância Sou filho, amigo, sou pai
Do avô a imagem não sai E esse pingo que recebo Eu menino me percebo
É chuva que espanta a mágoa Guarda comigo essa água Que na boca o gosto eu bebo.
Chuva que molha ladeira
Molhando ricos e pobres
Entre os plebeus e esses nobres Te quero por vida inteira
Ela quando vem ligeira Caindo pesada na telha Ferra mais que toda abelha Deixando a vida em perigo Só ou sonhando contigo Nas árvores dou rasteira.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2020.
OS ECONOMISTAS E VIGARISTAS
Nesse Brasil de hoje em dia Vigaristas no poder Econômico sem ser
Sem prática e teoria Naquela selvageria Colocam Brasil à venda Pra que nós todos entenda O que faz um governante
Nas mãos de tanto assaltante Que engaveta toda renda.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de novembro de 2020.
NUM MERGULHAR DE SER UMA CRIANÇA
EXISTEM RIOS NASCENDO A CADA ANO
Eu sou pisciano por natureza
Nessa água que traço o meu destino Vem daqueles bons tempos de menino Carregava comigo esta pureza
Pois, depois de grande só a certeza Deste lindo e majestoso oceano
Ao navegar cesso o desengano Embutido nessa minha lembrança Num mergulhar de ser uma criança Existem rios nascendo a cada ano.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de março de 2000.
ENFRENTANDO A VIDA
Costumo levantar cedo
Depois pôr meus pês no chão Ouvir o meu coração Carregar algum segredo
E seguir sem ter o medo E assim é o meu acordar Pensando pra me inspirar
Vejo o meu sonho ainda aceso Pois, quase que eu fico preso Saio e a vida vou enfrentar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de dezembro de 2020.
POR UMA BOA CAUSA
Um sonho podemos ter Na vida com decisão Meu sobrinho tem razão Junto dele vou torcer Colabore bem você Com Jeferson jogador Transfira Pix seu doutor Família só agradece Nosso garoto merece Seu bom ato por amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de setembro de 2021.
NÃO TEM SOMBRA NA CHEGADA
NEM RIO PRA DAR MERGULHO
Belas árvores eu tinha Cercando essa residência Guardo bem na consciência Nesta visão que é minha Quando provei bela pinha Hoje apenas um barulho
A serra num grande entulho A quentura faz morada
Não tem sombra na chegada Nem rio pra dar mergulho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de junho de 2021.
SÓ SE SABE A DOR DA FOME QUEM UM DIA VIVEU NELA!
Andando pelas calçadas Sinto grande dissabor
No rosto uma enorme dor De vidas amordaçadas Barrigas esvaziadas
Não tem nada na panela Ter comida o pobre apela Esse dilema tem nome
Só se sabe a dor da fome Quem um dia viveu nela!
Mote: Annecy Venâncio Glosa: Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de junho de 2021.
NÃO TEM SOMBRA NA CHEGADA NEM RIO PRA DAR MERGULHO
Belas árvores eu tinha Cercando essa residência Guardo bem na consciência Nesta visão que é minha Quando provei bela pinha Hoje apenas um barulho
A serra num grande entulho A quentura faz morada
Não tem sombra na chegada Nem rio pra dar mergulho.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de junho de 2021.
NO GOVERNO CORRUPÇÃO O BRASIL VOLTA SOFRER
Meu prezado bom leitor Escute que vou falar Tem verdades pra contar Resultado é pavor
Nos causando dissabor Dá tristeza por saber Tanta gente foi morrer Se gritar pega ladrão No governo corrupção O Brasil volta sofrer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de julho de 2021.
CORAÇÃO INDEFINIDO
Viver indefinição Cabeça fica doendo
O corpo quase morrendo Meu célere coração Explode tal condição Sorrir sem ter um motivo A vida me faz ativo Indefinições repletas
As situações discretas Sofro neste cognitivo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de Julho de 2021.
O SILÊNCIO DO BAIXO CLERO
Lhe reservaram direito Calado poder ficar Supremo lhe fez calar
Mas o senhor com respeito Isto causou grande feito Se calar for necessário Não se cale no plenário Responda com gratidão Senadores na razão
Tão fraco pra ser otário.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de julho de 2021.
CUPIDO
Aprendi desde bem cedo O valor do verbo amar Tentando me conformar Guardei comigo segredo Que me serviu de enredo E nunca amei por inteiro Sempre fui forasteiro Todo enredo foi tristeza O meu segredo incerteza Cupido não foi certeiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de julho de 2021.
O PODER DO SENTIMENTO
Nestas letras garrafais do pecado Estava definido sentimentos
O diabo reviu movimentos
E meu bom Deus comeu pão mal passado Um Coração traído, fracassado
O meu coração jamais me suporta Sempre pede para bater na porta Meus sentimentos são contraditórios As lágrimas, vazios auditórios
Eu penso, volto pra solidão morta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de setembro de 2020.
A CORDA QUER ESTICAR PRO BRASIL ME CONHECER
Levei pisa de chicote Pisei gramas do quartel Fiz arte sem ter pincel Bebi água deste pote Já comi tanto capote Nesse tema quis saber Botei cordel pra vender Só não posso me calar A corda quer esticar
Pro Brasil me conhecer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de julho de 2021.
QUEM JÁ TEVE ORGASMO UM DIA SABE O QUE É TER PRAZER
Eu conheço tanta gente Que gosta de pabular Conta para se gabar
No gole duma aguardente Ela fica tão contente Dizendo o que nunca fez Mente e já virou freguês Esse aí nem quero ver
Quem já teve orgasmo um dia Sabe o que é ter prazer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de julho de 2020.
TRADIÇÃO LITERÁRIA
A Tradição Literária Poesia Popular
Zé da Luz veio contar Na formação libertária
Nos sons de ser operária Neste cordel brasileiro
O poeta é festeiro Nos viés da tradição O poema cidadão Faz jus à educação.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2021
QUANDO NOSSO OLHO NÃO VER OUTRO QUER VER E NÃO SENTE
Quando paixões tomam conta Que o cabra se desespera Logo se torna uma fera
E seu erro somente aponta Sua dor também lhe afronta
Lhe deixando mais que ausente Se vendo como indecente
Se vocês querem saber Quando nosso olho não ver Outro quer ver e não sente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de agosto de 2020.
VOTO IMPRESSO
O meu ilustre Brasil anda pra traz Com esta baita desinformação
O nosso eleitor em contradição Terra onde quem manda é capataz Governo no poder não satisfaz
É bem melhor fazer décima em verso Por uma melhor nação me interesso Pra o povo ser muito mais feliz
A fome assolando nosso país Porém, só se fala no voto impresso.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de agosto de 2021.
ARTISTA SEM LEI
Quando meus sonhos se vão Sou poeta vil sem lei Quando mato qualquer rei Sou xadrez sem coração
Na madeira da canção Sou poeta pecador
Vez em quando me fiz dor Dou xeque-mate na morte E faço cordel de sorte
No vício de ser ator.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de outubro de 2021.
CHARGE
Nas charges de pura vida Vi teu retrato ferido
Um nariz desconhecido Soube que és protegida Sem ter prazer, tem má lida Segue sem nunca se ver Sofrendo pra não saber Seu rosto sujo traduz
A cor de ódio da cruz Sua charge sem viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de novembro de 2021.
PULSAR
Do coração fiz pedaço Da cabeça fiz imagem
Deste sangue dei coragem Desta vida dei compasso Deste corpo vi meu passo Das artérias eu sangrei Nas veias desesperei
Tive centenas de vidas Todas elas recolhidas
No pulsar que não deixei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de novembro de 2021.
DEPOIS DESTA EXPERIÊNCIA
Depois desta experiência Nunca mais quero viver Lá na frente irás saber Como foi nossa ciência Vista pela incompetência
Nunca mais nós passaremos Como nós sobrevivemos
O país ser devastado Tanto ódio desgarrado
Pra mudar o que sabemos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2021.
PUREZA
Dentro dela tem pureza Pura como lutadora Luta, quer ser a pastora Dos rios e da grandeza Vivente da natureza Ela representa paz
Se diz que é incapaz Criar ódio na serpente Domesticar aguardente E beber o que não faz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2021.
TERRA QUE CONTAMINA
Vela para quem morreu Pra clarear solidão Porque neste coração Há um que já pereceu Em covas de quem viveu Na pandemia cretina Desta frágil assassina
Vela pra quem mais precisa É o vivente que pisa
Na terra que contamina.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2021.
ENTRE MORTOS SOBREVIVO
Silêncio vida cruel Neste dia dos finados Onde corpos enterrados Pensam chegar ao céu
Mas, chegam neste cordel Exposto no meu barbante Em busca de declamante Cala-se quem está vivo Entre mortos sobrevivo Como povo num calmante.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2021.
MORTOS MASSACRADOS
Hoje, dia de finados
Meus avós nos cemitérios As covas em adultérios
Expõem os restos guardados Destes mortos massacrados Na cretina pandemia Melancólica agonia
Do poder sem ter noção Faz da morte vil opção Defender melancholia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2021.
SESSENTA PÉS NA ESTRADA
Sessenta pés na estrada Seis ponto zero na vida Poeta, arte merecida Caminha na cavalgada Na ideia da alma lavada
São seis dezenas de planos Nos erros, sonhos e danos Poesia tem história
Que carrega na memória Nestes belos verdes anos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2021.
TILÁPIAS
Pescam nos sonhos noturnos Tilápias grandes num lago Em profundo vil estrago
Com seus enormes coturnos Mostram riso pros soturnos Cessam a melancolia
Nas noites de nostalgia Frágil barco se jogou
Nas águas não mais pescou Tilápias da fantasia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de janeiro de 2022.
GRIPE BRABA DOS SEISCENTOS
Gripe braba dos seiscentos Estraga minha cabeça
Por favor, desapareça!
Não trema meus movimentos Nem faça ter sentimentos Gripe tampando nariz
Me diga que foi que fiz? Não preciso de remédio Para te matar de tédio Só pra te ver infeliz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 2022.
FEITO GATO DE VIZINHO PISEI TELHADO COM JEITO
Tentei de toda maneira Escapulir do perigo Ainda por cima te digo Foi preciso dar carreira Culpa da gata faceira Que me doou todo peito
Fez grande nó sem desfeito Fisguei como passarinho Feito gato de vizinho Pisei telhado com jeito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de janeiro de 2022.
PROBLEMA MECÂNICO
No mecânico dali
O meu carro quis ficar Pois, logo chegando lá Tanto defeito surgir Não tive como fugir Amortecedor e freio
Vazamento, tanque cheio Foi barra de direção
Óleo na calefação Neste carro de passeio.
O problema me chamou Como sendo quase sonho Juro que fiquei tristonho No meu peito tive dor Naquele grande valor
O meu carro tão fraquinho Tantas vezes ligeirinho Radiador sem ter água Nosso dinheiro deságua
Tem que mudar o banquinho.
O mecânico falou
É despesa pra fazer Nem sei como me conter Frágil acelerador Fumaça tem no motor Meu cinto de segurança Roubando toda finança Velocímetro não presta Um técnico logo testa
Pobre da minha poupança.
CONQUISTEI SONHOS PESADOS NO PASSADO DOS MEUS SONHOS
Ser patife de vanguarda Ter pesadelos sem sono Pensar ser o rei do trono Correr em trilha pautada Saber sem saber de nada É relembrar dos medonhos É perceber os bisonhos Renascer dos arrasados
Conquistei sonhos pesados No passado dos meus sonhos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de janeiro de 2022.
NÃO PRECISARÁS DEPOR
Não precisarás depor Se não tens o que dizer És para nós um sofrer Pra tantos és estopô
Que satanás nos mandou Nós queremos se livrar
E também questionar Tá difícil, tá ruim
Não ter flor nesse jardim Pro mundo saborear.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de fevereiro de 2022.
SOU FÃ DE SI E DE MIM MESMO
Sou fã de si e de mim mesmo E sendo assim posso ser Divisor de mim pro mundo
E do mundo com você.
Sou fã de si e de mim mesmo Nesta vida sou prazer
Tenho liberdade sempre Pra mim ouvir sem saber.
Sou fã de si e de mim mesmo Porque sonhar é viver
Os mal resolvidos são Aqueles que vão bater.
Sou fã de si e de mim mesmo Porque me amo, podem ver Mas, amo o tempo tão pouco Que levo desde o nascer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de fevereiro de 2022.
RESQUÍCIOS E PITACOS
Reflexos da existência o nascimento Mentiras da vida esse enfrentamento Loucuras da sombra o sinal da cruz Resquícios da luta o nome Jesus Pitacos da mulher a criação
Vestidos da paz nossa salvação Correndo da estrada essa caminhada Fugindo da floresta a passarada Valores da televisão a novela Falações da moça essa passarela Palavras da amiga essa mesquinhez Métodos da mãe toda a solidez Matérias da senhora essa doutrina Mistérios da cova nossa má sina Saudade da casa essa alta lembrança
Dormidas da cama essa grande herança.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de agosto de 2020.
A DOR DO AMOR
Não quero ser um poeta do amor No amor não cabe toda minha dor Não quero ser um poeta da dor
Nessa dor eu nunca encontro esse amor
E esse amor sucumbe as dores Distancia os dissabores
E nos preenche de amores Criação livra os temores
O amor é o resultado da dor
Que contrapõe o destino dos atores Que interpretam a dor desses amores Nesse palco da vida existe o amor.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de junho de 2020.
A GRANDE BOMBA DO PORTO
O Beirute explodiu
Por culpa desse nitrato Fertilizante caiu Amônia serviu o prato País Líbano no caos
Nesse momento insensato O porto todo quebrado
Me diga: Foi ou não atentado?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2020.
A MULHER DO PORTO
A Mulher do Porto Dandara do riso Cabelos no vento No seu movimento
As luzes dos mares Essa liberdade
O seu sentimento Nesse sofrimento
A Mulher do Porto Seu viver sagrado Velas que chegam Segredo guardado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de setembro de 2020.
VOCÊ NÃO SABE
Você não sabe o que sei Do que sei você não sabe Tudo que sei eu não contei Nessa cabeça não cabe
Do que sei você não sabe Tudo que sei eu não contei Nessa cabeça não cabe Você não sabe o que sei
Tudo que sei eu não contei Nessa cabeça não cabe Você não sabe o que sei Do que sei você não sabe
Nessa cabeça não cabe Você não sabe o que sei Do que sei você não sabe Tudo que sei eu não contei
Do que sei você não sabe Você não sabe o que sei Nessa cabeça não cabe Tudo que sei eu não contei
Nessa cabeça não cabe Do que sei você não sabe Você não sabe o que sei
Tudo que sei eu não contei
Tudo que sei eu não contei Você não sabe o que sei Nessa cabeça não cabe
Do que sei você não sabe
Tudo que sei eu não contei Nessa cabeça não cabe
Do que sei você não sabe Você não sabe o que sei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de novembro de 2020.
A GRANDE PERGUNTA DA PARCELA AO DECASSÍLABO MUSICAL
“Que País é este?” A frase instigou A burguesia fede, ele falou
“Pode ser o País de qualquer um Mas não é com certeza meu País” Livardo explicou, tanta gente diz O que Cazuza armou nesse Brasil Não foi covarde e nunca fugiu Está difícil hoje ser feliz.
A arte ganha sentido na política
O que fazer com essa nossa crítica? Foi bem preciso esta frase completa Moribundos chegam a quase cem Este País é terra de ninguém
O vírus vem da imensidão de rede Eles fogem, a justiça dá sede
No poder há o mal, somos vintém.
O decassílabo de Livardo Alves Parece muito querer dizer
A parcela de Cazuza reflete Versos amarrados feito confete Corrói a terra esse maligno poder.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de agosto de 2020.
A SOMBRA D
Ao lado do meu cajueiro, Fecho os olhos meditando no
Meus olhos ardendo em febre, me
A cabeça perambulando me fez ser pa Não tenho como fugir desse país ocidenta
Abro meus olhos e me sinto sendo um bom e Daqueles que riem achando que tudo é normal Entretanto, nesse quintal, sou um sozinho brasileiro Pronto para curar a dor nesse calor tropical
Foi embora aquela febre pela sombra desse cajueiro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de setembro de 2020.
A VALSA DE UM LOUCO
Dancei essa valsa do tempo No tempo de tanta espera Eu feito um louco varrido Um pouco bem escondido Quando percebi um espelho Eu me vi num tom vermelho
Sendo eu uma tremenda fera Que nunca se desespera.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de novembro de 2020.
A VERDADE TÃO SOMENTE
De profunda importância Fatos acontecidos
Um ente dos mais queridos Sucumbir pela ganância
Dos que possuem ignorância A dor que nos causa saudade Que tentou perdoar a maldade
É aí que se encontra a grandeza Mesmo no campo de toda incerteza O que importa é somente a verdade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.
ÁGUA NO FOGO
Autor: Bento Júnior
Água no fogo pra fazer café
Me faz um chamego no pé do umbigo Rodo na rede e faço cafuné
Você que faz tudo em nome da fé Tomo meu café e vem o castigo Boca tão doce te faço mulher
Rolo na rede não quero parar Você sorrindo não pensa sofrer Café esfriou não vou mais tomar
Chamego tão bom que nem vou contar A mão passeia sem você saber
Tomo café na rede a balançar.
João Pessoa-PB, 26 de junho de 2020.
ALEXANDRINOS CORAÇÕES
No coração do poeta tem um abrigo
Que vai sucumbindo as maldades desse mundo Eu sozinho me despenco na ribanceira
E não me sinto cansado num sol profundo Tiro o alforje no meu peito de viajante Dividindo todo espaço com vagabundo
Na cabeça de poeta existe segredo
Que tira da cartola o sonho mais fecundo.
No peito ardente que não se abate no tempo Mora o silêncio de viver qualquer pecado Poeta é peça que faz o movimento
Nessa ladeira obscura de todo passado Nesses tempos de crise a frase é de paz E vivendo sozinho não é fracassado
Ele sobrevoa as mentes dessas perguntas Respondendo de ímpeto mais que fechado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de julho de 2020.
ANDO DEVAGAR
Ando devagar sem forças nos pés
Que vão cruzando a montanha das crenças Quando penso vejo todas doenças Estampada no rosto dos fiéis.
Não acredito que eu morra sem ter visto Esse pôr do sol que é forasteiro
Faço meu símbolo de desordeiro
Que trai a pátria se dizendo ser Cristo.
Vou sucumbir os desejos do meu eu E partir sem rumo, em busca de cura Não vejo futuro e também bravura Que se atrapalha desde que nasceu.
Minha doença é frágil bondade Não me fará mal enquanto viver
Meu passado obscuro nunca quer ver E vai percebendo a vida a maldade.
Vou devagar nas estradas vazias Penso voltar quando estiver curado Minha sina me deixa revoltado
Não volto para os braços das Marias.
A igreja que eu frequento se diz santa Determina a minha própria atitude Entrego na religião a saúde
E esse dízimo que apenas espanta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de setembro de 1989.
ATRÁS DAS GRADES
Misteriosamente arrependido O bom menino saiu a reclamar
Na reclamação se ouvia verdade E sua verdade era desmentida O tal guarda não quis acreditar Pois preferiu matar o menino
Hoje esse menino serve de exemplo Das lutas em que todos nossos guardas Estão se refletindo atrás das grades.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de julho de 2020.
AUTOAFIRMAÇÃO
Eu zerei meu estoque de sentimento E fiz da minha vida um labirinto Construí tantos degraus de tormento
E mostrei o caminho desse meu instinto Falei pra mim que sou feito momento
E de paixão confusa nada sinto
Se me encontro num triste movimento Saio firme cantando e assim, eu minto.
Minto que se envolver é ilusão
E não aceitando sonhos, me defendo Na defesa eu alivio o coração
Posso assim a ter tudo que pretendo Há em mim um não querer emoção E quando a razão chega, logo atendo Nem gosto de pensar em ser canção Porque no fundo tudo vai morrendo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de novembro de 2020.
BEATIFICADOS
Beatificados aqueles que acham Beatificados aqueles que amam Beatificados aqueles que batem Beatificados aqueles que bolem Beatificados aqueles que cabem Beatificados aqueles que lambem Beatificados aqueles que mentem Beatificados aqueles que morrem Beatificados aqueles que movem Beatificados aqueles que nascem Beatificados aqueles que olham Beatificados aqueles que querem Beatificados aqueles que riem Beatificados aqueles que saem Beatificados aqueles que servem Beatificados aqueles que surgem Beatificados aqueles que traem
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2020.
BOMBA ATÔMICA
Na melancólica praga no Oriente Um piloto voava feito um capeta
Deixando Hiroshima na fumaça preta Nagasaki grita alto com a serpente Num tiroteio captado pela lente
Olhos vidrados numa forma anatômica Que estraçalhava com a força econômica Os Japoneses nesse ato desastroso
Faz imperialista vitorioso
Contando os óbitos dessa bomba atômica.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.
BOTE ESSE OZÔNIO PRA LÁ
O quê? Ozônio? O que é isso? Nunca ouvi ninguém falar Oh! Mas, que diabo, pense!
Eu não vou me acostumar.
Por onde querem botar Nunca entra nada, só sai Deixe de falar besteira Pois desse jeito não vai.
O ozônio somente atrai Essa promiscuidade Deixa o sujeito sem vida Triste na sociedade.
Amigo bom, é verdade Não queira me dá ozônio Bote esse bicho pra lá
Que não vou abrir meu sinfrônio.
Tá espiando seu Antônio O que eles estão dizendo? Não vou usar da safadeza
Só porque alguém tá querendo.
Está até parecendo Coisa desse satanás
Que não tendo o que fazer Pensa botar lá atrás.
A gente nunca tem paz
É numa guerra constante Empurrar sem piedade Falando que é calmante.
Esse povo é falante
E só sabe esculhambar Dizendo que o tal ozônio Vai sim, o Covid curar.
Meu Deus do céu, vai pra lá Pois deixe desse pantim
O meu fandango é sério Deixe quieto o bichim.
Seu menino, sendo assim Prove esse ozônio você Bote bem dentro do bicho Fique rindo de prazer.
Nem quero disso saber 12
Seu real significado
Sei dizer que isso não cura Te deixa é mais lascado.
CAIXA DE MARIBONDO
Bem plantado na pequena palmeira A caixa de maribondo pousou
O seu dono parece não dormir E certa feita pra mim ele olhou
Com um sorriso eu lhe cumprimentei Cheio de centena de um louco medo Fui rapidamente me ausentar
E quis logo saber qual o segredo.
E naquela volta vi que eram dois Numa espécie de grandes protetores E novamente essa bondosa dupla
A chamei de meus ilustres amores.
Por que essa recaída, tão jeitosa Se todos só queriam te ferrar?
Pelo contrário, o poder ferra mais E os moradores eram do lugar.
E naquela folha muito frágil Fiz sugestão para esse coletivo
Subir mais um pouco, além dessas folhas E gostaram daquele corretivo.
Os maribondos ficaram sorrindo Como a querer a minha companhia. Eu, ali com medo, tremendo, pulei Feito uma tanajura em agonia.
Todos os dias dou minha passada E sinto os maribondos tão felizes. A nossa vida tem cada coisa, heim?
Porque nós não passamos de aprendizes!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de julho de 2020.
CAPOEIRISTA
Nesse três de agosto viva o capoeirista alegrar seu rosto
no passo ritmista.
Todo dia tem festa brasileira
é também folclore a nossa capoeira.
Atabaque toca viva berimbau girando pipoca como carnaval.
Capoeirista tem no corpo gingado ele dança bem no sapateado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.
CIBERNETICAMENTE
Ciberneticamente pus meus pés no riacho E a água fria me fez renascer na epopeia
Eu tomei o líquido bom e avistei a grande ideia De fazer da viagem o que nunca me encaixo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de julho de 2020.
DESSE GOVERNO NADA SE ESPERA
O governo federal depois das atrocidades Pega criança e vai fazendo discriminação Numa profunda e tão famigerada aberração Agora pede à volta às aulas nas maldades Esse governo das mentiras, esconde verdades
Meu pulso não pulsa nesta falta de competência Intolerância desconhecendo toda a ciência
É o Brasil virado de cabeça para os pés Sendo só aclamado por tão bem poucos fiéis
Que carregam na testa a falta de uma inteligência.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de setembro de 2020.
É DE SE LAMENTAR
Viver de se lamentar Nos fatos acontecidos
Um ente dos mais queridos Sucumbir pela ganância Que possuem ignorância
E vivem dessa incerteza E assim penso na certeza Dos que ver no coração A dor sem definição Perdoando essa maldade
Aí se encontra a grandeza.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.
ELEIÇÕES 2020
Confisco destrambelhado Meu mundo desmantelado Político atrapalhado
Um bêbado abestalhado.
Eleição voto comprado Eleitor com delegado O povo subordinado Poder desclassificado.
O voto estando lacrado Santo foi escamoteado Candidato pau mandado Vendedor quase lascado.
Pedinte sacrificado Bordoada de um soldado O lombo todo riscado Justificar seu pecado.
Meu poema endireitado Na esquerda ficou jogado Riem do amaldiçoado
Faz povo ficar dopado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de novembro de 2020.
SE VOCÊ DIZ QUE ME AMA
Se você pensa em mim Eu não penso em você Se você diz que me ama Querendo aparecer
Eu digo que não te amo Você já vai saber.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.
TANTO FAZ COMO TANTO FEZ
Tanto faz como tanto fez Tanto fez como tanto faz As oito sílabas em cena
Que vão falar da guerra e paz Se você disse que eu não presto Eu não presto para você
Se gosto de ficar em paz A guerra só me faz sofrer
Você só me trouxe essa guerra A paz você já se esqueceu Onde terá sido que eu errei Diga o que foi que aconteceu?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.
MATEUS TRABALHADOR
No condomínio de luxo paulista
O preconceito na bruta ignorância O entregado de aplicativo sofre Vendo naquele a total arrogância
A pele do branco entrou na questão
O Mateus não deu nenhuma importância.
O trabalhador atento ouviu Malignos do poder capitalista
É isto que comprova esse desprezo Dessa gente que tem sangue racista Usando as cores da nossa bandeira Se vende ao mau do imperialista.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2020.
ENVOLVENTE
Ele era tão inteligente
E tinha um olhar decente Nunca fez mal pela gente Viveu nesse continente Pensou assim amargamente Foi de forma intransigente Este homem meio contente Ficou mais tarde demente Tirou dos olhos a lente
E jogou fora a patente
Não se lançou mais à frente Pois, bebeu sódio e solvente Foi caindo assim de repente Pra viver matou serpente
E tomou só aguardente Deixou alado a sua mente Pronunciou ser contente Mesmo indo a indigente Ele era tão inteligente.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2020.
EROS ERECTO DO PRAZER
Entre beijos e os abraços Me condeno por pensar
Que esse teu beijo mau dado
É a causa dum abraço Bem meigo que vai atingir Os nossos divinos seios.
Por enquanto Duas línguas Vão roçando Vislumbradas Nesses olhos
De quem presencia essa grande cena E encena o anseio do nosso pecado
De tocar o sexo
E nesse bom âmago Desse grande gozo
Debruçar os braços entre beijos e abraços Que camuflam durante uma porção de tempo.
No momento duas feras Contracenam na penumbra
De um silêncio saciando o prazer Do nosso fazer por sentir prazer.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de maio de 1986.
ESTAMOS PERDENDO A PACIÊNCIA
A pandemia sucumbindo vidas
Pula os degraus da nossa consciência Enfraquecendo todos os sinônimos Quem fica perde toda paciência
A doença vem somente mostrar Neste mundo esta tal intransigência Pobres comendo o pão desse destino Pela falta do saber da ciência.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2020.
EU E VOCÊ
Eu e você, só você e eu
Nós dois quase complicando Digo: Nem quero saber
Eu e você, só você e eu O amor é um bem maior Eu preciso tanto ver
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de novembro de 2020.
EU ME DESESPERO
Meu Deus, não pensei que eu fosse passar Por toda confusão que estou passando
A nossa cidade deu um pulo atrás Com muito atraso se confirmando Se corrermos o bicho pega, eu sei
Olhe essa decisão que estás tomando.
A escolha é mais do que complicada E o seu voto deu empate, zero a zero Entre dois, um será nosso prefeito Sufragando num candidato, espero João Pessoa em plena pandemia
Revendo o que passei eu me desespero. Voto no caboclo que é Cícero.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de novembro de 2020
POETA FÁBIO MOZART
Fábio Mozart, gente fina Deste que se dá um nó Arranha gato em comeeira E dorme em dia de sol Faz barata popular
E pastor ficar pior
É primo de um tal Ameba Que mora no cafundó.
Fábio Mozart completa ano E o cabra nem quer saber Abusado como sempre
Mas não consegue esconder Sua grande plantação
Faz a arte fortalecer Um poeta criador
Mais de sessenta viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de outubro de 2020.
FACES
Eu beijando sua face
O telhado acima me olha Toda ele bem cuidado
O vestir todo se molha...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.
FIM DOS TRABALHOS
Quando o sono vem chegando Que a mente fica fingindo
A vista toda escurece A tecla vai permitindo
O cansaço invade o corpo O sonho já se desponta Meu olhar de perde na tela Meu deitar logo me aponta
Tentando sair desse abismo Talvez quem sabe um poema Rasgo a propaganda lida Risco qualquer do problema
Preciso sair, já é tarde Para assim e vou pra cama Sinto peso e a criação Saio para minha dama.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de agosto de 2020.
GOL DOS ABRAÇOS
Meu riso é bom e faço No riso eu me desfaço Neste futebol dos traços
Driblo sonhos, dou um passo Entre corpos e melaços
Faço gol, vou pro abraço.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de julho de 2021.
ILUSÃO
Viver Sorrindo Silêncio Do Tempo É vida Aberta
No sonho Ficar Feliz.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de novembro de 2020.
IRÁS PARTIR SE HOUVER PASSAGEM
Eu passeando de trem Eu passeando de ônibus
Nessas trilhas dessas matas Nos mergulhos nesses rios Viajando de navio
Eu voando pelos céus
Em tudo há uma passagem Sem ela não vais partir
É como essa vida é
Nós estamos de passagem
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.
Nome, João Alberto Silveira Freitas Quarenta anos, morto por asfixia Prova as análises iniciais
Numa mais profunda patifaria Foram dois seguranças de cor branca
Que este homem brutalmente mataria.
Os assassinos tiveram prisão De forma preventiva decretada
É o pobre lutando contra o pobre Pra vida burguesa mais abastada Esse capitalismo é selvagem
Vida humana quase não vale nada.
BENTO JÚNIOR
João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2020.
JOÃO GRILO INVOCA A SANTA
Me valha nossa senhora Senhora da conceição Me livra do purgatório Do fogo da inquisição Me livra nossa senhora Do pecado e a ingratidão Me valha nossa senhora Senhora da conceição.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de março de 2016.
LAVA JATO
Nunca mais leve seu carro à lava jato Porque não se tem palavras para dizer Nem tampouco somos críticos desse fato Somos vítimas, disso podemos saber
No veículo a sujeira, nada de trato Ficou mais sujo que só vendo para crer Há neles a revolta com todo aquele ato Lhe fazendo somente tentar desfazer.
O que pensávamos daqueles lavadores Que chegaram para acabar a corrupção
Mas não, foram eles mesmos os condutores De fazer acontecer a contradição
Não lavando carro nenhum desses senhores Deixando grande vácuo nessa escuridão São eles mesmos os malditos destruidores Que brincaram com nossa Constituição.
Eles não combateram nenhuma lavagem Muitos carros deles deixaram sujeira Jamais aconselhamos a triste roupagem Que tentou moralizar com sua torneira
Corja transparência usando uma boa imagem Fazendo a clientela que é estrangeira
Optar pela perda até mesmo da embreagem Além da podridão que ficou na ladeira.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de julho de 2020.
MENINA CHEIA DE ONDA
Menina cheia de onda Me diz logo o teu nome Tu moras nesse morro Ou se passasse fome?
Menina cheia de onda Me dizes o que queres Se tu ficas comigo
Ou aos outros preferes?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de novembro de 2020.
MEU AVÔ
a meu avô paterno, Ascendino Paulino
Meu estimado avô Chamado Ascendino Fez parte de mim Deste meu destino Carregando em vida Feito um bom menino Andando na feira Lendo bons cordéis Ouvindo repente
Meu avô eu aprendi Para a eternidade.
Rosto de bondade És meu avô querido Nas recordações Sinto as emoções Para a eternidade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de outubro de 2020.
MEUS ÓCULOS EM HENDECASSÍLABO
Meus óculos embaçados de sujeira Retirados sem a minha permissão,
É que estou em estado de uma brincadeira, Penso que tudo não passa de ilusão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de julho de 2020.
VIAJANTE DO TEMPO
Cabisbaixo vou sorrindo Seguindo essa longa estrada Canto nas belas campinas Dando uma grande risada Esse riso me incomoda
Não consigo ver mais nada.
Eu sou aquele caminhante Que vai num ritmo profundo Pra tantos: É o futuro!
Os outros: O vagabundo! Por onde tiver caminho
Eu vou avante nesse mundo.
Sei dos percalços do tempo E sabendo eu continuo Com tanto brilho no rosto Tudo que quero concluo Eu viajante das horas Meus dissabores diluo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de abril de 2020.
MISTERIOSO VIVER
Autor: Bento Júnior
Uns querem viver cantando Outros não podem cantar Vivem somente pagando Outros não podem pagar
Viver reserva segredos Todos incompreensíveis Cidade em fúlgidos medos Ficam irreconhecíveis
Esse viver encoberto Dizendo ser esotérico Veem o mundo deserto E você fica colérico
Nós quase apocalípticos Nesse tão desconhecido Uns são feitos cabalísticos E você tem merecido
Uns são muito intrigantes Outros poucos sigilosos Tomam aqueles calmantes E ficam bem perigosos
No sonho incompreensível Tudo é indecifrável Percorrendo o indefinível Surge o ser inexplicável
Pois, quase tudo enigmático Nesse hermético viver Tentando ser carismático Enquanto existe prazer
Eles querem ver o escuro E apenas estão no mundo Nunca percebem o obscuro Perdem o saber profundo
Carregam os seus objetos Que só servem aos cultos Colocam os seus dejetos No místico dos ocultos.
João Pessoa-PB, 29 de junho de 2020.
NEGACION
Quem nega tem Então procure ap Negar o que não se Na minha mente não
Estou pagando pra ver
Essa tal de negação
Faz o mundo estremecer Negando todo problema Não tentar compreender Dá um riso de vaidade Negar da sociedade
O direito de entender
NEGRO OLHAR
Quando aquele negro olhar Se fez presente na história, Houve sonhos no caminho, Quase perde o contratempo. Todos riram um sorriso
Que não se deve conter. Cinco estradas são cruzadas, Dois encontros no destino, Olhares vislumbraram...
No prazer de negro olhar Da alma se faz coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de setembro de 1989.
NESTE DIA DO SURDO
Relembrando vinte e seis de setembro Dia do surdo é comemorado
A Língua Brasileira de Sinais Dá o mote para ser comentado
Nossas escolas trabalham a Libras É um sonho que me deixa inspirado O poder político gera código
Vai deixando tudo desinformado.
Nosso surdo e mudo possuem Libras Para o seu inicial entendimento
A nobre Fonoaudiologia
Brilha a luz para este encaminhamento Capitalistas não sabem sinais
Das vidas que fazem o movimento Falam "deficientes auditivos"
E são eficientes no atrevimento.
Neste Dia do Surdo nossa alerta Ao Sistema da destruição
Que faz o descaso com a saúde Corrompendo viés da educação Na luta, na fala e no viver vil Ouvimos os lamentos da Nação Libras muitas, faz-se necessárias Para sabermos o que é aflição.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de setembro de 2020.
NO ÍNTIMO DO INTIMISTA SOFRE O ÂMAGO DO SEU INTERNO INTERIOR DO EU
Eu nunca me sinto triste Estou decepcionado Nunca falei que me odeio Me sinto desanimado.
Estou enjoado de mim
Por que eu tenho que esperar? Futuro sem esperança
As coisas vão melhorar?
Nunca me sinto um fracasso Satisfeito ou aborrecido
Eu tenho tanto prazer Eu posso até ser punido.
Não encontro prazer real
Eu estou com problemas, sim? Me sinto sempre culpado Crítico em relação a mim.
Me culpo por minhas falhas Choro mais que o habitual Não tenho mais apetite Como se fosse normal.
Não fico mais irritado Quase o tempo todo choro O ego vai se transmutando E eu por dentro me devoro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de julho de 2020.
Bati por vezes na porta saudade
E querendo me fiz ser dos pequenos Nunca quis fazer sucesso por menos Tentei viver sem qualquer crueldade Olhando para dizer a verdade.
Corri por setores inadequados Até machucar o meu pesadelo Roubei sabendo devastar apelo
Vaguei por caminhos ultrapassados Através de todo meu desmantelo Livrei sentimentos amordaçados Horrendos ficaram petrificados Observando que fazer pra detê-lo.
Desta forma sou preciso no tempo
Enquanto desperdiças passatempo.
Leiam tudo que é para leitura Imaginando somos escritores Mantenham os charmes sem ter loucura Amamentando fatídicas dores.
Façam versos e não queiram as rimas Ingratos viveres sempre se vão Lendo doçuras no trem do vagão Hostilizando males da paixão
Ou todos valores te contaminas.
DÉCIMA NONA
Meu compadre Zé Preá Não me canso de falar Eu sou filho de João
O tal primo de Seu Abdias Que mora bem acolá Próximo ao Riachão
Nas terras de Malaquias Não sei mas o quer que faço Vivendo nas agonias
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de agosto de 2020.
NOSSO PAÍS NÃO POSSUI RACISMO! ONDE MORA ESTE VICE PRESIDENTE?
Com a linguagem obscura Responde este subalterno Engravatado com terno Nunca percebe a loucura Pautada na criatura
Que usa da maledicência Por falta de inteligência No Rio Grande do Sul
Guardas de um tal Carrefour Matam pela Consciência.
Em Porto Alegre, que bela cidade A violência ser tornou manchete Negro não teve no dia o confete Perdeu sua vida só por maldade Naquele supermercado covarde É a história do ser intransigente É a guarda muito incompetente
E alguém diz nesse falso moralismo
- Nosso país não possui racismo! Onde mora este vice presidente?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2020.
O EFEITO DO DEDO NO ORIFÍCIO SELVAGEM
Eu peço que nunca queiram me interrogar Que não quero lembrar dessa história de dedo Vou guardar comigo este bem grande segredo Nunca será tão fácil eu me acostumar
Porque de fato me faz mal até pensar
Aquele grande homem de branco bem vestido Fez o papel de um cabra muito atrevido Pegou seu polegar na grande sacanagem
O efeito do dedo no orifício selvagem
Me deixou um tanto envergonhado e entristecido.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2020.
O POLÍTICO NA POLÍTICA
Estranhos sorrisos de frangalhos políticos Dominando o mundo inteiro desses farrapos E contaminando os sonhos dos libertinos Encontra a resposta deixando todos trapos.
Políticos da plebe ferem os princípios Determinando o calar dos sobreviventes Conseguem num pouco tempo suas desordens Implantando a má febre nos homens decentes.
Religião é o ópio, anuncia o Marx Deixando o político em total divergência
E as guerras frágeis aconteceram no tempo Destruindo os inventos, atacando a ciência.
Capitalistas se dilaceram na terra
E explodem nas classes menos favorecidas Porque essa política não fez bons políticos Sucumbiu o desejo de todas as vidas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de julho de 2020.
O RISCO DE VOLTARMOS ÀS AULAS
A volta às aulas vai dar o que falar Congresso parado, existe alguma pressão? Deputados e senadores, qual a opção?
Vocês são pagos, voltem para trabalhar. Nossas escolas não pararam de estudar Professores, alunos e comunidade
Eis aí a grande responsabilidade.
Se voltarmos agora sem tomar vacina Iremos todos numa eventual chacina Transmutando este vírus na sociedade.
BENTO JÚNIOR
Professor de Rede Pública de Ensino
VIAJANTE DE OUTRORA
Nessa valsa repentina dos tempos Botei o chapéu e me tornei cidadão Dancei tango na Cidade Moscou
E toquei baião no Afeganistão Conheci o folclore de toda Ásia Pisei na terra do Rio Jordão.
Direto ao Egito numa eleição
E vi o império escravo se libertar Eu falei com Moisés sem seu cajado Ganhei bom tempo e fui atravessar Aquela imensidão de Mar Vermelho
Nem cheguei no meio e já quis voltar.
Voltando de Moscou fui encontrar Com Cesar em Roma se embriagando Tomando a cana que faz no Brasil Com a Cleópatra cansada e olhando Direto pro cara que lavou as mãos
Para aquele homem que andava lutando.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2020.
VAI DAR CORDEL
Eu sou cordel me diz poeta
se aqui tem meta o quer que faço?
Escrevo frase falando o bem o que se tem palavra laço?
Aqui sorrindo devo ficar para espreitar Um riso traço?
No meu cordel faço o poema busco esse tema nesse fracasso?
Mudar a rima que contamina esse papel
vai dar cordel.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.
O TREM QUANDO APITA
O trem apitou na sua chegada tão serena Rasgando todos aqueles meus sonhos de criança Que faz voltar a marca de toda aquela lembrança E ainda me recordo do acontecer daquela cena Eu negro do sol e você uma linda morena
Eu não vi ali no vagão nenhuma felicidade
Pois deixei comigo um grande pedaço de saudade Que divido com todos, e esta é a nossa vida
Uns chegaram e outros vão tão cedo dar a partida Nesse trem sem lugar, mas despertando liberdade.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de agosto de 2020.
OS MALES E OS ARREPENDIMENTOS
Sofrendo males arrependimentos
Não consegue entender a humanidade Dizendo conhecedor dos direitos Assume toda a falta de verdade
E assim o país vai entrando no caos Não entendendo sua sociedade.
É enganado e esta é a questão O Brasil aniquila os oprimidos E garantindo a desordem diária
Fica faminto para os ressentidos.
Não há problema nesse poder central É mistério desse ressentimento Pobre sofrendo vai tendo doença
E morrendo faz mais um sofrimento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de agosto de 2020.
OSTRACISMO TARDIO
Tendo como exemplo os péssimos governantes Não há como termos sossego nessa existência Eles te roubam toda a tua consciência
E tu entras no mundo dos lúdicos errantes Viajando pela podridão dos falantes
Nunca conseguirás ter paz num só momento E haja desarmonia que vem sofrimento Governar não ficou para nenhum fascismo As consequências te levam ao ostracismo
E teu voto servirá de arrependimento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2020.
POEMA SEMANAL
Segunda-Feira chegou Tantos viveres sem truta Coma muita verdura Também serve para fruta.
Terça-Feira já chegou Mais um dia que é bento Louve porém sua vida
Em cada qual do momento.
A Quarta-Feira chegou É dia de reflexão Alívio às nossas almas
Paz pro nosso coração.
Quinta-Feira já chegou Nossa é só trabalheira No rosto nosso sorriso Vai dando baita canseira.
A Sexta-Feira chegou Até que nós merecemos
Descansar é mais que bom Nós todos te pretendemos.
Sábado bate à porta Finda-se a nossa semana Nossos olhos querem ver Toda luz que nos emana.
TANTA GENTE SE FOI
Tanta gente se foi, meu grande Deus Deixando dentro da gente esse mundo Falo de Ednaldo, também Dona Cleide, Luiz de Barros, também Seu Raimundo.
Tantos se foram, um grande vizinho Notícia do dia, um pai nos deixou Quantas amigas se foram, eu sei Doença que o mundo inteiro pegou.
Que melancolia assola o país No descaso, na contaminação
Sofrem corações grandes e bondosos Falta muita luz na escuridão.
Tantas almas boas, se vão meu Deus Antônio, o nosso querido Raminho O silêncio pairando nesse tempo
O mormaço estreitando este caminho.
Não há motivo para cantar o riso Muitos estão pulando esse muro Os que ficam vão lutar pela vida Os que se vão deixam todo futuro.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2020.
PÉS LIVRES
Nesses livres versos que escrevo Me encontro atordoado
Sinto meu corpo inteiro Muito mais que machucado
É que a televisão mostrou Muita gente sendo despedida
Correm moleques pelas calçadas Com tanto amor nessa vida Chora uma mãe de família
Que tentou até ser atrevida
Morreu um dos filhos dela Unha e carne com a polícia Que nos finais das contas Era o chefe maior da milícia
E assim nessa desordem social A imprensa capta toda malícia
Se serve do capitalismo em vigor E depois dão tiros na razão fictícia
Mas, o fato que tanto nos atormenta Estava ainda querendo acontecer
É que essa mãe também veio morrer Com um salário que ninguém aguenta Tendo o mínimo não se sustenta
Ela traficou ópio pro ricaço
Só ouvimos gemidos de estilhaço Gastou o lucro para sobreviver
E todo morador veio esconder Sendo vítima de todo fracasso
Os maconheiros da vila
Tiveram que deixar aquele lugar Com medo dessa forte onda
Que veio somente para barganhar
Um bom trago na maconha
Que aliviasse a fome das favelas Mas lá não é terra de segurança
Vi pessoas sem nenhuma das costelas Arrastadas pelas ruas esburacadas Sem ninguém dar um pio por elas
São as violências urbanas em que se vive Servindo de dados em desfiles de passarelas.
POEMA AOS MARIBONDOS
Eu fui de costume ao quintal Linda folha de palmeira no chão Olhando ao redor e nada vi
A caixa era de partir coração.
Todos os maribondos fugiram Foram voando para outro lugar Busquei por toda essa minha visão Era querendo somente encontrar.
Bateu uma profunda baita saudade Foi quando aquela cena percebi Aquela humilde e modesta morada Pois, deixaram o maribondo cair?
Os nossos amigos se mandaram Estou plantado, sem pensar fiquei Vendo aquela folha sem sua casa Por dentro não me contive e chorei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de novembro de 2020.
POSSESSÃO
Por quanto tempo eu tenho que ter ainda Pra alimentar desejo saciado?
Quanto tempo ainda pretendo fugir Se o desejo não foi realizado?
Sofro com tudo e nada vou fazer, Se faço algo não consigo encontrar,
Quando me encontro me jogo no abismo. É difícil querer acreditar!
Tenho mistério que foge ao tempo. Quando voo me solto pelo mundo, Não me encontro e nada posso parar Nas entrelinhas do ódio profundo.
Quanto tempo preciso recompor Se nada tenho para dividir?
O que possuo é pouco pra os meus E sendo meu só fazes possuir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de novembro de 2020.
POVO PEDINDO ESMOLA
E O GOVERNO NO EMBALO
Num pedaço de chão Onde há dentro a miséria Morreu Dona Quitéria
E seu primo João E o marido Tião
É por isto que falo Vidas indo pro ralo
A desgraça se assola
Povo pedindo esmola
E o governo no embalo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de agosto de 2020.
SEMVERGONHICE
Hálito de cafeína Beijar a minha menina Saciar toda esta sede Balançando nesta rede
Deus do Céu nos ilumina.
Ela quer semvergonhice
Ah! Meu Deus se ele subisse Eu ia direto aos ares
Te amava por entre os mares Imaginem quem me disse?
Foi aquela cigana louca Meio assim com a voz rouca Que explicou bem direitinho É tão bom fazer carinho Sem ter que beijar na boca.
Que vontades nesta fé De provar do teu café Nesta rede a balançar Sem ter medo de ficar Agregado em ti, mulher.
Esse tempo é bem curto Você pode ter um surto
Pois, sei que não vou dá conta A cabeça quase tonta
Não é parte desse furto.
Eu sentei e fiz uma prece
E ela me disse: Se apresse! A rede se arrebentou
Ela então se conformou
QUAL SERÁ A MINHA COMISSÃO?
Se tiver de ser, será
Esse meu coração em prantos Documentos regulares
Os povos irregulares
Da moça perdese encantos.
Nesse poder que atropela Se tiver de ser, será
Se defender sem defesa Na flacidez da fraqueza Deixa tudo como está.
Advogados nesse pátio Eles ditam o conceito Alterações de finanças chorando como crianças Todos querem o direito.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 2020.
RESPEITE POR SER MULHER
Pra mamãe diga que sim O que não falou pra mim Vá contando mesmo assim Se você assim quiser
Olhe bem a seu redor Não deixe nada pior Fazendo o que é melhor Respeite por ser mulher.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.
QUARENTENA DOS RABISCOS
Os rascunhos e rabiscos Rabiscos, tantos poéticos Que são modelos estéticos Muitas frases e riscos Bebidas todas as tardes Portanto, nada de alardes Comendo os bons petiscos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de julho de 2020.
QUEM TEM CARTEIRA NUNCA PRECISA MOSTRAR QUEM DÁ CARTEIRADA QUER MESMO SE EXIBIR
Nesse Brasil que nós vivemos no momento Tem gente que faz questão dessa insensatez Ser tolerante há tempo perdeu sua vez
A sociedade hipócrita num tormento Consegue levar alguns ao sofrimento E assim existe terreno pra lei infligir
Num país sem méritos no grande porvir Onde da bondade não há como se esperar Quem tem carteira nunca precisa mostrar Quem dá carteirada quer mesmo se exibir.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2020.
RECORDAÇÃO DE MENINO
Liguei a vitrola e botei Um elepê de cantiga Fechei meu olho e viajei
Belas canções fui ouvi Eu não resisti e chorei O passado fez surgir
Eu me vi como criança
No meu tempo de estudante Naquele olhar de esperança
A música num instante Fez lembrar aquela dança Naquela escola elegante
Eu era tão bem pequenino Que fui no Itororó
E sonhei com o destino
O ritmo mental deu nó De velho passei a menino E recordei meu xodó.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de novembro de 2020.
REDONDILHA MENOR
Acho que cheguei Será que parei?
Você procurou?
Nada não encontrou?
Chegue, por favor...
Tudo agora achei.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de junho de 2020.
QUASE
O meu amor quase chegou Pra falar de entendimento
Já que eu me chamava Bento Tenho signo abençoado
E lavo sempre o que sobra O meu pai pede licença Minha cabeça não pensa
Se um dia eu for encontrado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.
QUEIXO CAÍDO
Compraram aquela máscara E se esqueceram de usar Ela ficou bem no queixo
E veio a se complicar.
Aquele dono exigente Gastou muito dinheiro Pra ter a máscara bela
Pra mostrar pro povo inteiro.
Seu queixo ficou caído E esse vírus infiltrou
Deixando mal aquele homem Que a doença lhe pegou.
E assim termina esse causo De quem dava proteção Pois ela ficou no queixo
E levou ele pro caixão.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de julho de 2020.
QUARENTENA POÉTICA
Eu nessa casa escrevendo Escrevendo só lições Lições de tantas escritas Escritas das emoções
Emoções desse escrever Escrever contradições Contradições é o tema Tema das nossas razões
Razões que sempre nos prendem Prendem qualquer ser humano Humano que não tem pátria Pátria desse desengano
Desengano, mas poético Poético da poética Poética quarentena Quarentena alteridade
Alteridade de vidas
Vidas que vão e se isolam Isolam na criação
Criação que me consola
Consola o lado poeta Poeta que vive em cena Cena de cada palavra Palavra que não envenena.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de julho de 2020.
MORRERAM MAIS DE CEM MIL
Oito de agosto chegou A notícia se espalhou
Morreram mais de cem mil Lugar de nome Brasil
Dois Mil e Vinte é o ano Famílias num desengano Chorando pelos seus mortos Xingam o poder dos tortos Hoje esse número assusta
A vida quanto nos custa? Virose dita de fraca Somente esse pobre ataca.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2020.
CIDADÃO DOS FURTOS
No veneno social que sucumbe Perco o desejo de ser cidadão Nas vontades adversas ao meu eu
Que me faz revolta em contradição
E nessa onda de roubos e dos furtos Meu pensar é um vício nessa espreita Quando durmo ninguém me acordará Nesse dissabor que não se respeita.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de julho de 2020.
ENTRE O HOJE E O VIVER
Hoje
Bem cedo Me ocorreu
Que ele explicasse Não houve explicação Fiquei bem indignado
Mas matei dentro de mim.
Procurei toda resposta E juro não encontrei O que é que eu faço Esse meu jeito
Se sou assim Viver
Hoje...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de julho de 2020.
POEMA REFLEXIVO QUE FAZ DOER AS LÁGRIMAS DE PAI
A dor que invade os poros de emoção Deixa-me melancólico em pensar Penso nas vezes que te acalentei Tudo me faz cada vez mais amar
Amo minhas filhas, e assim percebo Feito a tua mãe que durante meses
Que ostentou no ventre somente espera Pra chegar mais feliz muitas vezes
Cada foto que vejo cai uma lágrima Que sai pela casa e penso em vocês Tempo das brincadeiras, do balanço Para amar- lhes, não contarei até três.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2020.
ENCANTOS DE ANSIEDADE
Todas nossas palavras guardam encantos Enquanto essa espera emerge o saber De nunca aquela palavra saber.
Toda ocasião do agora
Reflete o espectro desse ontem.
Sonhar é sempre importante Mesmo que esse nosso sonho Nos encontre atordoado.
Quanto mais e mais alguém Mais e mais um coração
Vai se afastando do amor.
Onde caminham os nossos sintomas Habitados em cada um dos neurônios?
Odiar seria o caos Para toda ansiedade
Buscada nesse silêncio.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de agosto de 2020.
HUMANOS MISTÉRIOS
Pitágoras estuda matemática Newton ver a maçã da consciência Lavoisier nosso mestre da química Einstein na física tem paciência Descartes vive nesse mundo físico Darwin é biólogo da ciência.
Marx escreve sobre filosofia Paulo Freire avança na educação Nísia Floresta grande feminista Cecília cria os versos de paixão Viola regra esses jogos teatrais Isabel grita por libertação.
Nosso Jesus Cristo profetizando Maomé tem o seu livro sagrado Buda de joelho vem suplicar Para ninguém inventar o pecado
Kardec chega e vai seguindo gritando Que Tereza o viu reencarnado.
Entre os mistérios da pura existência Sartre proclama a nossa vil saudade Dom Pedro nos viés da dose dupla Mostra para Portugal a maldade Hipócrates se vestindo de médico Fala a Ana Néri pra ter liberdade.
A Rainha Elizabeth pega o bastão E faz Moisés ser mais pesquisador Shakespeare suporta o Boal
Que promete ser o bom construtor Desses modernos edifícios cênicos Onde Niemeyer organizou.
Zumbi é presidente do quilombo Palmares é a nação negritude
O Domingos Jorge Velho procura Feito bandeirante sem atitude
Todo senso comum formando crença E o império vivendo da inquietude.
A completude dessa raça humana
É a mandala de um grande hemisfério Nunca houve segredo entre a vida e a morte Bebemos na fonte do cemitério
Gente morrendo vai ser estudada
E ninguém desvenda o grande mistério.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de julho de 2020.
INDECISÃO DE UM INDECISO
Autor: Bento Júnior
Não era isso que eu queria lhe dizer Não era isso que eu queria lhe fazer Não era isso que eu queria lhe bater Não era isso que eu queria lhe meter Não era isso que eu queria lhe vender Não era isso que eu queria lhe ceder Não era isso que eu queria lhe dever
Sempre foi isso que eu nunca te pedi Sempre foi isso que eu nunca te cedi Sempre foi isso que eu nunca te menti Sempre foi isso que eu nunca te bati Sempre foi isso que eu nunca te senti Sempre foi isso que eu nunca te fingi Sempre foi isso que eu nunca te assumi
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de junho de 2020.
TE QUERO POR LOUCURA
Quando eu te conheci por questões ambientais Me fiz guardião do meu próprio segredo.
Caminhei por entre pedras e me fiz admirador Do meu próprio e singelo medo.
É a vida que carrega tons, na música dos meus sons E os ouço a tarde, noite ou pela manhã bem cedo. Vivo tão ambientado que me faço desconhecido
No conhecido que existe em ti, alegra meu arvoredo.
Eu te quero por loucura, mil abraços e ternura A cantar sob a espreita desta linda criatura.
Sou pedaço de silêncio gravado na memória Dessa tua estraçalhada e meiga doçura.
Não sou isso ou aquilo, sou eu querendo você No mais terno e simples aconchego,
É você que brilha a face da minha espera Quando saio, quando fico e quando chego.
Eu te quero por loucura Nesta boca que doçura
És meu segredo nesta altura.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de junho de 2020.
MALDIÇÃO QUE NÃO SE SABE
Ele não se conhece, nunca sabe O que pensa sobre revolução Pega as armas todas da salvação
E se me mete onde nunca se cabe Prefere que tudo ali se desabe Para não ser vítima da paixão
Porque ele não quer que aquilo se acabe Sabendo de algo que nunca se sabe
E na profundeza da solidão Segue o destino dessa maldição.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de julho de 2020.
MALDITO SISTEMA, SISTEMA MALDITO
Autor: Bento Júnior
maldito sistema causando problema é feito um dilema
um drama em cinema
poder que nos mata pira e desacata
nó que não desata quando o mal acata
só brutalidade trazendo maldade na sociedade
que jura verdade
sistema maldito viver em atrito muito conflito
eu solto meu grito
João Pessoa-PB, 29 de junho de 2020.
MEUS CÃES, MEUS GRITOS
Autor: Bento Júnior Antes triste do que nunca
os meus olhos se debatem,
numa tristeza profunda todos os cães em mim, latem
esse latido apavora e saio feito zumbi,
pois, quando penso em voltar o mundo quer consumir
todo o meu ser que se agita bem sabendo do que quer, se canto francês na China ou discrimino essa fé
que faz o povo sofrer sem ter uma solução, começa então debater e morre numa aflição
de sair sem ter um destino porque essa volta é cética, e não sabendo o que faço acordo e leio a Poética.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de junho de 2020
O ANO SE ACABA
o tempo depressa passa tal qual uma frágil taça estraçalhada na praça
e eu, pobre e simples mortal escapulindo do mal
vou completando de sal
bebo e tudo em mim desaba gira o meu chapéu pela aba no século que se acaba
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 2000.
O PASSADO E O PRESENTE
O passado tão presente Aponta o futuro incerto Pois, percorrendo caminhos Achome mais bem correto
Sou fissurado em bons sonhos E não acho nada ser certo.
Vivo nos ares do tempo Sou passageiro do trem Adoro olhar a paisagem Falar com qualquer alguém Perder de vista esse amor Deixando o vício ir além.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.
PÉ DE IGUALDADE
Vivendo num grande hospício Vencer esse sacrifício
Deixar o tempo correr Datar em ata o viver.
Chorar o seu choro quente Parar e nunca ir à frente Perder sem ter compromisso Bater e sendo submisso.
Vidas em pé de igualdade Mundo na desigualdade Mulheres bravas constantes Homens vivendo inconstantes.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de julho de 2020
PEQUENAS COISAS
Autor: Bento Júnior
Nas vidraças da janela Tantos vestígios de insetos Formigas trafegam livres
E besouros são incorretos
Percebemos saguins no alto Com banana no cajueiro Debaixo de uma palmeira Maribondo desordeiro
Construiu casa com a garantia Seus amigos muito protegidos Olham assim meio desconfiados
E pensam que somos desconhecidos
Um bem-te-vi canta forte e desperta Por nunca saber do que ali se passa As folhas caem e vão respirando Vendo Seres Vivos aqui sem graça
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de junho de 2020
DIREITO CONSTITUCIONAL
Autor: Bento Júnior
Ouve-se um dos acusados Calado ele continua Nunca querer falar nada Por que muda sua boca?
João Pessoa-PB, 29 de junho de 2020.
QUASE MEIA NOITE
Quase meia noite Família na cena Em mim um açoite Eu digo, que pena Ainda é a noite Penso nesse lema Viver pelo açoite
Quando o mundo encena Ainda é a noite
Chega meia noite Sem nada de açoite É esse dilema Viver nesta noite Esperando a cena Dos fogos no açoite
Abraço e um problema O nosso ano novo
Sou digno, és plena Chegou meia noite Soluça esse povo.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 2000.
SENTIMENTO
só uma coisa acelera
o meu sentimento de homem que maltrata o pensamento
e isto é tudo que tenho
olhando pela janela
o coração desmantela
e o trem da vida atropela
acelera sentimento faz pulsar o coração
sentimento de mim mesmo
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de junho de 2019.
SETE MINUTOS
Os minutos são eternos no que sou Porque somos a espera de minutos E os minutos são distantes de nós Eu preciso destes sete minutos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 09 de junho de 2018.
SOCIEDADE DE PORTAS ABERTAS
sociedade das portas arreganhadas
e sem escrúpulo nenhum na condução mediocridade das ações incorretas manipuladora do ser a tradição.
João Pessoa-PB, 27 de junho de 2020.
SIGO NA PAZ
Autor: Bento Júnior
estou sorrindo você calado eu canto bem ficas irado saio correndo e não te vejo
quando te encontro você só finge
o fingimento mais arrebenta arrebentado sigo na paz
João Pessoa-PB, 28 de junho de 2020.
ANDARILHO
Nós somos andarilho E poetas errantes Voando como pássaro Cansado de cantar
Subindo grandes árvores Admiro ser pessoa Viajando, voltando Revendo sentimento Não vem dentro de mim Busco no mais efêmero Estragos temporais Neste viver hostil
Nós somos andarilho E poetas errantes.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de junho de 2018.
MEU PAI ME DIGA O QUE FAÇO?
Oh! Meu pai me diga o que faço? Tudo que faço é fracasso Fracasso do lado de cá
Fracasso do lado de lá.
Meu papai teu filho te quer Eu gosto tanto de mulher Minha mãe já sabe quem sou Eu quero falar pro senhor.
Oh! Meu pai me diga o que faço? Tudo que faço é fracasso Fracasso do lado de cá
Fracasso do lado de lá.
Eu já sou também crescidinho Quero ser o seu queridinho Como fui em toda fazenda Treinando com mamãe na renda.
Oh! Meu pai me diga o que faço? Tudo que faço é fracasso Fracasso do lado de cá
Fracasso do lado de lá.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 15 de junho de 2017.
COMO UM FILHO DO CÃO VEIO NASCER
Bento Júnior
O Diabo lá do inferno Sem ter nada o que fazer Foi no mato buscar lenha Pra o Capeta se entreter Uma cabeça de vaca Sozinho pegou a mexer Fogo subia paredes
Pra Satanás não morrer Aquele caldeirão enorme Depressa logo a ferver Botaram bem dentro dele A folha de mussambê Falaram que o resultado O mundo ia conhecer Seria o pior político
Que veio aqui aparecer Demônios correm ligeiro Porque precisavam ver O Cão chamado de Bobo Quis tudo dali saber
O Lucifer deu um pinote E botou tudo a perder Ele pegou a lagartixa Fazendo tudo espremer O sangue da coitadinha
Chegou logo embranquecer Jogou dentro desse fogo Pra todo mundo comer Matou duas jararacas
E começou a contorcer O resultado depois Um corpo sobreviver Estava tudo tão podre Naquele imenso feder Tudo dentro da panela Até para o amanhecer A terra de cemitério
O bicho foi pra escolher Pois botou com água suja Ele mesmo foi beber Fumaça corria mundo Tudo fez escurecer Daquela simples ideia Nascia péssimo ser
Que seria um presidente Que nunca iria saber
Como se governa mesmo 75
Sem bondade oferecer.
João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2010.
O PODER DO VÍRUS DO PODER O PODER DO VÍRUS DO PODER
Nessa triste pandemia que vivo Encontro um Poder sofrendo e perdido
Não entende o momento e nem o porquê Sem projeto nada é permitido.
Combatendo o Coronavírus fala:
- À famosa distância social! Mas o Poder quer aglomeração
Vai achando que tudo isso é normal.
A OMS recomenda pra todos Que se busque o total isolamento
O Poder tem na mente a economia Deixa uma parte em total sofrimento.
Decretos assinados são confusos E não respondem às indagações
Sofre o desempregado sem dinheiro Presos em miseráveis condições.
Os Poderes falam tanto das máscaras Mas todos estão quase mascarados Pensam em salvar os empregos de antes Acostumam a serem fracassados.
A TV serve de grande espetáculo E o número das vítimas aumenta
Nunca se importam quem vão aos milhares O fracassado poder nos atormenta.
O que fazer com tantos empecilhos Que rasgam os limites da ciência?
O mundo inteiro soube do seu tempo No Brasil caminham na incompetência.
João Pessoa-PB, 30 de maio de 2020
MENTE REVOLUCIONÁRIA
Acredito ser possível Possivelmente nós acreditamos Nada será impossível
Desta forma todos nós juntos vamos A revolução das mágoas
Os nossos olhos com águas
Para sermos vida nós precisamos.
A luta é o que nós almejamos Haverá possibilidades, sim Nossa cabeça será nossa luta Nosso viver sem jardim Flores são dilaceradas Pessoas desesperadas
Resgataram dos túmulos o Caim.
Meus versos são munições Cantados por multidões
Não será preciso ter violência Precisamos respeitar a ciência Revolucionários do país
O que você mesmo diz Perdemos a paciência.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 2021.
VELHO BASTO
Se você anda cansado
e ainda não se aposentou, faça como o velho Basto típico trabalhador.
Acorda às dez em ponto e não consegue sofrer,
por mais que o mundo lhe tente ele nunca quer saber.
Velho Basto é sujeito que tanto jovem queria, pra mentir não leva jeito, é que a sua formação
foi bem regada a um bom dia, alegrando o coração.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2020
POEMA DOS MOTES
Numa pequenina sala Eu sonhava beijando ela Senti a força de viver
E fiquei pensando nela Meu coração bate forte Te vendo dentro da cela Não sei mais o que fazer
Montando em burro sem sela.
Vivo triste nessa casa Só perdendo a paciência Já cansado desse tempo Só tenho fé na ciência Olho para todo lado
E só vejo incoerência
O meu amor tem uma chama Que leva à indecência.
Quem chora sabe que sente Quem ver não sente quem é Se esse amor fosse pecado Não teria mais mulher
Meu coração faz mistério Que não respeita nem fé Toda árvore dá flor
E todo carro tem ré.
Eu tiro onda sem saber Conquistando as criaturas Ao haver um falatório
Ha fumaça nas alturas A liberdade da espera Provoca doces loucuras Na mesa minha tristeza
E sobre esse chão, canduras
Nunca é tarde em começo Pra dar fim o que restou Quando só penso em voltar Sinto falta do teu amor Longe de quem a gente ama É sofrer calado a dor
Parece que o tempo voa Quando lembro o que passou.
A sombra do meu cajueiro Faz tão bem pro cafezal Não tem problema dizer
O que só nos causa o mal Entreguei milhões de flores
Para sofrer no hospital 79
Amigo que tem segredo
É um viver infernal.
TROVAS DE UBER
UBER faz todo trajeto Lhe dando mais garantia
Tem farra, tem segurança Seja noite, qualquer dia.
Deixa por onde tu vais Te cobrando bom valor Combustível está caro Carro guardado ficou.
Faça boa companhia Dentro do transporte bom Curtindo toda viagem Ouvindo também um som.
O motorista já sabe Qual será o teu trajeto A rota já foi marcada
Todo mapa vem correto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.
O DENGO DE QUITÉRIA
Deixe de fazer dengo nessa idade Deixe de confusão sem precisão Deixe de sorriso sem ter verdade Deixe de ter paixão sem coração...
Ando tão descrédito com nós dois
Não sou mais o mesmo nessa matéria
Ando por tantos antes e depois
Não gosto de ver dengo de Quitéria.
Quitéria deixe de dengo
Não torça pelo flamengo
Cante se preciso for
Dance até o sol se pôr.
Quitéria que falsidade
Seu fingir não tem saudade
Quitéria cadê bondade?
Seu gostar só tem maldade.
Vivo sem crer neste nosso romance
Prefiro silenciar todo lance
Nas posturas apontadas
Nossas visões são abortadas.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de janeiro de 2022.