... e a sua mortalha foi um pedaço di céu
Airam Ribeiro
Nos escombros foi enterrado
Naquele prédio que caiu
O corpo não foi encontrado
E o espírito então saiu
Meio zonzo e sem mortalha
Atravessou a muralha
E depois ninguem mais viu.
Sem túmulo e sem nada
Nos destroços e farelos
Não achou nem a arcada
Somente o pano amarelo
Talvez da camisa rasgado
De um corpo esfarelado
Perto de um par de chinelo.
E seu espirito coitado
Vagando pelo infinito
Andando atordoado
Meio sem jeito e aflito
Andando de léu em léu
Vestiu com o azul do céu
Em meio aos seus conflitos.
Mas O nosso Deus nao falha
E acudiu o espirito errante
Que teve o céu como mortalha
Em seu final itinerante.
Que ele agora no além
Encontre por lá um alguém
Para ter um final triunfante.