O VAQUEIRO

O vaqueiro trabalha muito

O dia todo no sol quente

Depois de guardar o gado

Vai tomar sua aguardente

Não teve tempo pra nada

Nem para palitar os dentes

Desse jeito meu Deus

Vai findar muito doente

O vaqueiro não visa

Receber grande salário

Tendo farinha e rapadura

Ele fica conformado

Seu grande desejo mesmo

É viver tangendo gado

Vê o seu patrão feliz

No seu suor derramado

O vaqueiro é diferente

Do trabalhador da cidade

Para ele não importa

O tempo da sua idade

Quanto mais fica velho

Ele tem mais capacidade

Pra tanger a grande boiada

Fica ainda, com mais vontade

O seu patrão porém

Lhe explora o tempo inteiro

Não paga um bom salário

Nem PIS e décimo terceiro

Vive sugando o infeliz

O coitado do vaqueiro

Só lhe oferece trabalho

Em vez de um bom dinheiro

A velhice quando chega

Na vida do vaqueiro

Não pode mais trabalhar

Deixa de ser ligeiro

Sem casa pra morar

Lhe falta saúde e dinheiro

É botado para fora

Como se fosse um estrangeiro

É triste a situação

Do final do vaqueiro

Na propriedade que morou

Passa a ser forasteiro

É botado para fora

Bem rápido e ligeiro

Pra não morrer de fome

Vai pedir esmolas o dia inteiro